Nesta terça-feira (11), circulou um vídeo nas redes sociais da vereadora Ligia Costa Rosa, da cidade de São Francisco do Conde, pedindo que as pessoas anotassem um número com DDD 71 de onde ela recebeu ameaças de morte. O seu noivo também foi ameaçado em seu celular. O pedido foi feito em uma sessão ordinária na Câmara de Vereadores da cidade. Como esse DDD está em várias cidades, a vereadora disse que não tem como afirmar de qual localidade ela vem.
Em entrevista ao Programa Rádio Total, das rádios Paraguassu FM e Santo Amaro FM, a vereadora afirmou que todas as sessões, pelo caos e pela gravidade da situação que a cidade vive, tem sido tumultuada e ontem não foi diferente. “Tive uma reunião com os vereadores para a instalação de uma CPI, Comissão Parlamentar de Inquérito, e enquanto eu estava discursando na tribuna o meu noivo recebeu várias mensagens nos ameaçando de morte. Depois, descobri que enviaram para o meu celular antes que eu fosse a tribuna. Não sei se na tentativa de me intimidar e que eu não fizesse o uso da palavra, mas nem cheguei a ver”, disse.
As ameaças foram feitas por mensagem de texto, contendo a sua foto e a de seu noivo com o aviso de que eles seriam mortos e pedindo que ela ficasse calada. Por esse motivo, ela as tornou públicas. “Considero que uma ameaça como essa não é para a vereadora, mas para a democracia, toda a Câmara e a cidade de São Francisco do Conde. A única certeza que eu tenho é que a pessoa que fez essas ameaças é um criminoso, mas não posso afirmar quem fez porque tenho uma atuação independente e em prol do povo. E não tenho problemas nenhum com ninguém, nem na sociedade e nem no meio político”.
Assim que a sessão acabou, Ligia foi a Delegacia de São Francisco do Conde e fez o registro da queixa. “Fomos muito bem atendidos pelos servidores presentes, já fomos ouvidos, já temos o termo e as investigações estão em andamento para localizar esse número e a pessoa que cometeu esse crime de ameaça”.
A vereadora acredita que a intimidação veio após o contexto da sessão ser sobre a área de saúde do município e haver esse pedido de abertura de uma CPI para investigar. “O contexto foi esse e não temos como fugir disso, mas tenho tomado muitas outras posições em prol do povo que muitos talvez não concordam. Entre não concordar e ameaçar a vida de uma representante do povo existe uma distância muito grande”.
O pedido de CPI veio através da necessidade de investigar especificamente o estoque de medicamentos e surgiu porque desde janeiro o município não informa esse estoque no Portal da Transparência, ressalta. “E também porque aprovamos uma lei, eu fui autora dela, pedindo a transparência e infelizmente o Executivo se recursou a sanciona-la, criando meios jurídicos para tentar impedir que tenhamos acesso de quanto temos de medicamentos no município”.
Ligia ressaltou que, como vereadores, eles estão nas ruas e percebem que as pessoas não tem medicamentos. “As pessoas não tem losartana, dipirona, paracetamol, medicamentos básicos. Esse é o motivo da CPI. Tentei por outros caminhos, por ofícios, Portal da Transparência, através dessa lei e como fui impedida só me restou fazer o requerimento da CPI para investigar quanto de medicamento temos hoje em nosso município”.
A CPI já tem três assinaturas: a sua e a dos vereadores Clebeson da Silva, mais conhecido como Muriel Já é, e de Rafael Costa Nogueira. “Precisamos de mais duas assinaturas. Não temos prazo para colher essas assinaturas. Entreguei ontem na sessão um requerimento com todas as provas e fundamentação. Acredito que os colegas estejam apreciando para tomar a melhor decisão”.
Essa é a primeira que a vereadora sofre esse tipo de ameaça. “Por isso a tornei pública imediatamente. Isso, para mim, foge de qualquer naturalidade”. Ligia acredita que a situação administrativa da cidade é uma incógnita. “Como sou advogada, eu diria que falta organização. Temos processos que não são respeitados, as decisões tomadas não são amparadas legalmente, não é feito de forma transparente”.
Diante dessa situação de ameaças, ainda assim, Ligia disse que não pretende andar com seguranças. “Tomarei os mesmos cuidados que eu e toda a população já tomamos todos os dias. Evito andar a noite após certo horário, mas não vou deixar de ir a Câmara e de atender em meu gabinete. Não mudarei nada em minha rotina porque acredito que quem fez a ameaça quer isso, que eu me esconda”.
Nota de Solidariedade
A Câmara Municipal se solidarizou com a situação da vereadora. Em uma Nota de Solidariedade, assinada pelo presidente, o vereador Carlos Alberto Bispo Cruz, chamou as ameaças de “execráveis”. Veja a nota abaixo:
“ESTADO DA BAHIA
CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO FRANCISCO DO CONDE
NOTA DE SOLIDARIEDADE A VEREADORA LIGIA COSTA ROSA, ANTE AS AMEAÇAS DE MORTE RECEBIDAS
A Câmara Municipal de São Francisco do Conde vem prestar sua mais completa e incondicional solidariedade à vereadora Ligia Costa Rosa, que, durante a sessão realizada hoje, 11 de novembro de 2025 (terça-feira), sofreu gravíssimas ameaças à sua vida e às suas liberdades políticas, através de mensagem anônima recebida via WhatsApp. A mensagem, execrável, não só a ameaça de morte, como cita seu noivo e companheiro, que também já exerceu o cargo de Procurador Geral da Câmara.
Não podemos nos calar diante de tamanha violência que se coloca contra uma parlamentar desta Casa, pelo que lançamos nossa integral solidariedade a edil e sua família.
Gabinete da Presidência, 11 de novembro de 2025
Carlos Alberto Bispo Cruz Presidente”
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