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Mundo Tensão

Sem citar Trump, Lula diz que povo da Venezuela é dono do seu destino

Lula discursou no 16º Congresso do PC do B, no centro de convenções Ulysses Guimarães, em Brasília.

17/10/2025 08h11
Por: Karoliny Dias Fonte: Tribuna da Bahia
Foto: Ricardo Stuckert
Foto: Ricardo Stuckert

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, na noite desta quinta-feira (16), que "o povo venezuelano é dono do seu destino" e que presidente de outro país "não tem que dar palpite", em referência à tensão crescente entre o governo dos Estados Unidos sob Donald Trump e a Venezuela. 

Lula discursou no 16º Congresso do PC do B, no centro de convenções Ulysses Guimarães, em Brasília. O presidente se sentou ao lado da presidente do PC do B, a ministra Luciana Santos (Ciência e Tecnologia). O evento teve ainda a presença de representantes dos partidos comunistas da China e de Cuba. 

Segundo Lula, a direita convenceu o povo brasileiro de que a esquerda é a favor do aborto, defende bandido fora da cadeia e quer que o Brasil se torne uma Venezuela. "O Brasil nunca vai ser a Venezuela", disse o presidente, logo antes de criticar a ação de Trump, sem mencionar o presidente dos EUA. 

"Todo mundo diz que a gente vai transformar o Brasil na Venezuela. O Brasil nunca vai ser a Venezuela, e a Venezuela nunca vai ser o Brasil. Cada um será ele", disse. 

"O que nós defendemos é que o povo venezuelano é dono do seu destino. E não é nenhum presidente de outro país que tem que dar palpite do que vai ser a Venezuela ou vai ser Cuba. Cuba não é um país de exportação de terrorista", emendou. 

Logo antes, Lula afirmou que, entre 2002 e 2010, na sua primeira passagem pelo Palácio do Planalto, a América do Sul viveu "seu melhor momento político, ideológico e social". Ele mencionou os presidentes de esquerda com quem convivia na época, citando inclusive Hugo Chávez na Venezuela. 

Nesta quinta, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e sua contraparte americana, o secretário de Estado, Marco Rubio, se encontraram nos Estados Unidos. Este foi o primeiro encontro dos chefes da diplomacia dos países desde que os presidentes Trump e Lula iniciaram contatos, no mês passado. 

Na quarta (15), o presidente americano disse ter autorizado a CIA, a agência de espionagem com longo histórico de interferência na América Latina, a realizar operações secretas e letais dentro da Venezuela com o objetivo de derrubar Maduro do poder. 

A Venezuela pediu ao Conselho de Segurança das Nações Unidas que declare ilegais os ataques feitos pelos EUA contra embarcações próximas à costa do país e que emita uma declaração em defesa da soberania de Caracas, segundo carta obtida pela agência de notícias Reuters nesta quinta-feira. 

Os ataques foram ordenados pelo presidente americano como parte de uma operação militar para, segundo o republicano, coibir o narcotráfico -embora o Caribe não seja a principal rota de entrada de drogas ilícitas nos EUA, e sim o Oceano Pacífico e a fronteira com o México. 

Em Caracas, Maduro afirmou que, embora a CIA tenha sido historicamente associada a golpes de Estado em diversos países, "nunca antes um governo havia declarado publicamente ter feito ordens à agência para matar, derrubar e destruir nações". 

Ainda no evento do PC do B, Lula afirmou que a extrema direita cresceu no mundo, enquanto os setores progressistas diminuíram, o que ele atribuiu a uma dificuldade de linguagem e de comunicação. "Nós nos distanciamos do povo", resumiu. 

Participaram do evento a ministra Gleisi Hoffmann (Secretaria de Relações Institucionais); o ministro Sidônio Palmeira (Secretaria de Comunicação Social); o ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia), do PSD; o ministro Wolney Queiroz (Previdência Social), do PDT; o presidente do PT, Edinho Silva; o prefeito do Recife e presidente do PSB, João Campos; a presidente do Podemos, deputada Renata Abreu (SP); e uma série de parlamentares de siglas de esquerda. 

Edinho também comentou o que chamou de ameaças do presidente dos EUA à América Latina. "É inaceitável as ameaças que foram feitas ontem contra o governo da Venezuela e o povo venezuelano", disse. 

A presidente do PC do B repudiou as ingerências dos EUA na Venezuela e afirmou que "se precipita um clima de guerra no Caribe". "Estamos sob ataque de um país que se julga dono do mundo", emendou. 

Luciana Santos e João Campos reforçaram a aliança do PC do B e do PSB com Lula para a eleição de 2026.

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