Exames em excesso, ou superdiagnóstico, referem-se à realização desnecessária de exames, que gera riscos à saúde do paciente (como exposição à radiação e iatrogenias), custos para o sistema público e privado, e pode causar ansiedade e intervenções desnecessárias. Isso ocorre por falha na avaliação clínica inicial, cultura que associa mais exames a melhor cuidado, pressão de pacientes e do sistema, e falta de adesão a protocolos baseados em evidências científicas.
O “Palavra de Médico” deste domingo (5) falou sobre esse assunto, a realização de exames em excesso. O médico Tarcízio Pimenta afirmou que exames solicitados sem necessidade podem complicar ainda mais a vida da pessoa. “Sempre ouvimos essa frase: ‘fui ao médico, fiz todos os exames e estou ótimo’. Um professor meu dizia que cansou de ver gente a beira da morte e com os exames impecáveis, o que é verdade. Já vi casos de 80 páginas de exames. Exames que nem o próprio médico que solicitou sabe analisá-los. Isso traz uma série de problemas para o paciente”.
Tarcízio ressalta que é muito comum hoje o paciente dizer que está estressado e ver como está seu nível de cortisol. “E pode fazer esse exame da forma incorreta porque o cortisol pode ser dosado no sangue, na saliva, na urina. Para estresse, é preciso saber se ele está elevado. Outro exame que os pacientes pedem são os marcadores para câncer. Esses exames podem até ter indicação médica, mas precisa que o médico tenha certeza da necessidade de fazê-los. Isso porque eles podem ter alterações em outros situações, como o CA 125, que se pede quando há uma suspeita de câncer de ovário. Se ele der elevado, a paciente pode ficar desesperada pensando ter a doença e pode não estar, pode ser um mioma, um cisto benigno, uma inflamação pélvica ou pancreatite, por exemplo”.
Existem equívocos em determinados exames que se pedem, alerta. “Tem que haver racionalidade, solicitação e indicação médica. Não simplesmente o paciente pedir esse ou aquele exame. Muitas vezes aumenta o custo porque muitos deles não são cobertos pelo SUS. O médico tem que examinar o paciente, tocar ele, ouvir o coração, auscultar o pulmão, apalpar a barriga, ter acesso a ele e escutar a sua queixa. Está comprovado que, a cada dez pacientes, nove saem do consultório achando que não foi ouvido pelo médico. Isso impacta na saúde do paciente e na resolutividade do problema”.
Pedir exames em excesso não significa que aquele médico é melhor que o outro. “Existem exames que são de rotina e existem um planejamento de exames que são para determinado paciente. Não precisa ficar procurando doença. As vezes você pode fazer isso e o médico te levar a algum problema. Acontecem equívocos, você se desespera e faz procedimentos que muitas vezes não são necessários”.
Há um excesso de informações que são até incorretas. “Estamos no Outubro Rosa e estão indicando ou as pessoas estão fazendo até de forma irresponsável mamografias em mulheres com ou acima de 40 anos. O rastreamento da mamografia deve ser feito a partir dos 50 até os 70 anos, a cada dois anos ou a depender de indicações do médico. A mamografia após os 40 anos tem que ter indicação médica então converse com o seu médico porque ele é corresponsável. Não é para fazer a qualquer custo. Isso não está certo. Essas radiações acumuladas destroem órgãos e tecidos no corpo da pessoa. Estão usando o mamógrafo como moeda de custo e até política muitas vezes”, finaliza.
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