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Saúde Picadas

Picadas de peçonhentos podem levar à morte

No estado baiano foram registradas mais de 11 mil notificações, com quatro óbitos, este ano

27/05/2024 08h56
Por: Karoliny Dias Fonte: Tribuna da Bahia
Foto: Reprodução/A Cidade Votuporanga
Foto: Reprodução/A Cidade Votuporanga

A morte de um homem de 42 anos após sofrer uma reação alérgica fruto de uma picada de abelha em Itapetinga, interior da Bahia, reacendeu o alerta para as pessoas ficarem atentas aos cuidados envolvendo animais peçonhentos - aqueles que possuem glândulas de veneno e o injetam com facilidade por meio de dentes ocos, ferrões ou aguilhões. Além de abelhas, podem ser cobras, escorpiões, lagartas, aranhas e lacraias.

Conhecido como Lelé, o caminhoneiro Alex Pereira Santos foi levado para o Hospital Cristo Redentor naquele município, na última quinta-feira (23), mas chegou a unidade de saúde sem vida. A morte dele foi a quarta ocorrida na Bahia este ano. Em 2023 foram 24 óbitos.

Dados   da Secretaria de Saúde do Estado (Sesab) mostram que dentre as picadas de animais peçonhentos, a de abelha causou três mortes no estado, de serpente foram quatro e dos escorpiões, 15 óbitos.

Os números de acidentes envolvendo os peçonhentos são maiores. Em 2024, foram 7.762 picadas de escorpião, 1.313 de serpentes, 737 de abelhas e 434 de aranhas. Outros 348 casos de picadas foram registrados por animais não especificados, 'ignorados e em brancos' somam 217 e 85 de lagartas. 

Vários fatores atraem os animais peçonhentos para próximo do convívio humano. No caso das abelhas a presença de flores, de substâncias químicas como perfumes, loções e produtos de limpeza, é um exemplo. Já as chuvas e alagamentos costumam atrair as cobras que se perdem do seu habitat, mas também os escorpiões.

Escorpiões

A aparição dos escorpiões, conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS) está mais associada às localidades sem saneamento ou com serviços públicos precarizados. A incidência deles é a mais comum.  “Eles são atraídos por esgotos, caixas de gordura abertas, restos de material de construção e pilhas de madeira”, explica Jucelino Nery do Centro de Informação e Assistência Toxicológica (Ciatox) da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (SESAB).

Segundo a OMS, os acidentes provocados por esse tipo de peçonhento foram incluídos pela OMS na lista das doenças tropicais negligenciadas que acometem, na maioria das vezes, populações pobres. Em Salvador, a Secretaria Municipal de Saúde afirma que os distritos onde os escorpiões estão mais presentes são Itapuã, Cajazeiras, São Caetano, Valéria e Pau da Lima.

 “Escorpião está muito relacionado à questão de saneamento básico e as consequências do tempo chuvoso que facilitam acúmulo de lixo, de restos de material de construção, córregos cheios, lixões, alagamentos, e até queimadas, por exemplo. Eles saem do habitat natural, e vão a estes locais próximos às residências, pois encontram duas situações: um local úmido e insetos para se alimentarem, principalmente baratas”, explica.

Abelhas

As abelhas só atacam quando se sentem em perigo: um desses gatilhos é quando uma pessoa ou animal se aproxima demais do ninho e da colônia, faz algum gesto abrupto próximo a ela que indique uma agressão, inclusive, à sua fonte de alimento.  “Estão migrando do campo para a área urbana e isso em função de queimadas, uso exagerado de agrotóxicos”, explica Nery.

Embora os ataques cresçam mais no verão e na primavera, pois o calor deixa as abelhas agressivas e estressadas, as abelhas são animais pacíficos.

“Não costumam atacar sem motivos, só o fazendo quando sentem ameaçadas. Daí, elas liberam feromônio de alerta para chamar as outras abelhas a ajudarem na defesa”, afirma o apicultor Carlos Maia, de Santo Antônio de Jesus.  “As pessoas precisam apenas manter a tranquilidade quando ver a proximidade de um enxame de abelhas e tentar se afastar aos poucos, retirando os animais, evitando gestos abruptos. Não adianta jogar inseticida, colocar fogo, jogar pedra ou qualquer outro objeto”, acrescenta ele.

Evitar crendices populares, lavar com água e sabão e ir rapidamente ao hospital

Após a picada, é necessário lavar o local afetado com água e sabão, manter o membro picado elevado e tirar objetos que possam garrotear o membro picado. Em caso de reação alérgica, o indicado é retirar aparelhos dentários móveis ou próteses para o paciente não engasgar.

As orientações de especialistas é que se busque atendimento médico logo em seguida, seja levando o paciente até o hospital ou ligando para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), pelo 192. Entretanto, se a pessoa estiver inconsciente, a remoção não é indicada, pois há riscos à saúde dela.

O coordenador do Ciatox da Sesab, Jucelino Nery, acrescenta que não se deve dar comida para a pessoa, especialmente algo que possa alterar o nível de senso e percepção dela. “No caso da abelha, a primeira coisa é lavar com água e sabão e não passar nada mais. Nada de passar manteiga, borra de café, nenhum desses artifícios que podem agravar o quadro do paciente. Procurar tranquilizar a vítima e leva-la de forma segura”.

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