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“Perdi 70% do pênis, mas o importante é estar vivo”, diz João*

*João pediu que a sua identidade fosse preservada. Infelizmente ainda é grande o preconceito com homens que passam por situações como essa.

04/11/2021 14h19 Atualizada há 4 anos
Por: Karoliny Dias Fonte: Boca de Forno News
Imagem meramente ilustrativa
Imagem meramente ilustrativa

Há 15 anos, quando entrou no consultório do urologista, João, como será chamado pela nossa reportagem, recebeu o diagnóstico assustador de câncer de pênis. Com 43 anos de idade João precisou amputar o órgão para continuar vivo. “Segundo o meu médico, eu tive uma fimose na minha adolescência. Ele fez os exames e constatou que eu estava com câncer de pênis e foi necessário realizar uma cirurgia mutilante. Eu tive  perda de  70% do órgão, mas o importante é estar vivo”, contou. 

Para preservar sua integridade, o mesmo pediu para não ser identificado. Infelizmente ainda é grande o preconceito com homens que passam por situações como essa. Os especialistas afirmam que esse preconceito e a resistência dos homens em procurar atendimento médico é um dos principais fatores que dificultam o diagnóstico precoce que pode evitar situações como essa de João.

“Desde a infância meu órgão genital sempre coçava. Como ele não abria por conta da fimose, coçava e inchava muito. Quando  iniciei minha vida sexual, ele abriu, mas mesmo assim, coçava. Com um tempo nasceu uns carocinhos ao redor do pênis. Quando fui ao médico ele disse que eu já estava com câncer avançado”, relata João. 

O câncer de pênis atingiu mais de 10 mil homens nos últimos cinco anos. Embora raro, é um problema de saúde pública. Em 2020, 1,6 mil casos foram diagnosticados no Brasil,  sendo  ele o país  com maior incidência de tumores de pênis da América Latina e Caribe. A maior prevalência do mundo está no estado do Maranhão. A doença está associada com a pobreza, a falta de higiene e a contaminação pelo vírus HPV.

Mas felizmente João não perdeu a sua vida sexual, apesar da mutilação. “Hoje eu tenho uma vida sexual ativa sem nenhum problema. Só perdi o tamanho, mas o prazer é o mesmo. Os primeiros meses, quando eu descobri, me afetou bastante. Chegou a bater o desespero e  pensei em tirar minha própria vida, mas o apoio da família foi muito importante”, disse. 

Após passar pela cirurgia e tratamento psicológico, hoje aos 58 anos, João alerta. “Não deixem de fazer seus exames e procurar um urologista anualmente. É uma doença que mata. Mas se vocês procurarem o  médico precocemente tenho certeza que vai ficar tudo bem. A vida tem que estar acima de tudo”, concluiu.

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