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Saúde Situação financeira

Lu Cachoeira fala sobre situação da Santa Casa de Cachoeira com aprovação do piso dos enfermeiros

Provedor ressalta que é impossível o pagamento do piso por essas unidades hospitalares.

19/08/2022 09h19
Por: Karoliny Dias Fonte: Boca de Forno News
Lu Cachoeira.
Lu Cachoeira.

Luís Antônio Costa Araújo, mais conhecido como Lu Cachoeira, provedor da Santa Casa de Cachoeira, falou sobre os impactos da aprovação do piso salarial dos enfermeiros na folha de pagamento para a unidade. Segundo ele, é impossível honrar com esse compromisso para os hospitais filantrópicos. “Será instalado um caos e uma crise no Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil. Esperamos uma decisão sensata do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a Ação Direta de Inconstitucionalidade sobre essa lei que as Santas Casas deram entrada”.

O que se pretende, é que se dê uma parada no processo para uma reflexão mais profunda e equilibrada em um momento eleitoral. Lu disse que entende a importância dos profissionais de saúde, principalmente com a pandemia, onde desempenharam um grande papel nessa guerra e ganham pouco com o risco de vida que passam. “Mas os pagadores, os maiores empregadores desses profissionais, também sobrevivem do orçamento do SUS, que é vergonhoso para o que nós realizamos. Não temos condições nenhuma de pagar esse piso por isso”.

Na média complexidade, o contrato da Santa Casa de Cachoeira com o SUS paga R$ 349 mil se realizarem 100% das metas contratadas e 40% desse valor é de incentivo para compensar a baixa tabela do SUS. “Se tirar esse incentivo, estaríamos recebendo apenas R$ 209 mil”.

Ainda na média complexidade, sem recolhimento dos tributos, o valor pago a funcionários é o de R$ 200 mil. Na alta complexidade, a folha vai R$ 250 mil. “E nós recebemos, se produzirmos 100% do internamento dos leitos de UTI, R$ 480 mil. Mais de 50% vai para pagamento dos profissionais por ser uma atividade intensiva. Isso sem o pagamento do piso salarial”.

Todos os meses, ressalta Lu, a Santa Casa tem mais de R$ 50 mil de déficit. “No ano chega a quase R$ 2 milhões. Qual o milagre que fazemos? Aprendemos a negociar dívidas porque os fornecedores dos hospitais filantrópicos já sabem que o seu cliente precisa do seu material e ele precisam vender para não ficar com o galpão cheio e perder esse medicamento”.

Todas as Santas Casas da Bahia e do Brasil está atuando de maneira coordenada para ver o que vai fazer para não fechar as portas, diz Lu. “Uma das ideias para se ter orçamento para a aprovação dessa lei, era a legalização dos jogos de azar e jogar esses valores para esse fim. São bilhões distribuídos em emendas que ninguém sabe. O país está literalmente desgovernado. Estamos vivendo esse cenário”.

Na Santa Casa de Cachoeira, o que ele pode fazer está, que é dialogando. Tem-se ainda um planejamento estratégico, feito com competência, dedicação e sem remuneração dos seus diretores, onde mesmo com a pandemia o hospital conseguiu se manter e manter os seus serviços com qualidade.

“A mudança nessa situação está em nossas mãos, que é no nosso voto. É preciso votar em alguém que apoie uma mudança no país e que ajude o SUS, que cuida dos brasileiros e brasileiras. O que está reinando é o projeto neoliberal do Paulo Guedes, daqueles que acham que o SUS é um luxo e que quem tem dinheiro pague pelos seus serviços. Não investem no SUS, não valorizam a parceria que tem com a rede de hospitais filantrópicos no Brasil que faz 70% de alta complexidade e as redes filantrópicas desrespeitadas. O neoliberalismo é o pobre que se vire, morra se não tiver dinheiro para pagar uma clínica particular ou um plano de saúde”.

O provedor diz ainda que existe um esquema dentro do Congresso Nacional que tem um objetivo de acabar com a filantropia e eles tem lutado contra isso há cinco anos. “Tentaram tirar a isenção fiscal patronal da filantropia de 22% tanto na saúde como na educação. Tentaram fazer isso. Tasso Jereissati era o relator”, finalizou.

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