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Encontro de municípios debate ações para enfrentamento a violência contra as mulheres

Julieta Palmeira, Secretária Estadual de Política para as Mulheres, fala sobre políticas públicas e equipamentos que ajudam nessa luta.

03/06/2022 09h48 Atualizada há 3 anos
Por: Karoliny Dias Fonte: Boca de Forno News
Julieta Palmeira - Foto: SECOM / BA
Julieta Palmeira - Foto: SECOM / BA

Julieta Palmeira, Secretária Estadual de Política para as Mulheres participou de um encontro que uniu as cidades de Santo Amaro da Purificação, Cachoeira, Saubara, São Francisco do Conde e Cruz das Almas e discutiu a questão da violência contra as mulheres. Conforme Julieta, o evento foi realizado pela a Secretaria de Estado de Política para as Mulheres em parceria com o município de Santo Amaro. É um encontro regional de diversas secretarias e instituições dos governos municipais de cinco municípios da região voltado para discutir como implementar as políticas públicas de enfrentamento à violência contra as mulheres na região do Recôncavo e também como acolher essas mulheres em situação de violência.

“Isso significa fortalecer as redes locais de enfrentamento a violência contra as mulheres, ver como enfrentar essa situação de que o município deve ter um espaço ou um centro de referência como o que existe aqui em Santo Amaro e em cachoeira de acolhimento a essas mulheres. É o Centro de Referência e de Acolhimento das Mulheres em Situação de Violência ao qual chamamos de CRAM”.

Se o município não tiver condições de criar um CRAM, ressalta a secretária, pode-se criar um Núcleo Especializado no Atendimento a Mulheres para qualificar mais esse atendimento as mulheres, no momento em que ela está em situação de grande vulnerabilidade e que precisa de profissionais capacitados. “Os municípios tem alegado, no geral, problemas de recursos para o financiamento, mas de fato é necessário que nos debrucemos sobre essa questão porque o enfrentamento a violência contra as mulheres é uma prioridade. Não basta a gente se indignar com os altos índices de violência contra as mulheres. São vidas, são pessoas, não são estatísticas somente, são vidas de mulheres”.

Para Julieta, o município que tem compromisso de transformar essa realidade de desigualdade que as mulheres vivem, precisam tomar providências em relação a questão de ter um organismo de políticas públicas para as mulheres, uma coordenação ou uma Secretaria, de ter uma casa. “A mulher denuncia e depois ela não voltar para casa. Que ela possa ter uma casa que, enquanto se ajeita, ela possa ficar, que ela passe um dia, dois, três dias, uma Casa de Passagem. Isso precisa ter. Nós temos batalhado para que haja esses centros de acolhimento as mulheres, os NAMs, Núcleo de Atendimento as Mulheres”.

Essa reunião, diz ainda a secretária, visa não só impulsionar isso, como também promover parcerias entre os municípios. “Aquele que tem mais, com outros que não tem, para que que se discuta a realidade da mulher aqui da região do recôncavo e de como acolher essa mulher em situação de violência. O Governo do Estado tem apostado nisso, tem incentivado, tem apoiado. Aqui para Santo Amaro a gente apoiou o CRAM e entregamos um veículo para ele, que aliás há um compromisso da secretária de somente usar para o trabalho do Centro de Referência de Atendimento às Mulheres, na medida que é uma sessão do Governo Estadual. O carro não vira propriedade do município, é uma sessão e a gente monitora isso”.

Julieta diz que Santo Amaro tem tido um desenvolvimento, tem hoje uma rede muito qualificada. “Claro que sempre precisa qualificar mais, mas nós temos que valorizar também o que já existe, o que já foi conquistado”.

Mulheres na política

Vale salientar que é um momento histórico, pois das cinco cidades que se fizeram presente, três dessas cinco são administradas por mulheres pela primeira vez em suas histórias políticas. É muito difícil uma mulher ganhar uma eleição porque tem que romper com muito preconceito e muito falta de financiamento. “Muitas vezes quando ganham a eleição, as mulheres ainda enfrentam a violência política de gênero. Não é violência no geral, é a violência política de gênero, ou seja, a tentativa de depreciar, de não valorizar as gestões de mulheres. Estamos enfrentando esse problema e não vamos admitir que isso seja feito estejamos todos unidos para combater”.

Julieta sabe que a violência política de gênero não vai desaparecer porque isso só vai acontecer quando o machismo, que estrutura a sociedade estiver derrotado. “Isso demora. Mas nós temos que realmente dar todo apoio, solidariedade às gestões das mulheres, como é o caso das três prefeituras de Saubara, Cachoeira e Santo Amaro”.

No caso de Santo Amaro, para tentar desestabilizar a prefeita Alessandra Gomes, o seu governo sofre com ataques nas redes sociais. Segundo a secretária, isso é um crime e é punido tanto pelo Código Civil da internet como pela legislação. Contudo, muitas vezes isso está ainda sendo processado, investigado e termina não sendo uma coisa célere. “E precisa ser célere porque não podemos conciliar com a impunidade quando se comete violência política de gênero. Não é uma violência somente política, é uma violência política de gênero. E, no geral, a linha é essa. É desestabilizar, tentar abalar emocionalmente as mulheres ou depreciar a sua gestão para desestabilizar e fazer com que ela não exerça a sua gestão como deve”.

A palavra para Julieta para combater todos os tipos de violência contra as mulheres é união. “Estamos nos unindo. Todas as mulheres tem esse compromisso de colocarmos mais mulheres nos espaços de decisão, mais mulheres na política, instituições como a Secretaria de Estado de Política para as Mulheres para que não mais aconteça. E que as mulheres que sofrem esse tipo de violência recebam todo o nosso apoio, toda a nossa solidariedade”.

A secretária ressalta que uma coisa são críticas à gestão que pode acontecer. “As pessoas podem criticar a gestão. No governo é muito difícil você satisfazer a todas as pessoas. Outra coisa é violência política. É usar violência política de gênero para desestabilizar prefeitas que estão ocupando espaço de decisão ou deputadas ou vereadoras que batalharam muito para chegar diante dessa sociedade que une a desigualdade social, racismo estrutural e desigualdade de gênero. Não é fácil para a mulher ocupar o espaço na política. Trabalhamos com uma cultura machista, misógina que diz que política não é espaço de mulher. E mulher pode estar onde ela quiser”.

Não é possível mais que mulheres ocupem espaços de decisão e que fiquem se tentando desestabilizar em cima de uma visão o que a mulher é emocional, que a mulher vai se desestabilizar e não vai aguentar, que a mulher não é capaz, destaca. “Hoje em dia as empresas do próprio setor corporativo colocam mulheres na gestão. Mulheres são capacitadas para o que quiser fazer. E isso é muito importante que a gente valorize quando a mulher estiver no espaço de decisão”, finalizou.

Com informações do repórter Gilliard José

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