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Brasil Bets

Brinde, desconto, link: Publicidade de bets expõe dificuldade de regulamentação

Há casos até de casas de apostas que trocam ingressos de festas por conta e depósito na plataforma.

30/01/2025 08h06
Por: Karoliny Dias Fonte: Metro1
Foto: Metropress/Carla Astolfo
Foto: Metropress/Carla Astolfo

Não é de hoje que a tal regulamentação das casas de apostas esportivas levantam verdadeiros muros de dúvidas sobre a viabilidade de impor limites nesse meio. A própria publicidade, que tem uma portaria específica com uma série de diretrizes e regras para as famosas bets, expõe essa dificuldade de controle. É só observar nas ruas, nos ônibus, estádios e principalmente na internet: uma propaganda agressiva, quase que promíscua e que garante mundos e fundos para atrair apostadores. Como se as bets fossem amigas queridas, mas daquelas que já levaram em um ano cerca de R$ 68 milhões dos brasileiros.

Links falsos

A reportagem do Metro1 já havia denunciado uma prática de publicidade, no mínimo, desleal realizada pela BET5U, que sequer é liberada pela Fazenda. Pelo menos na Bahia, qualquer um pode cair. É só pesquisar por “segunda via do boleto da Coelba”, por exemplo, e o cliente recebe no sis- tema de busca do Google uma série de links com títulos relacionados à concessionária, mas que direcionam a uma página da bet. A principal suspeita é que a casa de apostas tenha feito campanhas de publicidade na plataforma Google Ads, vinculando o ter- mo Coelba e outras concessionárias. Após a situação ter sido denunciada, o Ministério da Fazenda informou que identificou ao menos 11 URLs relacionadas à atividade da bet e solicitou o bloqueio dos endereços nos próximos dias. Resta saber se outros não serão criados, até porque a empresa tem sede em Curaçao, paraíso fiscal onde está registrada a maioria dessas casas.

Convite especial

Essa é apenas uma das práticas observadas. No terminal de ônibus da Lapa, em Salvador, um dos mais movi- mentados de Salvador, a abordagem é diferente no estande montado por uma bet: a cada depósito na plataforma, você ganha um brinde físico. Copo, boné, squeeze, de acordo com o valor depositado. Parece ótimo, mas a estratégia publicitária, comum no varejo, é justamen- te abrir a porta para o jogo e despertar um comportamento compulsivo. Afinal, o recado é claro: “seja ambicioso, quando mais você depositar, mais ganha”.

Se copo ou squeeze não é o suficiente, tem quem vai mais longe. O site de uma outra casa de apostas oferece um espaço repleto de chances de participar de eventos com grandes artistas. Ingressos de shows que custam R$ 130 podem ser trocados por um depósito de R$ 30 na bet. Simples assim (ou nem tanto).

Falha no controle

Entre as normas estabelecidas pela portaria do Ministério da Fazenda, estão proibidas práticas como incentivos, bônus de entrada ou retirada antecipada — apelidada de “cash out”. Mas a realidade é muito diferente. Se nos VTs dos comerciais de TV, as empresas pregam o tal jogo responsável; fora deles, elas fazem de tudo - passam, inclusive, por cima de normas - para que o público ultrapasse a primeira barreira do contato com as plataformas.

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