O Brasil enfrenta um cenário de registro expressivo de casos de doenças como dengue, Covid-19, H1N1 e HPV. Apesar das campanhas nacionais realizadas, que destacam a importância da vacinação, muitos ainda subestimam a importância da imunização.
Como alerta o professor titular de infectologia, Roberto Badaró, das quatro doenças infecciosas citadas, três estão endêmicas no Brasil e a dengue, epidêmica. Segundo ele, a vacina é uma forte aliada no combate à essas enfermidades.
“O Brasil já registra mais de três milhões de casos de dengue, com mais de mil mortes. A vacina protege contra os quatro sorotipos e o Butantan está fazendo uma vacina brasileira que tem uma taxa de proteção maior do que essa outra comercial, que chega a mais de 80% de proteção. Portanto, é importante que se vacine, sobretudo, as crianças, que têm uma exposição grande”, orienta o médico infectologista.
De acordo com dados divulgados nesta quarta-feira (10) pelo Ministério da Saúde, a partir do Painel de Monitoramento das Arboviroses, o país já notificou, desde o início do ano, 3.062.181 casos prováveis de dengue. O número já é quase o dobro de todo o ano passado, quando foram detectados 1,6 milhão de casos. Desde o início do ano, foram registradas 1.256 mortes por dengue em todo o país, além dos 1.857 óbitos que estão em investigação.
Em todo o Brasil, a Bahia, Alagoas, Maranhão, Pernambuco, Sergipe permanecem com tendência de aumento no número de casos. Conforme a Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab), até então, já foram aplicadas pouco mais de 103 mil doses da vacina contra a dengue no estado.
Cenário alarmante
Badaró alerta para o fato de que o país vive três endemias simultâneas, dentre elas, a da gripe H1N1 (influenza), que registra esse ano mais de 1774 mortes. “A vacina de gripe é segura e são duas doses que protegem, porque mais de 40% das crianças na idade escolar adquirem essa infecção pelo H1N1. A vacina protege contra a linhagem do H1N1, H3N2 e a linhagem B. E a imunidade ocorre logo duas semanas depois”, explica.
No mês de março deste ano, a Bahia recebeu os primeiros lotes da vacina contra o vírus da Influenza e, a previsão é que o Ministério da Saúde destine cerca de 1,5 milhão de doses para contemplar a campanha nos 417 municípios baianos. O público-alvo é formado por crianças de 6 meses a menores de 6 anos (5 anos, 11 meses e 29 dias); trabalhadores da Saúde; gestantes; puérperas; professores do ensino básico e superior; povos indígenas; idosos com 60 anos ou mais de idade; pessoas em situação de rua; profissionais das Forças de Segurança e Salvamento; profissionais das Forças Armadas; pessoas com doenças crônicas não transmissíveis e outras condições clínicas especiais independentemente da idade; pessoas com deficiência permanente; caminhoneiros; trabalhadores de transporte coletivo rodoviário para passageiros urbanos e de longo curso; trabalhadores portuários; população privada de liberdade e funcionários do sistema de privação de liberdade, além de adolescentes e jovens de 12 a 21 anos sob medidas socioeducativas.
Já quanto à Covid-19, apesar de todo o esforço empreendido durante a pandemia e que persiste, quando a pauta é imunização, casos graves da doença ainda ocorrem por falta de vacina. Desde o início da pandemia, de acordo com o governo federal, já são mais de 38 milhões de casos da doença no Brasil, com mais de 711 mil mortes.
“A Covid ainda não acabou, apesar de a vacina de RNA mensageiro ser muito boa, proteger, bem como a CoronaVac, é importante chamar a atenção de que ainda não acabou. Ainda tivemos, esse ano, 154 mil casos e 361 mortes, porque muitas pessoas não foram vacinadas. A vacina protege contra a doença grave”, alerta o infectologista.
Em fevereiro deste ano, amostras das sublinhagens JN.1 e JN.1.1 da variante Ômicron, do vírus que causa a Covid-19, foram detectadas na Bahia, segundo o Laboratório Central de Saúde Pública da Bahia (Lacen-BA). Na época, a cobertura da vacina Bivalente na Bahia era de 15,05%. O imunizante é destinado para pessoas com 60 anos ou mais e imunocomprometidos acima de 12 anos de idade que tenham recebido a última dose do imunizante há mais de 6 meses.
Por fim, ainda no panorama de doenças endêmicas, o HPV é uma infecção transmitida, sobretudo, na adolescência. No Brasil, são 700 mil casos novos por ano e 80% da transmissão é sexual. “A vacina é muito eficaz. É importante chamar a atenção que os pais devem vacinar os filhos a partir do início da adolescência”, orienta Badaró.
Segundo o Ministério da Saúde, o HPV é um vírus que causa infecções sexualmente transmissíveis, provoca verrugas em tecidos orais e genitais e, dependendo do tipo do vírus, pode causar câncer, como os de colo do útero, vulva, vagina, pênis, canal anal, entre outros. A vacina contra o HPV é aplicada no sistema público de saúde com foco, principalmente, em indivíduos que ainda não iniciaram a vida sexual.
No entanto, no país, a adesão à vacina de HPV não alcança o nível recomendado pela OMS, de 90% para meninas entre nove e 14 anos. Segundo o último estudo da Fundação do Câncer, com dados de 2013 a 2020, 76% do público-alvo havia tomado a primeira dose e apenas 56%, as duas doses previstas no esquema vacinal brasileiro. Em relação aos meninos, os números são ainda menores, com apenas 52% vacinados com a primeira dose em 2022.
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