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Empresas dizem que fim da desoneração causará demissões

Lula vetou iniciativa voltada para os 17 setores que mais empregam no país. Segmento de call center fala em 400 mil vagas em risco em dois anos.

25/11/2023 09h01 Atualizada há 12 meses
Por: Karoliny Dias Fonte: O Globo
Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo
Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo

Após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vetar a desoneração da folha de pagamento, os setores afetados avaliam que terão de fazer demissões e congelar investimentos, caso o veto não seja derrubado no Congresso. A desoneração da folha é voltada para os 17 setores que mais empregam no país e que são responsáveis por nove milhões de empregos. 

Enquanto os setores aguardam a decisão do Congresso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou ontem que vai apresentar ao presidente Lula uma medida para substituir a desoneração após a volta da COP, em Dubai. O evento vai até 12 de dezembro. Ele afirmou, porém, que a solução será via Congresso e que só deverá ser apreciada pelos parlamentares após a aprovação da Reforma Tributária e da medida provisória que trata da subvenção do ICMS. 

O veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi recebido com surpresa pelas empresas. A avaliação é que, se o veto não for derrubado pelo Congresso e houver a reoneração da folha, os setores serão obrigados a demitir. As projeções da União Geral dos Trabalhadores (UGT), são de que os cortes podem atingir quase 1 milhão de trabalhadores - ou 10% dos cerca de 9,7 milhões de empregados hoje nesses setores. 

O presidente executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Haroldo Ferreira, diz que a entidade realizou um levantamento do impacto de uma possível reoneração da folha de pagamentos. “O impacto, imediato, é de uma perda de 20 mil empregos já no primeiro ano. Taxar a geração de empregos vai de encontro à desejada política de reindustrialização do País.” A avaliação no setor calçadista é que o impacto seria uma carga tributária extra de R$ 720 milhões por ano. 

Adotada desde 2011, a desoneração da folha de pagamentos é um benefício fiscal que substitui a contribuição previdenciária patronal de 20%, incidente sobre a folha de salários, por alíquotas de 1% a 4,5% sobre a receita bruta. Na prática, a medida reduz a carga tributária da contribuição previdenciária devida pelas empresas desses 17 setores, considerados os que mais empregam no País. O benefício, porém, perde a validade no fim deste ano, se Congresso não derrubar o veto presidencial. 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, justificou o veto do presidente Lula à desoneração da folha de pagamento dizendo que a proposta era inconstitucional. O ministro afirmou que pretende, na volta da COP-28, apresentar novas medidas relacionadas ao tema para o presidente Lula e depois conversar com os municípios (que também eram beneficiados pelo projeto aprovado no Congresso) e setores impactados para resolver o problema. A ideia, segundo ele, é “pacificar a questão” no Congresso. 

“Desde o começo fiz menção ao parecer da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional e da AGU sobre a inconstitucionalidade da proposta. Não recebi nenhum pedido de audiência para o explicar o porquê daquilo”, declarou, em entrevista na manhã de ontem. 

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