Fazer política nos rincões do Brasil nunca fui uma atividade muito segura. Especialmente nos pequenos municípios, em que o coronelismo vestiu novas roupas, fingindo não mais existir. Porém, ao longo dos últimos anos, a violência política deixou de fazer parte do cotidiano de populações mais vulneráveis, seja economicamente, seja socialmente. Há episódios violentos nas grandes cidades e os atores não têm contribuído para que esse mal não se alastre ainda mais.
O péssimo exemplo dado no debate entre os candidatos a prefeito de São Paulo, quando uma cadeira foi arremessada num embate entre dois “outsiders” da política, foi apenas uma versão mais explícita dessa série de violências vivenciadas no dia a dia de quem faz campanha. Se na “principal cidade” do país, candidatos se prestam a trocar ofensas e cadeiradas em público, o que esperar de outros locais do Brasil?
Apenas na última semana, em Salvador, foram registrados alguns episódios em que a tensão entre adversários políticos resultou em “vias de fato”. O resultado disso é um descrédito crescente pela política enquanto uma “arte social”. Sobrou até para a imprensa, já que um dos candidatos a prefeito da capital baiana tem buscado constranger aqueles que fazem perguntas que o deixam desconfortáveis.
Já vivenciávamos situações de preconceito e violência de gênero desde sempre. Agora, com a emergência de plataformas móveis, quando os registros de violência ficam cada vez mais fáceis, o Ministério Público Eleitoral se viu obrigado a emitir uma recomendação a partidos políticos para “respeito mútuo entre candidatos nas campanhas eleitorais”. Obviedades precisam ser ditas, visto que nem todos os personagens que interagem no ambiente eleitoral mantém o mínimo de civilidade esperado.
Existem aspectos sociológicos por trás dessa escalada de violências — e aqui não cabe buscar explicações simplórias. Há pelo menos uma década é possível perceber que o tecido-social que possibilitava o diálogo entre classes foi sendo esfacelado, por protagonistas e antagonistas do processo político brasileiro. A ascensão da extrema-direita, por exemplo, foi possível devido a esse terreno fértil. O “bolsonarismo” enquanto expressão política se baseia na dualidade de que quem critica essa ideologia se torna automaticamente petista. E a esquerda, ao longo dos anos, não tem contribuído para evitar esse distanciamento se amplie.
É necessária a conscientização dos candidatos, mas também da população. Não é tolerável o exercício de qualquer tipo de violência em um debate político. O convencimento, o debate e a discussão devem ser incentivados, para se encontrar as melhores propostas e iniciativas para cada um dos municípios. Qualquer coisa além disso é um atentado à democracia e, convenhamos, estamos em um processo de superação das recentes ameaças ao nosso sistema político.
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