A confirmação de óbito fetal por transmissão vertical da febre Oropouche (OROV), na última sexta-feira (2), pelo Ministério da Saúde (MS), trouxe à tona a necessidade da intensificação de medidas de prevenção à doença em todo o país. De acordo com a pasta, no caso registrado em Pernambuco, a Oropouche foi passada da mãe para o bebê, durante a 30ª semana de gestação.
O governo federal investiga outros oito casos de transmissão vertical de Oropouche, quatro deles em Pernambuco, um na Bahia e três no Acre. Em nota, o MS informou que “quatro casos evoluíram para óbito fetal e quatro casos apresentaram anomalias congênitas, como a microcefalia”, e que análises estão sendo feitas para confirmar a se há relação com Oropouche.
De acordo com dados contabilizados pelo Painel Epidemiológico do MS até o dia 28 de julho, já haviam sido registrados 7.286 casos de Oropouche no país, frente a 831 contabilizados em todo o ano passado. Dos 21 estados brasileiros com ocorrências da doença, a maioria dos casos foi registrada no Amazonas e em Rondônia e, em terceiro lugar está a Bahia, com 839 casos contabilizados até 29 de julho.
Conforme a Agência Brasil, um caso de óbito está sob investigação em Santa Catarina e duas mortes foram confirmadas no país, ambas em solo baiano. Os óbitos ocorreram em pacientes sem comorbidades e não gestantes: a primeira morte, de uma mulher de 24 anos, moradora de Valença, ocorreu no dia 27 de março; já o segundo, foi de uma mulher de 21 anos, residente de Camamu, que faleceu no dia 10 de maio.
Em todo o estado, Ilhéus lidera de diagnósticos positivos, seguida de Gandu e Uruçuca. Dos 835 casos diagnosticados pelo Laboratório Central de Saúde Pública da Bahia (Lacen), até o dia 23 de julho de 2024, 58% estavam concentrados na macrorregião Sul, seguida pela macrorregião Leste, com 39% dos casos.
Sobre as duas pacientes baianas que não resistiram à doença, técnicos da Vigilância em Saúde do Estado da Bahia relataram ao MS que ambas apresentaram um início abrupto de febre, dor de cabeça, dor retro orbital e mialgia, e que rapidamente evoluíram para sintomas graves, incluindo dor abdominal intensa, sangramento e hipotensão.
Sinais, sintomas e prevenção
A febre do Oropouche é uma doença causada por um vírus transmitido principalmente pelo inseto Culicoides paraensis, conhecido como maruim ou mosquito-pólvora. Os sintomas são parecidos com os da dengue e da chikungunya.
“Até o momento não há evidência de transmissão direta de pessoa a pessoa. Após a infecção, o vírus permanece no sangue dos indivíduos infectados por 2-5 dias após o início dos primeiros sintomas. O período de incubação intrínseca do vírus (em humanos) pode variar entre 3 e 8 dias após a infecção pela picada do vetor. Entre as características do OROV, destaca-se seu elevado potencial de transmissão e disseminação, com capacidade de causar surtos e epidemias em áreas urbanas. Não há vacina e tratamento específico disponíveis”, detalha o MS, em nota técnica.
Dentre os sintomas mais comuns da doença, estão: febre de início súbito, cefaleia (dor de cabeça), mialgia (dor muscular) e artralgia (dor articular). Outros sinais, como tontura, dor retro-ocular (dor no fundo do olho), calafrios, fotofobia, náuseas e vômitos também são relatados. Casos com acometimento do sistema nervoso central, especialmente, em pacientes imunocomprometidos, e com manifestações hemorrágicas podem ocorrer.
Para a população, a orientação é que, em caso de sintomas compatíveis com a doença, procure atendimento nas unidades de saúde, e no caso de gestantes, os profissionais responsáveis pelo acompanhamento do pré-natal devem ser informados. Apesar de não existir tratamento específico, os pacientes devem permanecer em repouso, com tratamento sintomático e acompanhamento médico.
Dentre as recomendações do Ministério da Saúde, como medidas de proteção para evitar ou reduzir a exposição às picadas dos insetos, estão: a utilização de recursos de proteção, com uso de roupas compridas, de sapatos fechados e de repelentes nas partes do corpo expostas, sobretudo nas primeiras horas da manhã e ao final da tarde. Além disso, recomenda-se a limpeza de terrenos e de locais de criação de animais, recolhimento de folhas e frutos que caem no solo, uso de telas de malha fina em portas e janelas.
Mín. 17° Máx. 26°
Mín. 17° Máx. 25°
Chuvas esparsasMín. 17° Máx. 24°
Chuvas esparsas