O programa Boca de Forno News deste domingo (1º) conversa com o vereador reeleito de Feira de Santana, Silvio Dias, do PT. Silvio fala sobre diversos assuntos. O primeiro deles é sobre a acusação que fez ao deputado estadual Pablo Roberto (PSDB). Segundo Silvio, o deputado, vice-prefeito eleito em Feira de Santana, está cometendo um “estelionato eleitoral”. Isso porque ele ainda não decidiu se continuaria na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) ou assumiria o cargo de vice-prefeito na cidade.
“Quando você coloca seu nome à disposição em uma eleição você está firmando um contrato com a população de representa-la. E, quando você é eleito, esse contrato fica ainda mais forte. Você tem a obrigação de cumprir aquilo que você prometeu junto aos seus eleitores que saíram de suas casas, acreditaram naquilo que você falava e votaram em seu nome. Como é que depois de eleito você diz a essa população que não vai assumir o seu mandato? Que garantia esse eleitor tem que aquilo que ele pensou, que ele imaginou, vai acontecer, tendo em vista que aquela pessoa que ele colocou para representá-lo não vai assumir?”, questiona.
Silvio é categórico em afirmar que isso é estelionato eleitoral. “O deputado teve tempo suficiente para pensar. Ele se pré-candidatou primeiro para prefeito, inúmeras vezes disse que não iria renunciar essa candidatura, que iria mantê-la até o final. Surpreendendo seus eleitores, muda de opinião, vai para uma candidatura a vice. Muita gente, nesse momento, já ficou constrangido em ter que votar no prefeito eleito, tendo em vista que todo o discurso era um discurso que o Pablo era o novo, que ele iria manter a candidatura e muita gente acreditou. Inclusive políticos ligados a ele, acreditaram nisso”, diz.
E, de repente, diz Silvio, houve uma mudança de postura. “Ele vai e se candidata a vice. Muitas pessoas votaram no prefeito eleito em razão do deputado ser o seu vice. Isso impactou, com certeza, no resultado da eleição, tendo em vista que nós tivemos uma diferença mínima entre o deputado Zé Neto e o candidato que foi eleito. E quando ele diz que não vai assumir o mandato por interesses pessoais, isso causa efetivamente, no mínimo, um constrangimento para os seus eleitores”, explica.
O vereador questiona a quem os eleitores de Pablo vão cobrar uma representação na cidade, já que em quem eles votaram não vai assumir o mandato. “Isso é imoral, é antiético e, do ponto de vista eleitoral, um estelionato. É você colocar o seu nome para ajudar a eleger determinado candidato depois dizer que não vai assumir. Feira de Santana aguarda essa decisão”.
Novo governo
Para Silvio, independente de que lado se esteja, e o dele todos sabem qual é, ele torce para que o futuro prefeito José Ronaldo dê certo. “Que ele cuide melhor da cidade, mude essa engrenagem política e toda essa politicagem que existe na cidade de que tudo depende de um pedido político. Estou torcendo, enquanto feirense, que isso venha mudar. E, óbvio, espero que o Pablo não cometa esse erro estratégico porque eu vejo isso como sendo um suicídio político. O eleitor pode não mais acreditar nas falas de quem se coloca como candidato e logo depois de eleito desiste assumir o mandato”.
O primeiro mandato de Silvio Dias termina no dia 31 de dezembro nesta legislatura. Ele teve o seu mandato renovado para a nova Legislatura. Avaliando a Câmara Municipal, onde muitas confusões aconteceram, principalmente entre o Legislativo e o Executivo, e a cidade não andou como deveria devido a elas. Na opinião do vereador, a cidade também faz essa mesma avaliação, que a Câmara acabou discutindo interesses pessoais, vaidades e muitas vezes fugiu ao mínimo do decoro exigido dentro de um parlamento.
“Óbvio que a imagem que ficou para a população foi de que os assuntos não eram discutidos como deveriam. Entretanto, o parlamento precisa ter efetivamente discussões, mas, claro, mantendo-se o decoro, o respeito aos outros que estão ali no plenário e também aos que estão na galeria e assistindo de suas casas através da internet. Mas acredito que a Câmara, nessa legislatura, discutiu mais que as outras. Isso do ponto de vista de projetos importantes a serem votados, a serem emendados. Mesmo passando para a população essa imagem, eu creio que a Câmara, no final, teve um resultado prático melhor enquanto o poder que deve ser independente em relação ao Executivo”, diz.
Silvio acredita nisso porque, citando como exemplo, já se viu em Feira de Santana situações onde a Lei Orçamentária chegava pela manhã na Casa e a tarde já era votada sem ninguém emendar, discutir. “Simplesmente se chancelava o que vinha do executivo. A Câmara tem que ter independência, tem que ter discussão dentro de um quadro de harmonia. Tem que se discutir os pontos de vista de cada um, aquilo que é melhor para a cidade e aquilo que você representa. Se eu represento a zona rural, ou o bairro mais pobre, ou a educação, eu vou brigar por ele”.
Para o vereador, a Casa é um ambiente para se discutir. “Agora, de fato, muitas vezes passou-se dos limites. Mas a análise que fica, observando o resultado final da eleição, onde 16 vereadores retornaram, é que a Câmara não foi tão avaliada negativamente pela população tendo em vista que grande parte retornou”.
Bancada de oposição
Questionado como será a bancada de oposição a partir de janeiro de 2025, quando o novo prefeito José Ronaldo assume os destinos de Feira de Santana e o gerenciamento da cidade, Silvio diz que a missão não será fácil. “Enquanto a oposição nós teremos uma missão muito difícil. Foram eleitos 15 vereadores ao lado do prefeito eleito. De início já é uma missão difícil porque nós estamos em minoria. É óbvio que nós vamos continuar propondo e acreditando que os vereadores que foram eleitos ao lado do governo vão colocar primeiro a vontade popular, o interesse do povo, em contrário daquilo que é determinado pela Prefeitura. É o que nós esperamos”, fala.
Mas, diz ele, se sabe também que o histórico desses que estão na Câmara é de se submeterem ao Poder do Executivo. “Então vai ser difícil, mas a população acredita numa Feira melhor e hoje temos um número grande de pessoas que querem uma cidade diferente. A eleição passada mostrou isso, já que nós tivemos um embate muito duro entre os dois grupos e por pouco Zé Neto não chegou a ganhar essa eleição. Se não fosse a vulnerabilidade pela qual a cidade está submetida, nós teríamos, com certeza, ganhado essa eleição, mas ficou o império da vulnerabilidade, da necessidade, do fisiológico”, lamenta.
Mas a cidade tem uma grande parcela que está acreditando em uma cidade melhor, ressalta. “E eu digo a esses que, enquanto vereador, estarei na Câmara brigando e acreditando que é possível propor leis, melhorar a cidade, fiscalizar o Executivo e, a partir disso, acreditar numa cidade melhor”.
Candidato a deputado estadual
Informações dão conta de ele pretende ou pelo menos tem conversado preliminarmente sobre uma possível candidatura a deputado estadual. Perguntado sobre a veracidade dessa informação, o vereador Silvio Dias diz que tem um eleitorado muito grande na cidade. “Nós temos aqui mais de 400 mil eleitores. Para se ter uma ideia, votos válidos na última eleição foram mais de 330 mil. A cidade tem que ocupar esse espaço de representação política no estado. É importante que nós voltemos a ter em Feira de Santana um número grande de deputados. Hoje nós temos apenas três deputados eleitos na cidade com uma votação representativa e eu vejo a necessidade de termos mais. Tanto no campo da direita, como no campo da esquerda é necessário termos candidatos de Feira de Santana e que sejam votados aqui”.
Ele sabe que não é o momento de discutir nomes, mas é o momento de se discutir a necessidade de ter candidatos de Feira de Santana. “Eu estarei fazendo isso. É claro que havendo a possibilidade dentro do partido de que eu coloque meu nome, ele está à disposição sim. Precisamos discutir a necessidade de ampliar a representação política de Feira de Santana no âmbito estadual e também no âmbito federal”.
Silvio lembra que a cidade chegava a ter quatro deputados federais. “Hoje nós temos apenas um deputado federal de Feira de Santana e que representa bem a cidade, que é o deputado Zé Neto. Mas precisamos de mais. Essa representação de nossa cidade é a garantia de que ela vai ser vista pelos governos Estadual e Federal e é por isso que eu brigo para que Feira de Santana tenha mais nomes disputando a candidatura a deputado”.
Se lá na frente for o seu nome a disputar, diz o vereador, ele garante que o fará com muito empenho, como vem fazendo. “A nossa briga agora é que a cidade tenha muitos nomes com capacidade de se eleger tanto como deputado estadual, como deputado federal”.
Eleição de presidente na Câmara
Questionado sobre quem apoiaria para assumir a presidência da Câmara no próximo ano, o vereador disse que iria com aquele que garanta a independência da Casa. “Esse é o principal ponto. Nós não podemos ter uma Câmara que diga “amém” ao que o Executivo quer. A democracia, a República e a tão falada liberdade vem dessa construção onde nós temos poderes harmônicos, mas independentes”.
Por esse motivo, salienta Silvio, não se pode ter uma Câmara de Vereadores que faça tudo que o prefeito quer. “Ela pode até fazer, desde que se faça uma discussão independente, de que se aquilo é necessário ou não para a cidade. Nós vamos votar, e aí falo como oposição, com os vereadores Luiz da Feira, acredito que a vereadora Lu de Ronny deva também ter uma postura de votar unificado, tendo em vista que ela foi eleita pela federação do PT, PCdoB e TV”.
Mesmo contando com Lu de Ronny, Silvio sabe que ela estava recentemente numa reunião com os vereadores ligados a Zé Ronaldo e o próprio prefeito eleito também estava. Silvio disse que até onde soube, aquela foi uma reunião de vereadores e que, de surpresa, o prefeito eleito havia chegado. “Ao menos foi o que eu fiquei sabendo. É natural que, neste momento, vereadores se encontrem para discutir o que é melhor para a Casa. Eu já me reuni com outros vereadores como José Carneiro, Pastor Valdemir, com os que foram eleitos na base do candidato Zé Neto. É natural que as discussões aconteçam”, destaca.
Pela pouca experiência que tem, Silvio acha que essa decisão só vai acontecer no final de dezembro ou início de janeiro. “Ou seja, é entre os dias 30, 31 de dezembro e 1º de janeiro que realmente essa decisão deve acontecer. Até lá, muita conversa deve ser feita. Mas nosso ponto de vista, a premissa é a independência. Que a Câmara ela tenha a possibilidade de manter as discussões, a independência, a fiscalização do Executivo, que é o que garante que o nosso povo tenha um serviço público de qualidade na saúde, na educação. Se ficarmos na Câmara sem cumprir esse papel, aí sim é que precisaremos repensar a função de vereador e, inclusive, se há necessidade ou não de ter um Legislativo Municipal, tendo em vista que ele só chancelará aquilo que vem do Executivo”, finaliza.
Mín. 20° Máx. 36°
Mín. 20° Máx. 36°
Tempo nubladoMín. 22° Máx. 38°
Tempo nublado