Cachoeira realiza a sua 11ª Parada do Orgulho LGBT

A 11ª Parada do Orgulho LGBT das cidades de Cachoeira será realizada no próximo domingo (27). A concentração será a partir das 14h30, na Rua da Feira, na Ponta da Calçada e com saída às 15h30. Elisson Alves e Mica Caymme, representantes da Parada, estiveram no programa Rádio Total, das Rádios Paraguassu FM e Santo Amaro FM para falar sobre o evento.

Algumas atrações da festa da diversidade já estão confirmadas por parte da Prefeitura de Cachoeira que é o Brado na Voz, com a participação de Black 7, DJ Cleiton, MC Jaine e Nego Delis. Mica ressalta que a cada ano o público vem aumentando nas paradas. “Ficamos uns anos sem fazer a parada após o assassinato da nossa companheira que era a presidenta, a Lili. Depois disso, retomei com essa parada e esse já é o terceiro ano que estou a frente da organização”, disse.

Mica acredita que o público é sim muito bom. A expectativa é que haja um público grande, ainda que neste dia esteja acontecendo vários eventos na cidade. “Não podemos esperar sempre que aconteça esses outros eventos para colocar a parada na rua. Nossa cidade não para de acontecer eventos”. Ela destaca ainda o percurso. “Sairemos da Ponta da Calçada, passar pela Rua da Caixa, entrar na rua da rodoviária e encerrar na frente da Câmara de Vereadores”.

O tema desse ano é “Baixa Negligência: Não me negue amor e libere meu aqué (que significa “dinheiro” na linguagem pajubá)”. Elisson salienta que as pessoas com deficiência também estarão inclusas na Parada. Assim como as neuro divergentes e na terceira idade. “Nós, LGBT’s, estamos presente na sociedade em todas as esferas. Por isso, trazemos a inclusão dessas siglas. Minha expectativa é que tenhamos em torno de umas duas mil pessoas, por baixo. Começamos com a expectativa de 700 pessoas. Temos vários eventos na cidade no dia, mas esperamos essa quantidade. Mas eu quero ver mais gente”.

Sobre a violência contra os LGBT’s, Elisson lamenta que ela ainda aconteça muito. “Infelizmente. Aqui em Cachoeira, pontualmente, não temos esses dados. É muito obscuro. Talvez, implantando um núcleo LGBT na cidade, conseguíssemos fazer essa pesquisa e ter esse relato mais de perto. Mas nós, que convivemos dentro da comunidade e estamos permeando a sociedade, ouvimos relatos de, principalmente estudantes, com seu jeito exótico e expressam o seu corpo da forma que sentem, acabam que as pessoas da cidade não se adaptam com essas particularidades. Acontece muito ainda, principalmente para as mulheres trans e travestis, que são a ponta da sociedade LGBT e que sofre a violência mais de perto”, explica.

Para além disso, ainda tem aqueles LGBT’s pretos retintos, que já sofrem com o preconceito e discriminação da sociedade por conta de ser de cor. “As trans e travestis tem resistências dentro das escolas e precisam evadir de lá. A partir disso, são entregues as drogas, a prostituição e de forma degenerativa e não por opção, como as pessoas acreditam que sejam. Em sua maioria, elas são jogadas para isso, com direitos negados, acessos negados e, quando percebe, já está do lado errado”.

Ele reforça que, o Núcleo LGBT, sendo criado, haverá pessoas da comunidade que são profissionais e que são capacitadas para lidar, recepcionar e cuidar dessas pessoas e de suas famílias também. “Será uma forma não apenas de proteção, como de acolhimento para essas pessoas e para crianças LGBT’s, principalmente. Elas existem e são escolhidas para a sua vida sexual e precisamos cuidar delas porque criança é para ser criança. O lugar dela é na escola, brincando e entendendo suas defesas. É por isso que eu não gosto de chamar de Educação Sexual, mas Prevenção ao Abuso Sexual, mostrando a elas como se defender e como alertar os pais para essa realidade que é cruel”.

Haverá ainda a Feira de serviços com autocuidado, prevenção a saúde, ao HIV/AIDS. A Feira acontecerá das 9h às 13h, na Rua da Feira. "Ainda estamos vendo como será feito com transporte para pessoas da zona rural para a cidade. Assim que for decidido, publicaremos em nossas redes sociais. Agradecemos a todos que estão nos ajudando e as 228 LGBT's que se elegeram. Nós queremos entrar nos espaços políticos e Cachoeira já está com esse olhar. A promessa é que essa ano a Parada entre para o calendário oficial do município. Promessa de Josmar Barbosa para que consigamos isso", finaliza. 

Ouça a entrevista de Mica e Elisson aqui.