O professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA) João Paulo Peixoto, da área de Ciência da Computação, falou sobre o uso de tecnologias de cidades inteligentes que oferecem serviços públicos aos seus cidadãos de uma maneira inteligente. “E geralmente se faz uso de tecnologias digitais, ou seja, você tem a tecnologia digital, a computação, às vezes computadores, ou os próprios aplicativos de celular, para poder facilitar o acesso do cidadão não somente ao serviço, como também a experiência dele com o serviço. Isso faz com que melhore o atendimento, a velocidade, a experiência positiva que o cidadão pode ter em busca com aquele serviço que ele está procurando na cidade”, explica.
No transporte público, destaca o professor, por exemplo, poderia um aplicativo que auxiliasse os usuários dele sobre os horários dos ônibus. “Sabemos que os ônibus tem uma agenda diária de cada linha, com o horário que o ônibus vai passar em cada ponto, só que muitas vezes esse horário nem é divulgado. Quando ela já tem o costume de pegar um ônibus determinado ponto, ela já sabe mais ou menos o horário, mas às vezes ela vai ter que pegar um transporte num ponto diferente ou não sabe o horário ou então às vezes o próprio ônibus muda o horário, ou atrasa e a pessoa fica meio perdida. Nessa situação, se eles tivessem um aplicativo ou um sistema que conseguisse formar o horário exato que o ônibus vai passar no ponto para esse usuário, esse é um exemplo de iniciativa de cidade inteligente. Você tem um serviço de transporte público, que é o serviço que o cidadão está precisando no momento, e você tem uma tecnologia digital que consegue auxilia-lo de forma que o serviço de transporte público acaba sendo oferecido de maneira inteligente também”.
Isso valeria ainda para ônibus estaduais e interestaduais. João Paulo disse que poderia haver um aplicativo com informações de horários disponíveis para os locais de destino. “Por exemplo, eu quero ir para Salvador. Então eu posso ter um aplicativo das empresas de ônibus ou inclusive da própria rodoviária com esses horários. Se cada empresa de ônibus fizesse o seu próprio aplicativo, você teria que ter vários aplicativos no seu aparelho, mas se a rodoviária, que é uma área pública, toma essa iniciativa, poderia ter o aplicativo da rodoviária de Feira de Santana e ela conseguiria condensar os horários, as tabelas de todas as empresas que atendem aquela estação. E aí o cidadão, o usuário, a partir de um único aplicativo, de uma única fonte de dados, conseguiria ter informações sobre todos os ônibus e todas as empresas daquela rodoviária, podendo escolher a empresa que lhe atende em horário naquele dia”.
Segundo o ranking internacional, o Brasil tem cidades inteligentes. Exemplos disso são as cidades de São Paulo, Curitiba e Vitória, no Espírito Santo. Isso porque elas têm um conjunto de iniciativas de serviços inteligente. Não basta ter apenas um serviço inteligente para poder você caracterizar essa cidade como cidade inteligente. “Na Bahia, infelizmente, não temos nenhuma cidade inteligente. Destaco o caso de Feira de Santana onde temos um compartilhamento de dados entre os postos de saúde que foi feito na gestão do ex-prefeito Tarcízio Pimenta. Com essa iniciativa se compartilha dados de saúde. Quando a pessoa é atendida no posto de saúde, seus dados são compartilhados por outros postos, de forma que se você precisa de um outro atendimento em outro posto de saúde, o médico daquele posto vai ter o seu histórico. Isso é uma iniciativa de cidade inteligente. Porém Feira ainda tem um longo trajeto para caminhar. Porque temos essa iniciativa de fato, mas ainda tem vários outros serviços de Feira de Santana que ainda precisa de um de uma digitalização, de uma melhoria do serviço para que pudéssemos dizer que Feira de Santana fosse de fato uma cidade inteligente”.
Outra questão é com relação aos semáforos. Há possibilidade também de transformar os semáforos de uma cidade em semáforos inteligentes. O professor destaca que os de Feira de Santana são o semáforos padrão, que é aquele semáforo com temporizador e tem o tempo fixo programado de tantos segundos para cada via. Isso faz com que você pare em cruzamento, o sinal esteja vermelho e não tenha ninguém vindo na outra via. “É uma situação que claramente o motorista poderia seguir adiante, mas o semáforo está vermelho porque não terminou de contar o tempo para poder liberar a sua via. O semáforo inteligente é aquele que consegue detectar o fluxo de veículos nas vias, seja com sensores no asfalto ou com câmeras e, a partir dessa informação, o próprio semáforo decide qual a via que está precisando de maior prioridade naquele momento e consegue ajustar o sinal de acordo com esse dado. Ao invés de você ter um uma troca de sinal baseada apenas no tempo, você tem uma troca de sinal baseada no fluxo de carros nas vias, que é o que de fato importa”.
Uma cidade inteligente pode trazer economia para o cidadão e até mesmo para o município. “O atendimento pode ser melhor com o compartilhamento de dados. Como na saúde, por exemplo. E, consequentemente, você tem menos problemas de saúde da sua população e menos gastos com saúde, com remédio, com atendimento, porque se a população anda saudável o setor de saúde pública da cidade também gasta menos. Se você tem um semáforo inteligente, você tem um fluxo melhor, mais otimizado, você tem menos perdas por atraso, menos problemas de trânsito e se gasta menos com trânsito. Tem aquele gasto inicial, obviamente, de você implantar aquela tecnologia, mas a longo prazo você tem uma economia no serviço porque você tem menos problemas para poder tratar dele”.
Outra iniciativa também que está cidade inteligente e que ajuda na questão da economia é o monitoramento de recursos públicos. “Por exemplo, você pode ter monitoramento de abastecimento de água, de energia, de esgoto. No caso de um cano estourado. Quando ele estoura, o que acontece com uma certa frequência, a empresa de água não tem como saber no momento e depende de alguém avisar. E aí se tem perda de água a empresa terá e que inevitavelmente, em algum momento, vai ter que repassar para os usuários porque não vai ficar com aquela perda financeira para ela. Se você tem um monitoramento do sistema de distribuição de água, o que já existe em alguns países, quando um cano estoura, ele já detecta aquela queda de pressão, avisa central e a empresa não perde tempo. Ela pode ir imediatamente fazer o conserto daquele cano e reduz drasticamente a perda financeira que ela ia ter com o desperdício de água. Consequentemente nós, usuários do serviço de distribuição de água, não vamos ter que pagar essa conta de um cano estourado”, finaliza.
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