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Cultura Flica

Abertura da Flica na cidade de Cachoeira conta com palestra de João Carlos Sales, ex-reitor da UFBA

O professor falou sobre a relação entre a linguagem e a liberdade. Ele lamentou ainda os ataques do Governo Federal as universidades públicas.

11/10/2022 11h56 Atualizada há 3 anos
Por: Karoliny Dias Fonte: Boca de Forno News

Foi aberta nesta terça-feira (11) a Flica, Festa Literária Internacional de Cachoeira. A festa, que está em sua 10ª edição, em sua abertura contou com a participação de Jomar Lima, coordenador geral do evento. Segundo ele, é mais de um mês de festa na cidade de Cachoeira com a Flica. “Se olharmos para as visitas, são mais de 100 mil pessoas que passaram pelos nossos de festa, sem contar as outras milhares que aqui estavam e permaneceram. Quantos Brasis são a Flica?”, afirma.

Jomar Lima 

No ano do bicentenário da Independência do Brasil completados esse ano, Jomar diz que não poderia ser outro o tema da festa. “Em verdade, na literatura, não poderia ser outro o tema da nossa festa porque Cachoeira é um monumento nacional a Independência como forma de luta, de coragem brasileira”.

O público que participa da Flica vem de diversos lugares, com suas histórias, novos olhares, o que renova as discussões, ressalta. “A nossa festa, a cada ano, fica cada vez mais diversa e potente”.

João Carlos Sales - Fotos: Boca de Forno News 

João Carlos Sales, historiador e ex-reitor da Universidade Federal da Bahia, um dos palestrantes da abertura, falou sobre o tema que irá aborda: a relação entre linguagem e liberdade. “Temos muitas linguagens e todas as formas de expressão. A linguagem é fundamental para nós sedimentarmos o que é defesa de direitos”.

Para o historiador, é através da linguagem que as pessoas podem disputar narrativas e defender posições. “E a linguagem aí significa não apenas literatura, mas todas as formas de expressão cultural que são fundamentais para a afirmação de um povo e a defesa da democracia”.

João Carlos destaca que hoje o Brasil vive um momento de divisão e precisa fazer uma grande aposta na educação, cultura, artes e contra o autoritarismo e a barbárie. “E vamos fazer. Vamos virar essa página que estamos enfrentando hoje”.

O ex-reitor falou sobre como foi administrar a UFBA no Governo do atual presidente, Jair Bolsonaro. Conforme ele, a UFBA é uma referência no país e a sociedade as vezes não compreende o papel estratégico da universidade. “Esse governo, pior ainda, tomou a universidade como um dos seus   alvos. Atacou diretamente com palavras, com atos, restrições orçamentarias gravíssimas. Agora mesmo estamos vivendo um contingenciamento. Recursos foram tirados da universidade e por isso toda a manifestação artística não deixa de ser hoje uma defesa desses equipamentos fundamentais que são as universidades públicas”.

João não esconde que esse foi um período muito difícil onde não houve trégua. “Mas eu tenho certeza que a universidade vai continuar resistindo e vai sobreviver a todas essas mazelas mostrando a sua importância para uma nação que não seja desigual e que seja constituída na chave do conhecimento”.

Ele acha natural a atitude do Governo Federal porque quem é obscurantista vai atacar o lugar do conhecimento. “Quem prefere a ignorância e o preconceito vai ter a universidade como inimigo, naturalmente. É preciso mais ainda que o povo compreenda a necessidade de defender a universidade porque isso é resistir a essa situação que estamos vivendo hoje”.

Arany Santana

A secretária de Cultura do Estado da Bahia, Arany Santanta, afirmou que a Flica está mais uma vez sendo fomentada pelo estado, garantindo que ela retorne após dois anos de pandemia. "Nesse momento o Governo do Estado cumpre o seu papel apoiando mais uma vez esse evento de grande importância para a Bahia. a Flica é um marco e traz muitas inovações que as demais festas literárias passaram a copiar". 

Segundo Arany, a festa abarca os valores da terra, traz a identidade do lugar onde acontece e mudou o conceito anterior de feira literária. "Esse conceito mercadológico é tirado no momento em que ela é chamada de festa e engloba diversos movimentos artísticos e culturais em voga naquele momento".

A Flica comemora esse ano os 200 anos de liberdade e de democracia, destaca. "A Flica é isso, onde todos os gêneros e estilos se congratulam e juntos celebram a grande festa da cultura, da liberdade, da literatura e da educação". 

Os dois anos sem a festa trouxe prejuízos não apenas para a comunidade literária, a mais afetada, como também para toda a população, diz a secretária. "Como também para a economia, para a cidade como um todo e para a população que ficou privada desse momento", finalizou. 

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