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Mundo Privações

Segundo Unicef, 417 milhões de crianças enfrentam privações severas em países pobres e de renda média

O número representa uma em cada cinco crianças nos 130 países analisados.

21/11/2025 07h54
Por: Karoliny Dias Fonte: Bahia Notícias
Foto: Arquivo / Fernando Frazão / Agência Brasil
Foto: Arquivo / Fernando Frazão / Agência Brasil

Um relatório divulgado pelo Unicef nesta quinta-feira (20), Dia Mundial da Criança, mostra que 417 milhões de crianças em países de baixa e média renda vivem em situação de pobreza multidimensional severa, ou seja, enfrentam privações graves em pelo menos duas áreas essenciais para seu bem-estar, saúde e desenvolvimento. O número representa uma em cada cinco crianças nos 130 países analisados.

O estudo Situação Mundial das Crianças 2025: Erradicar a Pobreza Infantil avalia privações em seis dimensões: educação, saúde, moradia, nutrição, saneamento e acesso à água potável. Entre os resultados, o relatório aponta que 118 milhões de crianças no mundo sofrem três ou mais privações simultâneas, enquanto 17 milhões enfrentam quatro ou mais.

“Crianças privadas de direitos essenciais, como boa nutrição, saneamento e moradia adequada, enfrentam consequências devastadoras para sua saúde e desenvolvimento”, afirmou a diretora executiva do Unicef, Catherine Russell. Ela destacou que políticas públicas eficazes podem transformar essa realidade: “Governos comprometidos podem abrir um mundo de possibilidades para as crianças”.

Apesar da gravidade do cenário, houve avanços. A proporção de crianças vivendo com uma ou mais privações severas caiu de 51% em 2013 para 41% em 2023, resultado de políticas nacionais que priorizam os direitos da infância.

Ainda assim, a desigualdade é marcante. África Subsaariana e Sul da Ásia concentram as maiores taxas de pobreza multidimensional. No Chade, por exemplo, 64% das crianças sofrem duas ou mais privações severas.

O relatório detalha que a falta de saneamento adequado permanece uma das privações mais frequentes. 65% das crianças em países de baixa renda não têm acesso a banheiro; 26% nos países de renda média-baixa e 11% nos de renda média-alta.

A ausência de saneamento expõe crianças a doenças graves, como diarreias e arboviroses, ampliando ainda mais as vulnerabilidades.

Mesmo em contextos de crise, alguns países conseguiram reduzir drasticamente a pobreza infantil multidimensional, a Tanzânia: redução de 46 pontos percentuais entre 2000 e 2023, impulsionada por programas de transferência de renda e fortalecimento financeiro de famílias, e Bangladesh: queda de 32 pontos percentuais no mesmo período, com expansão do acesso à educação, eletricidade, saneamento e melhorias habitacionais, incluindo a redução da defecação a céu aberto de 17% para 0%.

O Unicef também analisou a pobreza monetária, que limita o acesso a alimentação, educação e saúde. Segundo o relatório: 19% das crianças do mundo vivem na pobreza monetária extrema (menos de US$ 3 por dia), e 90% delas estão na África Subsaariana e no Sul da Ásia.

Nos 37 países de alta renda incluídos no estudo, cerca de 50 milhões de crianças (23% da população infantil) vivem em pobreza monetária relativa. O progresso nos países ricos tem sido irregular: França, Suíça e Reino Unido registraram aumento superior a 20% na pobreza infantil entre 2013 e 2023. A Eslovênia, por outro lado, reduziu mais de um quarto da taxa graças a políticas robustas de proteção social.

O relatório é divulgado em um momento de queda global no financiamento humanitário. Estimativas apontam que cortes recentes podem deixar 6 milhões de crianças fora da escola já no próximo ano.

“Antes mesmo da crise global de financiamento, muitas crianças já estavam privadas de suas necessidades básicas”, alertou Catherine Russell. Ela defende que governos e empresas ampliem investimentos em nutrição, saúde e saneamento, especialmente em contextos frágeis.

“Investir nas crianças é investir em um mundo mais saudável e pacífico, para todos”, concluiu.

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