Vilásio Leal, de nome artístico Vilamar, que diz estar há 40 anos defendendo a cultura, música, arte e os artistas de Santo Amaro, afirmou que a situação dos artistas santamarenses está complicada. “A nossa área foi a mais prejudicada com a pandemia. Fomos os primeiros a parar e os últimos a começar a fazer alguma coisa. Estamos ainda sendo prejudicados porque as portas ainda estão fechadas”.
Vilamar é presidente da Associação dos Artistas de Santo Amaro. A Associação é de utilidade pública e tem 21 anos de existência. “Reassumi a presidência da Associação e estamos querendo dar mais autoestima a arte e a cultura de Santo Amaro. Estou lutando para isso com os nossos diretores”, afirmou. Ainda conforme Vilamar, a Associação ainda não tem sede e está sem recursos. “Temos um quadro de 200 associados, mas não recebemos nada de ninguém. Não temos verba, não temos nada em caixa e estamos ‘batendo nas portas’ para deixar tudo certo”.
Questionado sobre se os músicos da cidade foram contemplados por verbas federais vindas da Lei Aldir Blanc, Vilamar destacou que chegou para a cidade R$ 451 mil dessa lei no ano de 2020, no governo passado da cidade, e o secretário de Cultura da época teria contemplado a classe artística da cidade. “Fomos contemplados mesmo. O secretário era Chico Porto e ele fez uma premiação de classe como escritor, músico, poeta. Os terreiros de candomblé foram todos contemplados. Foi satisfatório”, explicou.
A atual gestão, ainda de acordo com Vilamar, fez um projeto em que os artistas foram beneficiados. “Foram 130 deles beneficiados. Cada um recebeu R$ 600 fechando um pacote de R$ 80 mil. E até agora não recebemos mais nada. Acredito que o Governo Municipal pagará apenas uma parcela. Já cobrei ao secretário, senhor Moysés Neto, para saber o que vai acontecer com a gente porque estamos parados”, disse.
Vilamar ressaltou que existe verba existe e ela deveria servir para ajudar a área dos artistas que está parada. “Temos artistas passando necessidade. A nossa Associação está indo em busca de recursos para que possamos contemplar os artistas porque de 300 só 130 foram ajudados até agora. Tem muita gente precisando e o governo precisa ver nosso lado. Se a verba existe porque não contemplar os artistas?”, questionou.
Adequação a nova lei
Vilamar disse ainda que está preparando toda a documentação para as mudanças que são necessárias para adequação a nova lei que rege sobre associações. “Isso para que lá na frente estejamos com a documentação em dia e possamos fechar convênios, buscar recursos em empresas privadas”.
Programação para o Dia da Consciência Negra
Vilamar ressaltou ainda que está preparando um projeto para a comemoração do Dia da Consciência Negra em 20 de novembro. “Junto com a Secretaria de Cultura e a Secretaria de Planejamento estamos apresentando um projeto de realizar as comemorações do 20 de novembro com uma mesa de debates falando sobre a consciência negra com convidados, principalmente o presidente do Movimento Negro de Salvador que estará aqui e algumas autoridades presente. Teremos ainda apresentação de grupos de dança afro e artistas da cidade”.
A pretensão de realizar o evento no Teatro Dona Canô. O local ainda depende das permissões do Governo do Estado em relação à quantidade de pessoas que podem participar de eventos. “Eu trabalhei nesse teatro e sei que ele tem uma capacidade de receber até 374 lugares”.
Palavra do secretário
O secretário de Cultura, Turismo, Esporte e Lazer de Santo Amaro, Moysés Neto, afirmou que esse auxílio emergencial de R$ 100 mil que foi pago aos artistas adveio de recursos próprios do município. Segundo o secretário, foram 145 artistas que receberam o valor de R$ 600. “Dos 5570 municípios do Brasil, nem 10% deles fizeram uma lei de incentivo para a transferência de renda para os artistas da cidade. Foi indicação de um vereador e a prefeita Alessandra Gomes (PSD) pediu a nossa Secretaria o fizesse”.
Inicialmente, conforme Moysés, seriam pagos duas parcelas de R$ 300, mas a Prefeitura resolveu pagar os R$ 600 de vez. “Esse valor veio de recursos da verba 00, ou seja, recursos municipais. Sensibilizados com a situação da classe artística da cidade, o governo municipal resolveu contemplar os artistas com esse valor. Foram quase 150 artistas contemplados e R$ 100 mil injetados na economia local”, explicou.
Ainda segundo o secretário, para receber os R$ 600, era precisa comprovar que eram realmente pessoas que viviam da arte. “Muitos deles não conseguiram se enquadrar nos critérios para receber o auxílio. Para se dar um auxílio é preciso se estabelecer critérios e um deles é que era preciso provar que essa pessoa vivia ou dependia de alguma maneira da cultura”, esclareceu.
Houve ainda a expectativa de ter o pagamento de um segundo auxílio já que a classe artística foi a primeira a parar e está sendo a última a retornar as suas atividades. “Não temos a obrigação de pagar uma segunda vez, quero deixar isso claro, mas não é que não temos verbas, não temos é orçamento. Estamos trabalhando com o orçamento da gestão passada e sem dinheiro para alguns setores. Há uma probabilidade de não existir esse segundo auxílio”, explicou.
Questionado sobre se existe a previsão de haver outras verbas que não sejam municipais para ajudar a classe, o secretário informou que não. Para receber alguns tipos de verbas, Moysés lembra que é preciso que os artistas estejam capacitados para cumprir as exigências dos editais lançados. “Não temos expectativas de verbas federal, estadual e nem municipal. A cidade está priorizando a saúde com as verbas municipais. A transferência de renda é muito complicada para qualquer governo. Nesse momento não temos expectativas de receber nenhuma verba”, alertou.
O secretário disse ainda que Santo Amaro tem sido referência no Recôncavo Baiano em vacinação e que por esse motivo está sendo feita a flexibilização do público para os eventos que estão sendo aos poucos retomados. Foi flexibilizado de 500 para 1100 pessoas o público na realização de eventos na cidade. “Pretendemos facilitar a vida dos artistas. Reduziu-se ainda o valor dos alvarás para funcionamento de estabelecimentos. Antes custava R$ 1700 e estamos cobrando R$ 450. É uma forma que entendemos de ajudar as pessoas voltarem ao trabalho e se restabelecerem”, explicou.
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