A violência psicológica sofrida através do preconceito racial pode gerar adoecimento mental e levar a uma série de transtornos, desde quadros ansiosos depressivos, a depender da intensidade dessa forma de violência, até quadros mais graves. A afirmação é do médico psiquiatria Ivan Araujo. Ele destaca que os indivíduos que sofrem preconceito racial podem desenvolver alguns comportamentos evitativos, sentimentos de menos valia e vivem constantemente vulneráveis a outras formas de violência.
“É interessante que muitas vezes a pessoa não tem o histórico familiar de transtorno mental e, após ter sofrido uma forma de violência muito intensa, pode desenvolver formas de doenças graves. Tanto instituições relacionadas a saúde quanto da justiça, têm verificado que essas formas de violência interferem no processo saúde/doença”, destacou.
De acordo com o especialista, no ano de 2002 a Organização Mundial de Saúde (OMS) fez um relatório sobre violência e saúde, entendendo que o racismo é uma forma de perpetuação de violência étnica. Outro dado apresentado pelo psiquiatra é do ano de 2007, quando o Ministério da Saúde fez um relatório chamado Atenção Integral à Saúde da População Negra, mostrando que o indivíduo que sofre preconceito adoece mais e a taxa de suicídio é maior na população negra do que na população parda ou branca. Outro estudo do ano de 2016 indica que o risco de suicídio é 46% maior em jovens e adolescentes negros do que em brancos.
“Existem determinantes sociais que estão interferindo nesse processo de saúde/doença. Então a gente começa a perceber que se não houver intervenção e uma política pública séria de saúde mental, onde os indivíduos seriam vistos com olhares diferentes, não conseguiremos avançar e reduzir esses indicadores alarmantes, trata-se de uma política de reparação histórica”, analisou.

O psiquiatra Ivan Araujo considera que o impacto do racismo na saúde mental é tão grave quanto outras doenças do corpo. Ele destaca que o racismo é uma forma de violência e como forma de violência, os profissionais da área da saúde tem que aprender a detectar seu impacto negativo na saúde.
“Quando alguém traz um depoimento de racismo não é um depoimento vazio, é um depoimento de sofrimento e muitos indivíduos têm tido sofrimento de uma forma extremamente crônica e, se a gente for perceber, esse sofrimento não é só de uma geração. A gente vem de uma série de gerações de famílias que sofreram preconceito. Qual o impacto dessa violência no decorrer das gerações dessa família?”, questionou.
De acordo com Ivan Araujo, o conhecimento da violência como problema de saúde pública, e não apenas de justiça, pode reduzir os efeitos negativos na saúde mental da pessoa negra, já que, conforme afirmou, a partir do momento em que essa pessoa entende que ela é um ser singular, que tem o direito a saúde de uma forma plena e integral, e esse direito é legitimado pelos profissionais da saúde, esse indivíduo começa a ser tratado e passa a criar estratégia de resiliência, sentindo menos os efeitos dessa violência e, por consequência, adoecendo menos.
Preconceito racial na infância
No período da infância, onde a criança está em formação de personalidade, os pais devem estar atentos e devem acompanhar o processo de socialização e a maneira como ela está acontecendo, segundo alertou o psiquiatra Ivan Araujo. Ele afirma que uma vez que ocorra o racismo durante a infância, é interessante saber quais as situações e sinalizar para a escola ou responsáveis. Além disso, observa que os pais devem conversar para entender o que a criança sentiu e como ela lida com os sentimentos dela naquele momento.
“Isso é importante até para avaliar, pra criança não criar uma falsa cognição de que ela é incapaz, é inferior. É importante também porque essa violência faz aumentar o risco de transtornos mentais e uma série de complicações que, muitas vezes, a depender da intensidade dessa violência, desse preconceito, a criança pode desenvolver quadros extremamente graves de transtornos. Então os pais devem observar a socialização, o ambiente que a criança está e é importante pais e professores observarem para fazer uma intervenção e saber qual o impacto, através da escuta dessa criança, sobre o que aconteceu e quais são os sentimentos e emoções que ela tem em relação a isso”, salientou.
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