Em fevereiro, a cidade de Feira de Santana teve um aumento exponencial no número de assassinatos. Em menos de 24 horas, a cidade registrou seis homicídios. Os crimes aconteceram nos bairros Campo Limpo, Gabriela e no distrito de Humildes. Dentre eles, três pessoas de uma mesma família, pai, mãe e filha, foram executadas a tiros dentro de casa no bairro do Campo Limpo, no último domingo (27). A motivação foi vingança.
As vítimas foram identificadas como Pedro José Correia dos Santos, de 36 anos, Jéssica Souza da Cruz, 28, além da filha do casal, Maila da Cruz Correia, de apenas 11 anos. Elas foram mortas em cômodos da casa diferentes. Segundo a Polícia Civil, o motivo do crime foi vingança contra Pedro José, que tinha passagem por tráfico de drogas e violência doméstica. Os outros dois filhos do casal estavam na casa no momento crime, mas não ficaram feridos.
Na segunda-feira (28), dois presidiários foram mortos na Rua Flamengo, no bairro Gabriela. Willian de Jesus Santos Silva, 24 anos, e Paulo Marcelo de Jesus dos Santos foram mortos por disparos de arma de fogo deflagrados por três homens que estavam a bordo de um veículo. Ainda na segunda-feira, no distrito de Humildes, um homem, ainda sem identificação, foi assassinado a tiros hoje por volta das 17h.
O coordenador da Polícia Civil em Feira de Santana, delegado Roberto Leal, afirmou que o aumento da violência na cidade neste mês tem como maior motivação o tráfico de drogas. “Outro movimento que causa a preocupação das forças policiais é a quantidade de mulheres mortas. Percebemos que essas mulheres infelizmente acabam migrando para o tráfico”, diz o delegado. Segundo ele, isso acontece porque os companheiros dessas mulheres ou foram mortos nas disputas pelo tráfico ou foram presos. “E assim elas acabam assumindo essa função que era do companheiro”, explica o delegado.
A Polícia Civil contabiliza 30 homicídios no mês de fevereiro de 2022 e um aumento em relação ao mês de fevereiro de 2021, onde ocorreram 27 homicídios. “Foi um aumento de 11%. Precisamos fazer o combate imediato ao tráfico de drogas, responsável por essas mortes. Vamos continuar com as operações que são feitas pela Delegacia de Homicídios (DH) e pela Delegacia de Tóxicos e Entorpecentes (DTE) em relação aos responsáveis por essas execuções”.
Ele destacou que a cidade teve situações preocupantes, como o triplo homicídio citado anteriormente. A polícia já tem o indicativo de autoria em vários desses crimes. “Em alguns desses crimes do mês de fevereiro já foram representadas prisões preventivas. Estamos aguardando a conclusão desses procedimentos. Mas há a autoria em vários desses crimes”.
Coronel Adalberto Piton, comandante do Comando de Policiamento Regional Leste (CPRL) - Foto: Foto Edvaldo Peixoto
Já o Coronel Adalberto Piton, comandante do Comando de Policiamento Regional Leste (CPRL), disse que o crime oscila de forma sazonal. “Tivemos o mês de janeiro com uma redução boa. Fevereiro foi o mês em que tivemos um aumento de 3%, muito embora, em relação ao ano de 2021, estamos com uma redução em Feira de Santana no global de 17% e uma redução de 16% em relação a toda a região do Comando Leste”, afirmou.
O coronel destacou ainda que o homicídio é um crime muito difícil de se prevenir porque o indivíduo que quer cometê-lo planeja e aguarda a melhor oportunidade. “O duplo homicídio de que houve no bairro da Gabriela tinha alguém com tornozeleira eletrônica. Isso mostra uma relação de pessoas que já passaram pelo sistema prisional. Estamos trabalhando, junto com a Polícia Civil, para estudar esse momento de aumento e desenvolver ações e operações com cumprimento de mandados de prisão para que consigamos manter os índices no nível suportável”, disse.
A estratégia da Polícia Militar é intensificar o policiamento nas áreas que eles sabem que são mais susceptíveis a ocorrer esse tipo de crime, contar com a denúncia da população pelo telefone 181 e fazer as conexões das áreas que são mais críticas com os dados que a Polícia Civil tem. “E ocupar. Fazer um policiamento ostensivo. Mas precisamos lembrar que não conseguimos evitar um homicídio que ocorre dentro de uma residência. É um fenômeno que precisamos discutir mais e a PM é apenas uma peça dentro dessa engrenagem complexa”, explica.
Para se ter uma ideia, lembra o comandante, foram feitas importantes apreensões de armas esse ano. Já foram recolhidas 60 armas das ruas. Em 2021 foi feita a apreensão de 1107 armas na região do Comando e 424 armas em Feira de Santana, ressalta o coronel Adalberto. “Isso demonstra que a polícia intensifica suas ações, mas o crime não depende apenas disso. O crime é um fenômeno social multifatorial e a PM vem tentando fazer a parte dela. É necessário que outros segmentos também nos ajude nesse processo”, finalizou.
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