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Saúde Palavra de médico

Tarcízio Pimenta fala sobre a bactéria H. pylori

Médico explicou sintomas, causas e tratamento no quadro “Palavra de Médico” deste domingo (1º).

02/12/2024 07h58
Por: Karoliny Dias Fonte: Boca de Forno News
Foto: Reprodução / Internet
Foto: Reprodução / Internet

O quadro “Palavra de Médico”, do programa Boca de Forno News, da Rádio Sociedade News, deste domingo (1º), com o médico Tarcízio Pimenta falou sobre a bactéria Helicobacter pylori, mais conhecida como H. pylori. Esse tema é um pedido do público do programa, ressalta o médico. Essa bactéria habita o estômago e o intestino, numa região chamada doudeno, de 70% da população mundial, incluindo o Brasil. “Ela é uma bactéria comensal, vive com a gente e tem várias espécies. Em 1984 ela foi descoberta, o que deu uma reviravolta grande no tratamento de doenças gástricas, principalmente gastrite, úlcera gástrica, úlcera duodenal, câncer no estômago”.

Antes desse período, o paciente era pego em uma fase em que não poderia mais existir tratamento clínico, sempre evoluíam para cirurgias de estômago e intestino para tratamento de úlceras e determinadas patologias. “As cirurgias muitas vezes eram bem sucedidas, mas que traziam transtornos para o paciente. Imagine se tirar metade do estômago de um paciente, onde há a absorção do alimento, vitaminas e suplementos”.

Essa bactéria não era para viver no estômago. “Isso porque temos dentro do estômago um PH ácido, indo até 2 de PH, e a bactéria não resistiria a ele. Morreria e não teria força para ficar dentro do estômago e intestino. Só que ela se tornou inteligente e aprendeu a viver dentro do estômago e se proteger, produzindo uma enzima chamada urease e ela transforma a ureia que está dentro do estômago em amônia e gás carbônico, neutralizando o ácido dele. A bactéria forma uma capa sobre ela, se protege, ficando lá, para produzir as doenças”.

A H.pylori tem ainda cílios, “umas garras”, e com eles se prende as mucosas do estômago e intestino e assim nasce a úlcera, a gastrite, que pode evoluir para outras doenças mais complicadas até o câncer de estômago ou intestino, alerta. “Nem todo paciente que tem H. pylori positivo vai ter câncer. Isso porque, quando se faz a endoscopia, que é o exame ouro para detectar a bactéria, e o médico lhe diz que você a tem, pode virar um problema na sua cabeça. Ela é uma bactéria famosa, muito conhecida, está na boca do povo e é mal falada”.

O médico deve explicar ao paciente o que fazer e como prevenir para não a ter, quais são as medidas que devem ser tomadas e não assustar o paciente, diz. “70% da população tem essa bactéria e só 50% apresentam os sintomas. A cada 10 pessoas, 7 tem e 5 apresentam sintomas. As outras 5 não tem sintoma nenhum, é assintomático. Não tem azia, queimor, perda de apetite, não emagrece. Esses pacientes tem um tratamento diferente dos que apresentam sintomas. Tem que diferenciar”.

O tratamento é longo. Normalmente quando o paciente tem sintomas e precisa tratar, se impõe a ele uma regra de 14 dias de antibiótico. “Normalmente o que se passa é a amoxicilina ou uma gentamicina. Depois de 60 dias se faz uma nova endoscopia, tira um fragmento do estômago, faz uma biopsia e vê se matou a bactéria ou não. Se não matou por um motivo qualquer, principalmente pela questão da imunidade, não tem uma boa vitamina D, não dorme bem, está estressado, com vitamina C baixa e pode estar com um distúrbio na imunidade e não adianta dar antibiótico por que não vai curar”.

A doença volta e vai ter que impor um novo tratamento, trocando o antibiótico e fazer uma adequação, salienta. “Para isso, precisa realmente de um profissional que seja habilitado a fazer esse tratamento por que teria que usar inibidor de bomba de próton, que chamamos de omeprazol ou um desses “zol’s” da vida. Isso durante 60 dias para proteger o seu estômago e o probiótico, que é um medicamento, uma substância que vai melhorar sua flora bacteriana, por três meses. Isso porque você vai tomar antibiótico, eles trarão transtornos para a sua vida porque você mata o bom e mata o ruim e isso pode trazer complicações e problemas na sua saúde”.

O paciente deve ainda fazer os controles que devem ser feitos porque o H. pylori está diretamente relacionado com o seu estilo de vida. “É preciso que se saiba que o quadro de dor, perda de apetite, emagrecimento, náuseas, vômitos e má digestão que acontece tem relação com a sua condição de vida, como você vive. Essa bactéria é achada em coisa suja. Já está detectado que nós, seremos humanos, temos essa bactéria desde a infância em nosso organismo. Ela já estava em seu organismo, mas pode se manifestar numa idade mais avançada”.

É importante a higienização para controlar a bactéria. Lavar as mãos sempre que for ao sanitário, usar um alimento, porque ela está ali. “Não compartilhar talheres, copos, guardanapo, beber água de procedência porque a pessoa pode estar contaminada e passar a bactéria para você. Procurar comer alimentos cozidos, desinfetados e higienizados porque assim você mata a bactéria e deixa de consumi-la. Lavar as mãos ao ir ao banheiro porque nos coliformes fecais pode estar essa bactéria”.

São medidas que devem ser tomadas para evita-la porque se o paciente faz o tratamento e volta a fazer tudo isso de novo, a bactéria vai voltar. “Tem que fazer a prevenção, tomar todos os cuidados para que não venha mais a ter problemas dessa natureza”.

O paciente que faz biopsia ou o teste da urease e encontra a bactéria deve fazer o tratamento? depende, diz Tarcízio. Se ele já tem alguém na família que teve câncer, por exemplo, você deve acompanhar e tratar esse paciente, mesmo ele estando assintomático. “Tem que ver como o médico manipula isso porque nem todo o paciente que está com H.pylori precisa ser tratado especificamente com antibiótico porque ele causa problemas. Não se vende mais sem receita, mas tem gente que consegue comprar antibiótico sem. Não se deve usa-lo a qualquer custo”.

A preocupação de a bactéria transformar a gastrite e a úlcera em câncer só acontece em 1% da população que tem essas doenças. “De cada 100 mil pessoas, uma vai aparecer com câncer causado pelo H. pylori. Não é motivo de transformar a sua vida. Tem que haver um bom diálogo com o médico que está lhe assistindo para lhe explicar essas coisas”, finaliza.

Ouça aqui o áudio do "Palavra de Médico" deste domingo (1º).  

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