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Cultura Crônica da semana

A Influência do Inglês no Jornalismo Esportivo Brasileiro

Por Alberto Peixoto

02/08/2025 08h53
Por: Karoliny Dias Fonte: Alberto Peixoto
Foto: Reprodução / Internet
Foto: Reprodução / Internet

Nas últimas décadas, a intersecção entre a língua inglesa e o jornalismo esportivo no Brasil tem se ampliado de maneira significativa. Esse fenômeno resulta em uma crescente presença de termos e jargões em inglês nas narrativas esportivas, refletindo não apenas a globalização do esporte, mas também a influência de mídias internacionais que dominam as plataformas de comunicação. A adoção de expressões em inglês tem diversas implicações, uma vez que, ao lado de sua função comunicativa, também pode acarretar uma certa deturpação da língua portuguesa, gerando uma mistura que desafia as estruturas linguísticas tradicionais.

Além disso, a pressão por modernização e atualização de conteúdos, alimentada pelo acesso a informações em inglês e pela transmissão de eventos esportivos internacionais, tem influenciado a maneira como os jornalistas se comunicam. Eles frequentemente se veem obrigados a incorporar termos estrangeiros, conviver com a pressão por uma linguagem que ressoe com o público contemporâneo, mas que, muitas vezes afasta-se das raízes culturais da língua portuguesa.

É necessário refletir sobre a identidade linguística e cultural que está em jogo neste processo. Essa reflexão se torna ainda mais pertinente diante do desconforto que muitos leitores sentem em relação ao uso excessivo do inglês nas reportagens nacionais, o que suscita debates sobre a preservação da língua e o papel dos profissionais de comunicação na construção de uma narrativa que respeite tanto a modernidade quanto as tradições linguísticas locais.

Embora a globalização traga inovações e uma diversidade de perspectivas, é crucial que a riqueza e a integridade da língua portuguesa sejam mantidas, evitando a diluição de sua identidade em prol de uma suposta modernidade imposta por um vocabulário estrangeiro.

Diversos exemplos ilustram a influência do inglês no jornalismo esportivo brasileiro, refletindo as transformações ocasionadas pela globalização e pela dominação de mídias internacionais. A adoção de palavras como “hat-trick”, “on fire” “fair play”, “playoffs” e “match” se tornou comum, substituindo termos em português e, frequentemente, dificultando a compreensão entre leitores e telespectadores que não estão familiarizados com a língua inglesa.

Essa transição não se limita apenas ao vocabulário, pois o estilo das reportagens também é impactado. Muitos jornalistas adotam estruturas de frases anglófonas, preferindo formas concisas e diretas, que se distanciam da tradição da língua portuguesa em que narrativas mais elaboradas e descritivas eram norma. Além disso, o uso de jargões técnicos, como “offside” e “shooting” em meio a análises táticas cria uma barreira de compreensão e pode alienar uma parte considerável do público.

Em programas de televisão e podcasts a predominância de expressões em inglês se intensifica, com comentaristas que frequentemente misturam sua análise com palavras e frases em inglês, reforçando a ideia de que a fluência nessa língua é um indicador de competência profissional. Isso se estende também às plataformas digitais onde manchetes e conteúdos são redigidos em inglês para atrair um público mais amplo, voltando-se, muitas vezes, mais para a audiência global do que para a brasileira.

A influência do inglês, embora traga conteúdos atualizados e termos técnicos que enriquecem a prática jornalística, apresenta perigos que podem diluir a riqueza e a expressividade do nosso idioma. A adoção indiscriminada de palavras e jargões em inglês tem potencial para confundir leitores e ouvintes menos familiarizados com essa terminologia, levando à exclusão de uma parcela significativa da população que consome informação esportiva.

Por Alberto Peixoto

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