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Dia 29 de agosto é o Dia Nacional de Combate ao Fumo

Data foi instituída com o objetivo reforçar as ações nacionais de sensibilização e mobilização da população para os danos sociais, políticos, econômicos e ambientais causados pelo tabaco.

29/08/2023 08h32
Por: Karoliny Dias Fonte: Boca de Forno News
Foto: Reprodução / INCA
Foto: Reprodução / INCA

29 de agosto é o Dia Nacional de Combate ao Fumo. A data foi instituída com o objetivo reforçar as ações nacionais de sensibilização e mobilização da população para os danos sociais, políticos, econômicos e ambientais causados pelo tabaco. Criado em 1986 pela Lei nº 7488, a data inaugura a normatização voltada para o controle do tabagismo como problema de saúde coletiva.

O site do INCA, Instituto Nacional de Câncer, afirma que a campanha do Dia Mundial sem Tabaco 2023 tem como objetivo incentivar os governos a acabar com os subsídios ao cultivo do tabaco e a usar recursos econômicos para programas de substituição de cultivos que melhorem a segurança alimentar e a nutrição. A campanha também visa aumentar a conscientização sobre as formas como a indústria do tabaco interfere nas tentativas de substituir o cultivo do tabaco por culturas sustentáveis, contribuindo assim para a crise alimentar global (OMS, 2022).

Câncer, tuberculose, impotência e doenças respiratórias. O cigarro, esse vilão invisível, traz consigo uma série de problemas de saúde. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 8 milhões de vidas são perdidas anualmente devido ao uso do tabaco. E não é só isso, mais de 1 ,2 milhão de pessoas falecem a cada ano devido ao chamado fumo passivo, ou seja, aqueles que não fumam, mas convivem com fumantes.

A médica pneumologista Alana Medeiros explica que o cigarro, ele se apresenta como um inimigo e desencadeia diversas doenças. Ela acha que é importante se debater esse tema, ainda mais num mês tão propício que nós estamos vivendo, que é o Agosto Branco, um mês de conscientização e combate ao câncer de pulmão.

“O tabagismo continua sendo o principal fator de risco para o câncer de pulmão. Inclusive, estão sob risco os fumantes passivos, que são aquelas pessoas que convivem com fumantes, no seu ambiente domiciliar ou no seu ambiente de trabalho, onde quer que seja, tendo um risco de cerca de 10% de desenvolver a neoplasia de pulmão, ou seja, os cânceres de pulmão”, explica.

E, além do câncer de pulmão, que é a doença que o paciente logo se recorda quando se fala no hábito de fumar, a médica ressalta que se tem ainda que lembrar sobre as outras doenças respiratórias, como a asma do DPOC (que é causada pelo tabagismo), que são muito prevalentes, e comuns no consultório médico, que são doenças inflamatórias. “E em sendo inflamatórias, sofrem uma ação agravante do cigarro, que contribui para o aumento dessa inflamação e o aumento dos sintomas, como tosse, falta de ar, dor no peito, aquele chiado no peito”.

Além disso, destaca ainda a pneumologista, existe o risco de desenvolver outros tipos de cânceres que não só o de pulmão, como o câncer de bexiga, de colo de útero, o câncer de mama. “Os impactos negativos são diversos”.

Edna Rita, ex-fumante, com 52 anos, começou o seu hábito ainda na juventude. Após 23 anos de tabagismo, conseguiu finalmente deixar o cigarro há 16 anos. “Eu tive muitos problemas enquanto era fumante. Eu não estava conseguindo mais respirar muito bem e por fim eu tive um começozinho de infarto. O médico me disse que se eu não deixasse de fumar, talvez tivesse um infarto fulminante. Eu escolhi viver. E hoje, um dos benefícios que tenho é que, com certeza, economizei minha vida em 16 anos e me sinto bem melhor”.

Edna faz caminhada, corre e conseguiu recuperar o seu fôlego. “Tenho outra qualidade de vida. Quando eu fumava, só fazia uma refeição por dia. Eu não sentia vontade nem de comer, só era de tomar café e fumar. E hoje eu vivo bem, graças a Deus”.

Às vezes, na tentativa de reduzir danos à saúde, algumas pessoas optam pelo cigarro eletrônico. No entanto, a médica Alana adverte que esses dispositivos eletrônicos não são isentos de riscos. “Muito se tem falado a respeito da inocência dos dispositivos em relação a não serem produtos com nicotina no seu interior. No entanto, isso é apenas uma forma de propagandear um produto novo para o público jovem, em sua maioria, que acaba sendo convencido. Eles não viveram a época da conscientização contra o tabaco no passado. Então, os dispositivos eletrônicos, alguns deles contém sim nicotina, alguns deles, inclusive, contém o THC, os derivados da maconha. Podem ter ainda concentração de nicotina muito maiores do que um cigarro de combustão, que é o cigarro convencional”.

Os dispositivos eletrônicos para fumar (DEF), são também conhecidos como cigarros eletrônicos, vaper, pod, e-cigarette, e-ciggy, e-pipe, e-cigar, heat not burn (tabaco aquecido), entre outros. 

A médica também explica ainda como funciona o cigarro eletrônico. Segundo ela, um pode, que é descartável, produz um vapor menor, com juices de alto teor de nicotina, e tem uma quantidade limitada de tragadas, equivale a 200 tragadas de um cigarro de combustão. “Isso é para termos noção do dano que isso pode gerar. Além disso, de um vapor e não de fumaça, porque não tem queima, esse líquido contém outras substâncias danosas, inclusive metais pesados. Os próprios aromatizantes, que são as substancias que dão sabor ao cigarro eletrônico, favorecem também ao risco de desenvolvimento de câncer e de outras doenças pulmonares e cardíacas, inclusive”, explica.

Apesar dos inúmeros benefícios de parar de fumar, abandonar o tabagismo é uma batalha complexa, frequentemente marcada por recaídas. Para muitos fumantes, a libertação só foi alcançada após várias tentativas. Essa luta contra o cigarro requer esforço e determinação, mas verdadeiramente vale a pena.

“O primeiro passo é sempre o esclarecimento, a orientação. E ele pode vim tanto da consulta médica com o pneumologista, quanto com qualquer membro da equipe multidisciplinar. No cenário ideal, além do médico, atua também o fisioterapeuta, o psicólogo na motivação, na manutenção da coragem para deixar de fumar. Do ponto de vista médico, além da orientação e do acompanhamento, existem medidas terapêuticas, como adesivos e gomas reprodutores de nicotina, substituindo o papel do cigarro no entendimento do organismo, e outras medicações até no formato de comprimidos que ajudam a modular a vontade de fumar”.

A pneumologista diz que os médicos estão sempre dispostos a contribuir no fim do tabagismo haja vista a quantidade de danos que sabe-se que ele pode trazer. “Sempre discutimos esse tema nas consultas porque é uma oportunidade de descobrirmos como podemos contribuir”, diz a médica.

Edna lembra que no começo das tentativas para se livrar do vício. “Você precisa ter muita força de vontade. Eu ficava nervosa, sem dormir e, quando deixei de fumar, fiz isso com uma carteira de cigarros dentro de casa. Todo dia eu tirava um, cheirava, molhava e jogava fora. Meu marido era fumante e ficava dentro de casa fumando. Eu olhava e dizia que não iria fumar. Sofri muito para me libertar. Com um ano que tinha parado de fumar, tentei fumar um cigarro, mas na primeira tragada me senti mal, com náuseas e ali tive certeza que nunca mais conseguiria fumar”, finalizou.       

Com informações da repórter Engledy Braga

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