Três mulheres ligadas a aliados políticos e familiares do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), acumulam cargos no gabinete do parlamentar em Brasília, enquanto trabalham ou estudam em outras cidades. Somente em 2025, os vencimentos das funcionárias somaram R$ 112 mil, incluindo salários, gratificações e auxílios.
O jornal Folha de São Paulo cruzou dados de redes sociais, registros oficiais, documentos públicos e acompanhou a rotina das servidoras, que se recusaram a detalhar suas funções ou horários de trabalho no gabinete de Motta, presidente estadual do Republicanos na Paraíba e parlamentar desde 2011.
Quem são as funcionárias fantasmas?
Gabriela Pagidis: fisioterapeuta em duas clínicas do Distrito Federal, ela atua em horários regulares e publicou fotos nas redes durante o expediente. Filha da ex-chefe de gabinete de Motta, foi contratada em 2017 e hoje recebe R$ 13,3 mil mensais do gabinete. Questionada sobre suas funções, alegou cuidar de agenda e eventos, mas encerrou a ligação ao ser confrontada.
Louise Lacerda: filha de ex-vereador aliado de Motta, cursou medicina em período integral em João Pessoa (PB) enquanto recebia salário como assessora parlamentar. Desde 2018, ganha cerca de R$ 4.600 mensais, mesmo sem comprovar presença em Brasília. Ela se recusou a prestar esclarecimentos e bloqueou o número da reportagem.
Monique Magno: assistente social na Prefeitura de João Pessoa, também recebe salário da Câmara desde 2019. Teria que trabalhar 14 horas diárias, sem intervalo, para cumprir ambas as cargas horárias. Em processo judicial, omitiu o cargo no Congresso. Disse à Folha que “cumpre tudo certinho” e ainda cuida de uma criança como mãe solo.
Além das três, Motta emprega ainda Maria do Carmo Brito, ex-sogra do pai, com salário de R$ 4.700 somado à aposentadoria. Em processo judicial, Maria alegou não ter emprego.
O que diz o deputado?
A assessoria de Hugo Motta afirmou que os funcionários cumprem suas obrigações “de forma rigorosa”, mesmo remotamente, e que não há obrigatoriedade de registro de ponto conforme regras da Câmara. O gabinete se recusou a informar funções e horários das servidoras.
A Câmara dos Deputados proíbe o acúmulo de cargo público e exige dedicação compatível com a função. O caso pode configurar prática de “funcionário fantasma”.
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