Nos primeiros 111 dias de 2024, a violência contra mulheres na Bahia continua apresentando números alarmantes. Dados divulgados pela Polícia Civil revelam que o número de feminicídios no estado se mantém sem variações este ano, em comparação com o mesmo período do ano anterior (2023), quando 27 casos foram registrados entre 1º de janeiro e 21 de abril.
A Lei do Feminicídio (Lei nº 13.104 de 9 de março de 2015) alterou o Código Penal para estabelecer o feminicídio como circunstância qualificadora do crime de homicídio, incluindo-o na relação dos crimes hediondos. Ainda assim, o número de casos no Brasil segue assustando, seja pela recorrência, pelas razões fúteis ou pela principal característica dos algozes: serem os companheiros amorosos das vítimas. A Bahia chegou a registrar pelo menos seis casos de feminicídio em uma semana, e em todas as ocorrências em que o suspeito do crime foi identificado, tratava-se do companheiro ou ex-companheiro da mulher assassinada.
A persistência assustadora no cenário de violência de gênero no estado vai se evidenciando na dificuldade de combater esses crimes, o que pode ser explicado por uma série de fatores. Hugo Cassiano, promotor de justiça e coordenador do Centro de Apoio Operacional de Segurança Pública e Defesa Social (CEOSP), do Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA), explica qual tem sido a pedra no sapato das autoridades públicas para solucionar essa questão no estado.
"O volume de ocorrências é muito grande, e há uma peculiaridade desses crimes, que em geral acontecem na intimidade do lar", destacou o promotor. "Fica nebulosa a condição de quem relata o crime, às vezes há uma reconciliação do casal, o que gera revogação de medida protetiva, mas o que mais percebemos é o volume gigantesco de ocorrências, e assim a Polícia Civil não consegue dar vazão, a Polícia Militar não consegue fazer os atendimentos com a brevidade necessária, e os processos judiciais estão em volumes assoberbados", explica.
O que existe é um dado social de alta incidência de crimes relacionados à violência doméstica, o que representa um desafio para o pronto atendimento que seria necessário. "É uma corrida frenética contra o tempo, não dá para deixar para o dia seguinte. São muitas entradas de medidas protetivas nas varas por dia, fora as outras demandas que não são deste contexto", destaca o promotor.
Em busca de solucionar essa questão, já existe no Tribunal de Justiça da Bahia, segundo Hugo Cassiano, a discussão sobre a criação de uma quinta vara de violência doméstica - na Bahia, existem quatro no momento - na tentativa de atender melhor a demanda de maneira preventiva, chegando a essas mulheres antes que elas tenham a vida ceifada.
"Não dá para atacar qualquer tipo de criminalidade, especialmente essa, sem olhar tanto para o lado da repressão e responsabilização, quanto para o da prevenção.", garante o coordenador do CEOSP. "As autoridades precisam atuar com um objetivo comum de prevenir o crime, e uma das estratégias que o Ministério Público vem adotando ao longo do tempo para encarar a questão da prevenção ao crime, é a prestação de serviços à mulher vítima de violência", ressalta.
contrabando PF mira esquema de contrabando de migrantes ligado a lavagem de dinheiro em Salvador
facção Polícia Civil prende líderes do Comando Vermelho que ordenavam homicídios de dentro do presídio na Bahia
Desvio de dinheiro Saiba quem são o vereador e o ex-secretário presos suspeitos de integrar esquema de desvio milionário na saúde pública
Polícia Em encontro tenso com coronéis, Jerônimo lança comitê para controlar letalidade policial na Bahia
Tráfico de drogas Polícia Federal prende três pessoas por tráfico de drogas no Aeroporto de Salvador
MPF Investigação aponta compra de livros superfaturados por meio milhão de reais em apenas um dia em município baiano 
Mín. 22° Máx. 30°
Mín. 20° Máx. 23°
ChuvaMín. 20° Máx. 27°
Chuva



