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Cultura Arte

Domingo, dia 27 de março, é comemorado o Dia Mundial do Grafite

Em homenagem aos artistas da nossa cidade, conheça a história de Iasmyn Cerqueira, 19 anos, uma jovem que transformou arte em profissão.

27/03/2022 21h00
Por: Karoliny Dias Fonte: Boca de Forno News
Fotos: Arquivo Pessoal
Fotos: Arquivo Pessoal

Muito mais que desenhos e muros, o grafite é uma arte urbana que transmite uma mensagem social e dá voz a pensamento e sonhos. Hoje, em comemoração ao Dia do Grafite, celebrado neste domingo (27 de março), vamos conhecer a história Iasmyn Cerqueira, uma jovem grafiteira que escolheu essa arte como profissão.

Iasmyn diz que sua trajetória com o grafite foi algo realmente inédito. Ela nunca esperou trabalhar com o que trabalha hoje, que é com o grafite e tatuagem. Seu primeiro contato com o grafite foi em um colégio que estudou, que oferecia uma oficina da arte com o grafiteiro Kbeça, muito conhecido na cidade. “Esse foi o meu primeiro contato com o grafite. Gostei muito da arte, que é algo que faz com que prezemos muito o que temos dentro de nós mesmos. Mas nunca passou pela minha cabeça trabalhar com isso. Era mais como um hobby porque eu sempre pintei tela desde criança”.

Logo após, Iasmyn começou a trabalhar na empresa do seu pai. “Só que eu acordava todos os dias querendo fazer aquilo”. Foi aí que ela comprou os sprays para fazer um grafite em um muro para ver como iria ser. Ela foi para uma rua do seu bairro acompanhada do seu pai. Ao avistar um muro, ele pediu autorização e ficou assistindo-a grafitar. “Foi meio desesperador porque nada do que eu visualizava eu conseguia fazer, mas aquela sensação de liberdade que o grafite traz para você é indescritível. Arte sempre foi isso para mim, uma válvula de escape do mundo real”, diz.

Ela disse que sempre conseguiu passar tudo que eu sentia, seja bom ou ruim através da arte. E costuma dizer que a arte é uma terapia para ela. “Quando eu não estava bem, as minhas cores eram simples, mais fechadas. Quando eu estava alegre, era sempre muito colorido, muito florido. Achei na arte uma forma de expressar o que eu sentia”.

Iasmyn acabou fazendo com que seu pai também se apaixonasse pelo que ela fazia. Antes, ele achava que esse tipo de arte era errado, não era tão legal e passou a ver de outra forma ao assisti-la trabalhando. “Quando ele me viu transbordando de amor por aquilo, foi uma das primeiras pessoas a me apoiar. Mandou foto para todos dizendo que eu era grafiteira”.

A grafiteira disse que é extremamente realizada com aquilo que faz porque consegue deixar para o mundo e para as pessoas o que ela tem de melhor, que é o amor pelo seu trabalho e pela sua arte. “Costumo dizer que é uma das coisas mais incríveis que existem porque tira a gente de uma realidade e põe a gente em outra. Talvez numa realidade que não existe, mas ele dá um momento de paz e tranquilidade”.

Ela quer passar a sua experiência para outras pessoas para que elas possam ter a oportunidade de se abrir para ter esse sentimento que ela tem e conhecer um pouquinho do que é de fato é essa liberdade. Vista como uma arte marginalizada, o grafite resiste ao preconceito e ganha cada vez mais voz. Iasmyn disse que ainda ouve algumas piadas porque as pessoas não a veem como grafiteira e nem tatuadora.

“As pessoas criam estereótipo de como é um grafiteiro. E eles não conseguem me assimilar a esse estereótipo porque não tenho quase nenhuma tatuagem. Meu estereótipo é de uma pessoa que não faria esse tipo de trabalho por ainda ser muito marginalizado. O preconceito que eu sofro é as pessoas não conseguem mesmo me visualizar como a grafiteira. E às vezes isso me constrange”, lamenta.

Ela não se sente completamente valorizada como artista. “Eu sinto que arte não é valorizada da forma que deveria ser como um trabalho. Principalmente porque ela é algo exclusive e por esse motivo deveria ser extremamente valorizado”, afirma. 

O grafite não pode ser confundido com a pichação. A pichação é um crime conforme lei nº 12408 de maio de 2011. O grafite é uma expressão cultural que colore ruas de todo o mundo. A ideia dele é dar voz. É uma arte que não tem intenção de vandalizar. “Quando você vê pessoas que estão querendo vandalizar, querendo maltratar monumentos, isso é a pichação. O grafite tem intenção de dar voz as pessoas que não tem voz. A intenção dele é transformar algo que não é bonito em bonito. E beleza vai do ponto de vista de cada um. Arte é a liberdade de cada um interpretar de uma forma o que vê”, explica. A profissional garante que o grafite é algo que respeita o a natureza e os monumentos.

Há quase dois anos, Iasmyn constrói a sua história, consolida o seu trabalho de sucesso e declara seu amor pela arte. Os seus melhores projetos são quando o cliente confia em seu trabalho e lhe dá liberdade de fazer o que quer. Claro que ela não escolhe coisas que estão fora do tema. Ela questiona ao seu cliente qual é a sua ideia, o que ele quer transmitir através da parede e aí refletem juntos a arte. “E aí é muito mais fácil quando ele me dá essa liberdade de eu brincar com as coisas que eu tenho dentro de mim e colocar dentro da arte”.

A sua ideia é abordar o tema transformação e uma das suas marcas é a borboleta. Ela aborda muito a temática da natureza, de se ver beleza onde não tem e olhar com mais cuidado e mais cautela para o outro porque estamos vivendo em um mundo muito corrido. “Procuro prender um pouquinho as pessoas e tirar elas da realidade. Eu acho que a gente vive em um mundo muito ruim, muito mal. A minha ideia é tirar essas pessoas um pouquinho da realidade, dar a elas cinco segundos de paz e de transformação e mudar um pouquinho o seu dia quando elas visualizam a minha arte”.

Ela sabe que não pode mudar o mundo. Mas também sabe que pode mudar algumas pessoas que tem contato com a sua arte, seja ela em tatuagem, grafite ou telas.

Com informações da repórter Engledy Braga

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