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Médico cardiologista fala sobre riscos de procedimentos cirúrgicos considerados como pequenos

Essa semana um homem morreu em Feira de Santana durante um transplante capilar feito em uma clínica da cidade. André Campos explica como é feita a avaliação pré-operatória.

29/03/2022 12h28
Por: Karoliny Dias Fonte: Boca de Forno News
Foto: Reprodução / Internet
Foto: Reprodução / Internet

O comerciante Cláudio Marcelo de Almeida, de 50 anos, morreu após passar mal em uma clínica de implante capilar, neste domingo (27), em Feira de Santana. Cláudio deu entrada no Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA) durante a madrugada, após passar mal na clínica.

O levantamento cadavérico do paciente foi feito por volta das 9h30. Segundo o coordenador da Polícia Civil, delegado Roberto Leal, a clínica acionou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), contudo o paciente já chegou no hospital em parada cardiorrespiratória.

De acordo com o delegado, a equipe do Samu repassou a informação de que a intercorrência aconteceu durante tratamento de implante capilar. A Polícia Civil aguarda o resultado do laudo de necropsia para saber a causa da morte.

O médico cardiologista André Campos afirmou que esse é um caso triste e que existem cuidados que devem ser tomados antes de fazer esses procedimentos. Ele ressaltou ainda que hoje em dia as cirurgias são feitas com uma segurança muito maior do que eram feitas décadas atrás. Tanto do ponto de vista do ato cirúrgico como também a do ato da anestesia, assim como a avaliação pré-operatória, diz.

Em relação a avaliação pré-operatória, ainda conforme o cardiologista, que geralmente diz respeito ao cardiologista, ela deve começar na verdade já com o cirurgião. “Ele deve saber a idade do paciente, a presença de outras doenças, a funcionalidade, a capacidade de fôlego desse paciente e assim ele já consegue ter uma ideia desse risco”, explica.

Pessoas jovens, que não tenham nenhuma doença, que sejam submetidas a cirurgias simples, rápidas e superficiais, geralmente são liberadas para cirurgia com a avaliação do anestesista. “O anestesista sempre faz uma avaliação pré-anestésica onde ele vai estudar o caso daquela pessoa, pensar qual é a melhor anestesia, quais são as melhores medicações, qual vai ser a melhor estratégia junto com o cirurgião”.

Para a pessoa com a idade mais avançada, que tenham, por exemplo, hipertensão, diabetes e limitações maiores de forma geral, devem ser avaliadas por um cardiologista. É ele que irá orientar o que fazer com as medicações, em relação a necessidade de exames adicionais, afirma o médico. “Sabemos que hoje em dia nós temos muito menos complicações do que se tinha há décadas atrás”.

Geralmente nas cirurgias as pessoas ficam dormindo, mas existem algumas cirurgias pequenas e locais em que a pessoa fica acordado. “O mais importante é a pessoa, logicamente, não sentir dor para que essa dor não desencadeei uma resposta do corpo, permita o cirurgião realizar o procedimento e não gere um trauma posterior. Nem todas as cirurgias a pessoa tem que estar 100% apagada, mas a maioria sim”, diz.

O fator tempo é uma questão preponderante num procedimento cirúrgico, mas não é o único, diz o médico. Esse é um parâmetro que é integrado a outros. Existem procedimentos que são longos, mas que tem um risco muito baixo. Enquanto existem procedimentos que são curtos, mas que tem um risco muito alto.

“Para se ter ideia, um transplante de um órgão interno, de um coração, de um rim, vai gerar muito menos tempo, por exemplo, do que um transplante capilar. Mas isso não quer dizer que tem um risco menor. O transplante de um órgão interno lógico que é uma cirurgia muito maior, que vai ter um risco muito maior, que geralmente a pessoa vai para uma UTI. O tempo de procedimento é um parâmetro que é integrado a outros parâmetros na hora de avaliar o risco pelo cirurgião, pelo anestesista e também pelo cardiologista, se for necessário”, afirmou.

Saúde mental

O fator psicológico também é preponderante, junto com o cardiológico. André Campos disse que sentimentos negativos estão associados a maior presença de doenças do coração. “Cuidar da saúde mental é também cuidar da saúde do coração. O principal fator de um paciente é a sua capacidade de fôlego, de fazer coisas como correr e não sentir nada. Quando a pessoa faz uma atividade física, isso é bom não apenas para a sua saúde física como também para a saúde mental”.

Para quem vai fazer um procedimento como o transplante capilar e está eufórico com a realização do sonho, o médico disse que emoções positivas tem um efeito positivo sobre o coração. “Costumo dizer que o homem tem duas variáveis principais da juventude: o tamanho da barriga e o tamanho da testa. Se ele mantiver os dois pequenos parecerá que está novo para sempre. Com a pessoa sedada, a euforia não tem efeito direto na cirurgia. Estar otimista antes da cirurgia sempre vai ajudar”, finaliza.

Com informações do iBahia

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