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Cultura Tributo

Cidade de Cachoeira faz tributo ao escultor Doidão da Bahia

Marcos Moura, idealizador do evento, ressalta que ele acontecerá no próximo sábado (04), a partir das 19h, na Praça Dr. Milton.

01/11/2023 10h48 Atualizada há 2 anos
Por: Karoliny Dias Fonte: Boca de Forno News

                                               Marcos Moura e Poliana Cardoso - Foto: Boca de Forno News                                                       

Marcos Moura, idealizador do “Tributo Doidão Bahia”, falou sobre a homenagem que será feita ao escultor cachoeirano. Em entrevista ao programa Rádio Total, das Rádios Santo Amaro FM Paraguassu FM, Marcos afirmou que já vem dialogando a aproximadamente há um ano com a família do escultor para apresentar a arte dele. “Será uma exposição a céu aberto a esse grande nome que certamente foi o mais admirado e reconhecido por levar a arte de Cachoeira para o mundo”, afirmou.

Doidão Bahia - Foto: UFRB

José Cardoso de Araújo, o Doidão Bahia, nasceu em Cachoeira, na Bahia. Era um escultor de madeira e autodidata. Começou a trabalhar com esculturas em 1967. Era também sobrinho pela linha materna dos escultores Boaventura da Silva Filho (Louco) e Clóvis Cardoso da Silva (Maluco), que começaram a esculpir na cidade de Cachoeira em meados dos anos 1960, deixando muitos seguidores. É irmão do escultor Dory (Lourival Cardoso de Araújo).

A produção de Doidão versa, sobretudo, em torno de figuras do catolicismo e do candomblé, como santos e orixás. Ele tira proveito das formas da matéria-prima, dando continuidade aos procedimentos utilizados por Louco e Maluco. Esculpe os diversos orixás, sendo os de sua preferência Iemanjá, Oxum e Ogum. Doidão tinha fama internacional.

“Ele tinha esse know-how para se transformar no ícone da escultura em madeira de Cachoeira. O tributo acontecerá no próximo sábado (4), na Praça Dr. Milton, espaço muito importante historicamente para Cachoeira e um local representativo para a nossa cidade. Ali está o chafariz imperial, o Hospital São João de Deus com a Igreja ao lado e a Casa 23, onde os heroicos cachoeiranos se reuniram para pensar a independência de Cachoeira”, diz.

É perto ainda da residência e do ateliê do Doidão. O tributo acontecerá a partir das 19h.  “Esses são elementos que só fizeram fortalecer ainda mais o evento. Ele estará na praça certa. Esse evento é para expor sua arte e relembrar as suas obras, além de falar sobre o homem com os amigos e artistas convidados. Uma banda também tocará o artista preferido do Doidão que era o maluco beleza Raul Seixas, ou seja, do maluco para o doidão”.

O evento conta com o apoio da Prefeitura de Cachoeira, através da prefeita Eliana Gonzaga, Reginaldo Santos, grande admirador do Doidão, pesquisador da escultura de madeira em Cachoeira e da TV Fênix de Feira de Santana, Edson Filho, Licor do Porto através de Vinicius Mascarenhas. “Quero agradecer a essa sensibilidade das pessoas de entender que essa homenagem a um grande cachoeirano é importante”.

Poliana Cardoso, filha de Doidão Bahia, também falou sobre a homenagem ao seu pai. Ela disse que a família está honrada. “Agradeço a Marcos Mouro pelo carinho e boa vontade com toda a minha família e por realizar esse tributo em homenagem ao meu pai. Logo após o falecimento dele consegui realizar uma exposição para homenageá-lo, mas veio a pandemia e as coisas deram uma parada. Logo após esses anos, se tornou difícil viver de arte”, ressalta.

Ela lembra que esse é um sonho para sua mãe e irmãos eternizar o seu pai através das suas obras. “Meu pai não foi para a faculdade para aprender a esculpir, ele nasceu com esse dom. Ele tem uma história de vida linda que vivia e respirava arte. Chegava a dizer que cada obra que ele colocava no mundo era um filho dele. Por ele ser um pai tão apaixonado, imaginem a proporção do amor que ele tinha pelas obras dele”, lembra.

Para Poliana, essa é uma homenagem merecida após seis anos do seu falecimento. O tributo veio ainda na hora certa e através da pessoa certa. “Tudo veio na hora certa. Após esse tributo, temos planos de vim novamente eternizar a arte de meu pai. Hoje existem obras de meu pai espalhadas pelo mundo. E tem que ser eternizadas. Muitas ainda permanecem em seu ateliê e em sua chácara na zona rural. E ainda na Praia do Forte onde temos uma loja fixa”.

Ela se intitula com fã de Doidão. “Como filha e como artista”.  Ela não sabe quantas obras ele esculpiu ao longo de sua vida. “Ele pegava um tronco, via uma imagem, pensava em fazer um Oxum e depois ele dizia o orixá ia vadiando na peça e acaba sendo uma Iansã. Fazia suas obras em madeira morta e antes de tirar a madeira já conseguia visualizar um Cristo. Passava até três meses esculpindo uma obra porque ia nos detalhes. Ele era detalhista. Consigo reconhecer suas obras hoje pelo traço. Ele era um ser apaixonado, um artista incrível”.

 

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