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Brasil Investigação

Anatel investiga uso de programa encontrado pela PF na Abin e que acessa rede 4G

O programa se chama LTESniffer, e sua descoberta foi citada na decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).

19/02/2024 08h46
Por: Karoliny Dias Fonte: Bahia Notícias
Bolsonaro e Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin. Foto: Presidência
Bolsonaro e Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin. Foto: Presidência

A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) abriu uma investigação após a Polícia Federal encontrar na Abin (Agência Brasileira de Inteligência) um programa com suposta capacidade de coletar dados da rede de telefonia 4G. 

O programa se chama LTESniffer, e sua descoberta foi citada na decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), que autorizou busca e apreensão contra o deputado federal Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin no governo de Jair Bolsonaro (PL). 

Um trecho da representação do delegado do caso, transcrito por Moraes, fala da necessidade do "devido aprofundamento" sobre o programa encontrado na agência. 

A Abin disse que não faz ações invasivas contra redes e que "realiza estudos sobre o funcionamento da ferramenta para preservar a segurança cibernética do país". 

Após a citação na decisão de Moraes, a Anatel instaurou uma apuração e irá solicitar dados para a Abin sobre o uso da LTESniffer. 

As operadoras foram notificadas e questionadas sobre eventual utilização de ferramentas desse tipo para saber se houve ataques às suas redes. Após as repostas, a Anatel vai definir os próximos passos. 

A agência de telecomunicações também está em contato com a Abin para entender por que a agência de inteligência possui o programa. 

O 4G, também conhecido como LTE, é um tipo de tecnologia por meio de ondas de rádio para comunicação de equipamentos sem fio, como celulares. 

O LTESniffer, de acordo com informações em grupo de discussão sobre o tema, tem capacidade de detectar o tráfego de dados entre as antenas que transmitem as ondas de 4G. 

A tecnologia, no entanto, não consegue capturar as comunicações criptografadas, embora consiga acessar algumas informações como o IMSI, que é a identidade internacional do assinante do celular. É o número que identifica cada usuário da rede. 

A capacidade de invasão da rede de telefonia brasileira por softwares é um dos principais pontos da investigação em andamento na PF e que mira a suposta Abin paralela durante a gestão Bolsonaro.

Nesse caso, está no centro das apurações outro software, o FirstMile -a PF afirma que ele invade a rede de telefonia para acessar a geolocalização dos celulares monitorados. 

Como mostrou a Folha, um dos elementos de prova indicados pela PF é uma troca de email em que um funcionário da empresa responsável pelo FirstMile relata tentativa de invasão na rede da Tim. 

As investigações na Anatel ainda buscam informações sobre quais dados foram acessados, em qual volume e de qual país partiram os ataques. 

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