Há quem discorde, mas o senador Otto Alencar (PSD-BA) deu, na última semana, um exemplo de como reagir às sucessivas tentativas de sequestrar a “agenda setting” pela extrema-direita no Brasil. Enquanto um grupo de baderneiros travestidos de parlamentares ocupavam a Câmara e o Senado para impedir o funcionamento do Congresso Nacional, Otto manteve a sessão da Comissão de Constituição e Justiça para apreciar indicações diversas que estavam pendentes. Conhecido pela posição firme, o senador baiano fez o que precisava ser feito: peitou os próprios pares para trabalhar.
Os dias em que bolsonaristas comunicavam como “obstrução” a tentativa de ameaçar o parlamento foram funestos para a história recente do país. Sem entrar no mérito dos protestos em si — os quais considero exagerados e constrangedores diante dos demais problemas brasileiros —, o ato de ocupar as mesas diretoras diminuiu não apenas Hugo Motta (Republicanos-PB) e Davi Alcolumbre (União-AP), mas todo o Congresso Nacional, que ficou, temporariamente, acuado como uma presa cercada por predadores irascíveis.
Existem formas e formas de fazer protesto. Quando Luiz Inácio Lula da Silva esteve preso em Curitiba (PR), o protesto realizado por alguns petistas foi o “bom dia” do lado externo da carceragem da Polícia Federal. Recentemente, Glauber Braga (PSOL-RJ) fez uma greve de fome e “acampou” na Câmara depois que o Conselho de Ética deu aval para o início de um processo que poderia culminar com a cassação do mandato dele.
A própria direita, quando era uma oposição civilizada, sabia fazer protestos. ACM Neto, à época deputado federal pelo PFL, chegava antes de todos na CPI dos Correios para ser o primeiro a perguntar e constranger os governistas no primeiro mandato de Lula na presidência. No processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, houve quem realizasse protestos nas ruas do Brasil, tal qual os caras-pintadas da era Fernando Collor. Tudo dentro das regras do jogo democrático. Mas o Brasil pós-2013 e suas jornadas de junho se tornou apocalíptico demais para seguir uma normalidade palpável.
A prisão domiciliar de Jair Bolsonaro é só justificativa para pautas de autopreservação de deputados e senadores, a exemplo do debate sobre a prerrogativa de foro e de limitações à atuação do Supremo Tribunal Federal. Foi a tempestade perfeita para que, em efeito manada, a extrema-direita fizesse a balbúrdia que vimos. Felizmente, houve uma saída negociada para a crise, antes restrita na relação entre os poderes e agora atingindo internamente o Congresso Nacional. E olha que os custos dessa solução não podem ser completamente mensurados ainda.
Se Hugo Motta e Davi Alcolumbre demoraram a perceber a gravidade da situação em que foram colocados pelos próprios pares, Otto Alencar foi quem deu a senha de como encarar o caos e fazer o trabalho para o qual foi escolhido pelo povo para fazer. O senador do PSD pode não agradar a todo o eleitorado local, mas deveria ser motivo de orgulho para os baianos que são representados por ele lá. Justamente por fazer o simples: levar à cabo o ditado que “cão que ladra não morde”.
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