Caso o governador Jerônimo Rodrigues não entre pessoalmente em campo até os 45 minutos do segundo tempo, o deputado estadual Júnior Muniz (PT) tem grandes chances de ser eleito na tarde de terça-feira (1) primeiro vice-presidente da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), contra as diretrizes da bancada do próprio partido, cuja maioria dos nove integrantes anunciaram previamente apoio à petista Fátima Nunes. Parlamentares com influência na base aliada ouvidos pela coluna asseguram que Muniz só recuaria da candidatura por um pedido direto do governador. "Pelas últimas conversas que tivemos, ele deixou claro que não adianta apenas a palavra da articulação política do Palácio de Ondina. Tem que ser a de Jerônimo", destacou um cacique governista com status de liderança na Alba.
Para entender
Semana passada, Junior Muniz causou um fuzuê no plenário da Alba ao apresentar candidatura de última hora ao segundo cargo mais importante na Mesa Diretora do Legislativo estadual. Até então, o caminho estava pavimentado para Fátima Nunes, que reuniu o apoio de sete deputados petistas. Muniz e Euclides Fernandes foram os dois únicos membros do partido na Casa que não endossaram a indicação de Fátima Nunes. "Se a bancada do PT não tivesse derrubado a sessão de quarta-feira (26), ele teria sido eleito naquele dia mesmo, com pelo menos 45 dos 63 votos. E se seguir no páreo ganhará, sem sombra de dúvida", avaliou um parlamentar da oposição, para quem Junior Muniz tem a adesão integral da minoria e de boa parte do bloco do governo.
Nariz torcido
Líderes dos polos de poder na Alba afirmaram que a vantagem de Júnior Muniz no páreo tem como pano de fundo o alto nível de resistência interna a Fátima Nunes. "A imensa maioria dos pares fala abertamente que não votaria nela nem se fosse candidata única. Na verdade, muito provavelmente Fátima perderia para ela mesmo. Somaria menos votos dos que os 32 necessários e ainda ficaria com número menor de brancos e nulos. Não sei como o PT fará para arrumar a bagunça que criou", ponderou um deputado governista, ao revelar que o mesmo cenário foi apresentado à nova presidente da Assembleia, Ivana Bastos (PSD), entusiasta da ida da petista para a primeira-vice da Casa.
Segue o baile
Contactado pela Metropolítica, Junior Muniz assegurou que não está com a menor disposição de retirar a candidatura em favor de Fátima Nunes. "Veja bem. Sou do PT, tenho apoio majoritário do colegiado, pertenço à base aliada e me considero amigo do governador. Sempre fui leal a ele quando muitos outros deram as costas, especialmente antes e durante a corrida eleitoral de 2022. Lembro que muitos sequer queriam aparecer ao lado de Jerônimo no material de campanha, apenas com Lula. Eu não fiz isso. Estou apto e possuo todas as credenciais para concorrer à primeira vice-presidência. Um bate-chapa não será bom para ninguém, e o PT terá que encontrar o consenso. Recuar está fora de questão, mas vou reforçar o seguinte: eu sou soldado do governador", ressaltou o petista.
Me inclua fora dessa
Em contrapartida, segundo apurou a Metropolítica, Jerônimo foi aconselhado a manter distância regulamentar e a deixar que a bancada do PT resolva a própria lambança. Em linhas gerais, o argumento é de que Fátima Nunes não tem capilaridade para vencer Junior Muniz e que o governador corre sérios riscos de virar sócio da derrota caso atue em favor da deputada. "Há um aspecto que deve entrar na equação: será uma eleição com voto secreto, e qualquer um do mundo político sabe que esse é um prato cheio para traições e acertos de contas", afirmou um parlamentar com longa trajetória na Alba.
Elo frágil
Tanto na base aliada quanto na oposição, a crise gerada no PT pelo bate-chapa surpresa reflete a fragilidade do líder do governo na Assembleia, Rosemberg Pinto. De maneira unânime, todas as fontes ouvidas pela coluna imputaram o confronto no partido às insatisfações de deputados da base com a condução de Rosemberg à frente do grupo.
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