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Cultura Crônica da semana

A Vida como uma Aventura Espiritual

Por Alberto Peixoto

20/09/2025 08h05
Por: Karoliny Dias Fonte: Alberto Peixoto
Foto: Vecteezy
Foto: Vecteezy

A aventura da vida começa no momento em que um bebê chega ao ventre materno para ali fazer os seus primeiros movimentos. Então, o mundo deve ser descoberto, experimentado, vivido com todos os sentidos, para que todo o processo de desenvolvimento da criança se concretize. A magia da mais tenra infância persevera durante toda a existência e ajuda, mesmo que de forma circunstancial, a superar todos os obstáculos que fazem parte do cotidiano.

Quando se avança na jornada, encontra-se nesta aventura o que a existência possui de mais belo e de mais perturbador: os amigos, os amores, os desamores, as viagens, os encontros, as partidas, as dores, as perdas, as alegrias, os sonhos e as realizações, até o diálogo final com Deus.

A aventura da vida começa quando chegamos ao mundo, ali entulhamos dúvidas, anseios, vontades, necessidades, vidas. E assim arriscamos os primeiros passos no terreno da existência: apalpando, crendo, durante toda a nossa trajetória, encontrar respostas, que nos deem segurança, aconchego. É como se uma nova porta estivesse a se abrir: olhando-nos por dentro, observamos, por exemplo, nossa consistência, quando reagimos perante as dificuldades, que a vida traz a cada passo.

Muitos obstáculos surgem e muitos desafios são propostos ao longo das etapas da vida. Alguns até nos parecem difíceis de superar, entretanto, através da resiliência, da coragem e da amizade, nossos sofrimentos encontram alívio. Esses sentimentos, tão intensos quanto circunstanciais, são inerentes à existência humana.

A aventura da vida pode efetivamente ser vivida com profunda espiritualidade. Desde o nascimento até o momento de fazer a primeira oração, que aproxima o ser humano de Deus, uma dimensão transcendental acompanha nossa jornada, sempre.

Estabelece-se que esta aventura tem início mortal: o nascimento, que provoca a entrada no planeta Terra; e o período espiritual: a direção tomada após a morte. Entre esses extremos, ainda há a necessidade de passar por todos os estágios que levam a essa vida espiritual. Trata-se da aventura do nascimento e, também, do encontro com Deus.

Abrange os primeiros passos, a juvenil admiração pelo mundo, a adolescência que sabe resistir, os amigos que dividem risos e lágrimas, os amores e desamores, o conhecimento adquirido tanto pela escola quanto pelas viagens, a escolha da profissão, a jornada de trabalho, as mudanças de hábitos, a aproximação do envelhecimento, a busca por Deus, a serenidade frente à chegada da morte, a vida após a morte e, por fim, a memória que permanece em quem ficou.

A aventura da vida começa com o nascimento e termina quando cada um entrega a vida a Deus e O encontra face a face. Tudo o que acontece entre esses dois momentos pode ser analisado por diversos ângulos: os primeiros passos, o fascínio do mundo, a resistência diante das dificuldades, as amizades, os amores e desamores, a escola e as viagens, a opção profissional, os desafios da profissão, a maturidade, o amadurecimento e a contemplação da finitude.

Enfim, toda a preparação para a próxima fase da existência. Porém, tendo em vista a dimensão espiritual da aventura da vida, a atenção especial recai sobre o momento em que cada um abandona os passos de aprendizado e lança-se na busca do sentido da existência. Isso significa identificar a missão que Deus propôs para cada ser humano.

Prepare-se para a Transição. Está na hora de partir. Crescemos, nos desenvolvemos, conquistamos, aprendemos, acabamos nos deteriorando, e senti­mos vontade de ir embora. Suportamos a dor da última partida, despedaçamos o coração dos que ficam e cruzamos os portões da eternidade. Sob a ação implacável do tempo, sabemos que qualquer um de nós pode enfrentar esse triste momento. É quando realmente começamos a compreender quão importante é aproveitar todos os momentos, as pequenas maravilhas, as alegrias e demais experiencias da vida. É também quando deixamos de ter medo e angústia e encaramos a morte com felicidade, porque já não dependemos mais da matéria, mas sim do nosso Eu imortal. Em outras palavras, é o instante da grande mudança, a preparação espiritual para enxergar a vida sob outra perspectiva.

A aventura da vida começa no instante do nascimento, quando chegamos ao mundo. Nossos primeiros passos marcam o início de uma inesquecível aventura. A vida vai transformando-nos. O mundo vai abrindo as suas portas, apontando a infinita viagem a percorrer. As cores e a magia da infância passam rapidamente. A adolescência é esmagada pela incoerência do País. Acompanhamos amigos e amores, precisamos viver os desamores e os ódios. A idade vai transformando as alegrias da adolescência, dando lugar a uma nova visão da existência. A espiritualidade inicia assim a busca do sentido da vida, que se apresenta como uma exigência para a humanização. O ciclo da vida reabre-se, preparando-nos para a transcendência. As circunstâncias convidam-nos à reflexão e ao diálogo íntimo com o autor da Vida e da Morte - Deus. Seja qual for a religião - budistas, cristãos, hindus, judeus, muçulmanos - todos os povos acreditam na vida do além, ou, pelo menos, no reencontro dos que partiram.

Na reta final, pensamos em tudo o que é deixado, seja em forma de bens, palavras, obra, serviços ou mesmo perdão. Por trás de tudo flui a certeza de que será para toda a eternidade. Nesse sentido, os espaços da Transcendência constituem os últimos instantes. Assim, a vida apresenta-se como uma aventura espiritual, que não tem como ponto de partida a concepção, nem como conclusão a morte, mas que inicia os seus primeiros passos no momento em que nascemos e conclui a sua caminhada durante o diálogo de cada pessoa com Deus.

Por Alberto Peixoto

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