Com uma cepa nova e que nos exige, a princípio, os velhos cuidados que já conhecemos, a dengue voltou a causar alerta na Bahia. Com seis casos em Feira de Santana e dois em Camaçari, essa é a primeira vez que a DENV-2, de genótipo II cosmopolita, foi encontrada no estado.
No Brasil, ela surgiu pela primeira vez no início deste ano, em Goiás. Presente na Ásia, no Pacífico, no Oriente Médio e na África, a DENV-2 ainda não mostrou sintomas muito divergentes da DENV-3 (comum no Brasil), mas as autoridades de saúde têm se mantido alertas a qualquer mudança.
“Ainda não podemos dizer que essa cepa é mais letal ou possui maior transmissibilidade do que a que já temos aqui, pois é algo novo entre nós, e não podemos precisar como será o comportamento dela. Por isso que é importante, epidemiologicamente falando, nos manter atentos a qualquer mudança, assim como seguir monitorando os pacientes contaminados nos municípios de Camaçari e Feira, e observar qualquer sintoma diferente”, explica a coordenadora estadual de doenças transmitidas por vetores, Sandra de Oliveira, da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Divep).
A Divep faz parte da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), que emitiu um alerta para os núcleos regionais de saúde e para as secretarias municipais de Saúde sobre a importância da detecção precoce de sintomas da dengue.
A cepa foi identificada pelo Laboratório Central (Lacen/BA) e, de acordo com o alerta, este genótipo é o mais disseminado no mundo.
Orientações
Dentre as recomendações da Sesab, estão a atualização e execução dos planos municipais de contingência das arboviroses, mobilizar e orientar a população sobre a situação epidemiológica local e as estratégias de prevenção e controle da dengue, desenvolver ações de rotina no combate ao mosquito Aedes aegypti, como forma de conter a disseminação do vírus, e atualizar profissionais de saúde em todos os níveis de atenção da rede pública e privada sobre os sinais e sintomas da doença, diagnósticos e manejo clínico adequado.
Quanto à população, os cuidados permanecem os mesmos: verificar se a caixa d’água está bem tampada, deixar as lixeiras bem tampadas, colocar areia nos pratos de plantas, recolher e acondicionar o lixo do quintal, limpar as calhas, cobrir piscinas, tapar os ralos e baixar as tampas dos vasos sanitários, limpar a bandeja externa da geladeira, limpar e guardar as vasilhas dos bichos de estimação, limpar a bandeja coletora de água do ar-condicionado, cobrir bem a cisterna e todos os reservatórios de água.
Velhas conhecidas da população, essas práticas foram deixadas um pouco de lado durante a pandemia, destaca o professor de microbiologia, farmacêutico da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e coordenador do Laboratório de Virologia do Instituto de Ciências da Saúde (ICS) da Ufba, Gubio Soares Campos.
Ações
O motivo foi óbvio, já que todo o mundo estava passando por uma pandemia sem precedentes, mas o momento agora é de retomar esses hábitos, afirma o professor. Tanto por parte da população, quanto pelos governantes.
“O abandono e a redução do cuidado com os lixões, com o descarte do lixo e até aqueles cuidados mais básicos com o quintal de casa, se tornaram comuns durante a pandemia. Foram dois anos difíceis, onde a grande preocupação geral, e com toda a necessidade, estava voltada para o Covid-19. Porém, a dengue continuou circulando durante todo esse tempo, apesar do abandono generalizado. Então, o momento agora é de voltar a intensificar as campanhas de conscientização e ações, com o objetivo de livrar a cidade e sua população dos riscos do Aaedes aegypti”, enfatiza o professor Gubio Soares Campos.
Sandra de Oliveira, da Divep, ainda pontua que o isolamento social na pandemia acabou por se tornar uma oportunidade perdida no que diz respeito ao combate à dengue.
“Houve essa dispersão na atenção dada pela população quanto a se proteger da dengue, mas era a oportunidade perfeita para que as pessoas dessem mais atenção a isso e seus lares, já que estavam mais em casa. Por isso que hoje necessitamos ter esse olhar para fortalecer e intensificar esses cuidados. Enquanto não tivermos essa atenção, vamos dar oportunidade e condições para que o mosquito entre no nosso meio”, explica.
Mín. 18° Máx. 26°
Mín. 18° Máx. 29°
Chuvas esparsasMín. 18° Máx. 28°
Chuvas esparsas