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Brasil pode ter desaceleração considerável com tarifas dos EUA, diz FMI

O fundo projeta que o crescimento na América Latina e no Caribe vai desacelerar de 2,4% em 2024 para 2% em 2025.

26/04/2025 08h44
Por: Karoliny Dias Fonte: Folhapress
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

O diretor do Departamento do Hemisfério Ocidental do FMI (Fundo Monetário Internacional), Rodrigo Valdés, afirmou nesta sexta-feira (25) que as tarifas impostas por Donald Trump a todos os países terão um "amplo efeito indireto" na América Latina. 

O economista também reforçou a perspectiva de queda nas projeções de crescimento, dizendo que o Brasil especificamente terá uma "desaceleração relevante", impulsionada por políticas restritivas que ele considera apropriadas. 

O fundo projeta que o crescimento na América Latina e no Caribe vai desacelerar de 2,4% em 2024 para 2% em 2025. Isso é 0,5 ponto percentual abaixo dos 2,5% previstos para 2025 em outubro para 2025 do ano passado. 

"A atividade econômica tem sido amplamente impulsionada pelo consumo, em meio a mercados de trabalho resilientes. No entanto, o crescimento global mais lento, a incerteza elevada, o impacto das tarifas e políticas domésticas mais rígidas em alguns países pesam sobre o crescimento", disse o diretor. A declaração foi dada durante apresentação das perspectivas do fundo para a região nas reuniões de primavera do FMI e do Banco Mundial, em Washington. 

Ele pondera que há uma "heterogeneidade significativa" por trás dessa desaceleração. Nesse contexto, ele prevê quedas no México, bastante afetado pelas políticas americanas, e no Brasil. 

"Também continuamos a prever uma desaceleração relevante no Brasil, impulsionada por políticas mais restritivas apropriadas", afirmou em sua declaração durante coletiva de imprensa sobre o Hemisfério Ocidental. A Argentina e o Equador, por sua vez, devem ter uma recuperação em função de programas que são apoiados pelo FMI. 

Neste mês, o fundo aprovou sobre uma linha de crédito estendida de 48 meses ao país, totalizando US$ 20 bilhões (R$ 119,8 bilhões). 

"O cenário econômico atual é moldado por uma interação complexa de fatores globais, que vão desde tarifas e interrupções nas cadeias de valor até a volatilidade dos preços das commodities e dos mercados financeiros, além da incerteza nas políticas econômicas", disse. Segundo ele, apesar de a diversificação do comércio beneficiar certos países, de um modo geral, o efeito é amplamente negativo. 

Sobre política monetária, o diretor do FMI destacou que o momento é de incerteza e que o Banco Central do Brasil tem se mostrado atento a esse cenário. 

As tarifas, avaliou Valdés, impõem um choque negativo de demanda sobre os países tarifados, "pressionando os preços para baixo", e que as interrupções de cadeias geram choques negativos de oferta, "com efeito oposto nos preços". 

"E mesmo que as tarifas para a região sejam relativamente baixas, uma desaceleração no crescimento global pode afetar a demanda por commodities e ter efeitos indiretos maiores para a América Latina por meio dos preços das commodities e da depreciação cambial." 

O diretor afirmou que há um risco de aumento da inflação em razão desses fatores, ainda que a expectativa seja redução gradual da inflação, mesmo que alguns países não atinjam suas metas antes de 2026. A respeito do Brasil, ele afirmou que o Banco Central está atento aos desafios fiscais e tem adotado o compromisso com as políticas que ele julga serem corretas. 

"O Banco Central tem sido mais rigoroso com a política [monetária] e isso é o que precisa ser feito. Há várias incertezas e é importante ter um Banco Central que esteja comprometido com isso", comentou. 

O impacto das tarifas de Trump praticamente dominou os cinco dias de reuniões de primavera do FMI e do Banco Mundial, em Washington. Os representantes de bancos e países evitaram citar diretamente o termo "tarifas" e políticas de Donald Trump especificamente, mas os efeitos do embate comercial estiveram presentes nos encontros e nos documentos lançados pelo fundo. 

Foi a primeira vez em que as autoridades monetárias tiveram uma conversa presencial com o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, desde que Trump anunciou a imposição de tarifas a todas as nações, em 2 de abril. 

Segundo a secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Tatiana Rosito, autoridades financeiras do G20 pediram ao secretário uma desescalada no embate comercial que os Estados Unidos trava com o mundo. 

A embaixadora participou nesta quarta-feira (23) de encontro do grupo, formado pelas 19 maiores economias do mundo e a União Europeia, durante as reuniões de primavera do FMI (Fundo Monetário Internacional) e Banco Mundial.

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