Já começou as comemorações pelo Março Mulher. No dia 8 de março é que se comemora o Dia Internacional da Mulher, data comemorativa que foi oficializada pela Organização das Nações Unidas (ONU) na década de 1970. Essa data simboliza a luta histórica das mulheres para terem suas condições equiparadas às dos homens. Inicialmente, essa data remetia à reivindicação por igualdade salarial. Hoje, ela simboliza a luta das mulheres não apenas contra a desigualdade salarial, mas também contra o machismo e a violência.
A secretária Estadual de Políticas para as Mulheres da Bahia (SPM-BA), Julieta Palmeira, falou sobre a programação para as comemorações no estado. Esse ano, no dia de celebração dos 90 anos do voto feminino, 24 de fevereiro, já vai haver uma grande palestra que será transmitida pela televisão da Assembleia Legislativa da Bahia sobre a participação política das mulheres e o combate a violência política de gênero.
Para a secretária, o Março Mulher é uma forma de dar visibilidade a questão que tanto afeta as mulheres em todo o mundo: a desigualdade de gênero. “Essa questão está na raiz da violência. Essa cultura, onde existe uma relação patriarcal sobre a mulher, faz com que o homem seja criado para pensar que, ao casar, a mulher passa a ser propriedade dele. As coisas não são assim. Apesar do avanço, esse pensamento ainda existe. Tanto é que os índices de feminicídio estão altos e que, quando uma mulher resolve se separar e tomar uma atitude em seu casamento, o homem acha que se não vai ser dele, não vai ser de mais ninguém”, diz.
No Março Mulher, a Secretaria pretende levantar mais uma vez a questão do enfrentamento a violência contra as mulheres e conclamando os homens a entrarem nessa batalha e a reagir a essa cultura machista que faz com haja esses índices alarmantes. “Lugar de mulher é onde ela quiser e precisam estar lado a lado com os homens. Essa não é uma luta contra os homens, é uma luta para que homens e mulheres possam estar decidindo a vida e vivendo plenamente o seu cotidiano. É hora de nos unirmos para combater essa cultura machista”, afirmou.
Ela disse ainda que são homens comum, do cotidiano que matam as suas mulheres e não “homens loucos”. “São profissionais de todas as áreas, de médicos a garis. Não podemos achar que quem faz isso são loucos, pessoas estranhas que vieram de outro mundo. É gente que está aqui e que vê a mulher com desigualdade, como alguém que tem que obedecer às ordens”, explica.
A forma correta de saudável de se ter um relacionamento, segundo Julieta, é compartilhando a vida, decisões e o cotidiano, cada um dando a sua opinião. O tema para esse março é “Fim da violência e equidade de gênero para garantir um mundo sustentável”. “Todo mundo que pensa e acredita em um mundo sustentável possa se engajar também nessa nossa luta”.
Julieta lamenta ainda que a violência contra a mulher seja um desafio que aparenta que se está "enxugando gelo" porque por mais que se faça a sensibilização, demora para que as mudanças apareçam. “Precisamos de políticas públicas que realmente ataquem essa estrutura que não é só machista, é também racista e promove a desigualdade social. Precisamos mudar a sociedade e educar as pessoas. Mas esse não é um processo de um dia para o outro”.
Existem homens engajados nesse processo, ressalta a secretária, mas esse engajamento ainda não traz um grande impacto nos índices alarmantes que ainda são vistos. “Mas temos o verbo “esperançar”, como disse Paulo Freire. Eu, toda a minha equipe e o governador Rui Costa temos a esperança que de possamos mudar essa situação não somente com políticas, mas também com a união do governo e sociedade, que precisa ter uma atitude individual para reverter essa situação”.
Na educação, existe ainda o programa “Quem ama, abraça”, onde educadores traz discussões para a sala de aula sobre a questão da violência contra as mulheres e outros tipos de desigualdades que acontecem na sociedade. Julieta diz ainda que existem diversas outras interações com órgãos como o Ministério Público da Bahia, a OAB, a Defensoria Pública, o Tribunal de Justiça da Bahia e com entidades do movimento social para reagir contra essa cultura que é toxica, faz mal e afeta não apenas a mulher, que perde a vida, mas também o homem.
“Nãos se cria homens para ser assassinos de mulheres e não se cria mulheres para serem assassinadas por homens. Não queremos isso para os nossos filhos. Queremos uma sociedade saudável, não tóxica e isso envolve todo o processo de educação da equidade, do compartilhamento e de que homens e mulheres devem viver lado a lado de forma saudável”.
A secretária sabe que os resultados da luta não serão imediatos, mas continua para que haja uma redução. “Esse trimestre tivemos uma redução dos feminicídios em 20%, mas são registros. A violência contra a mulher é muito maior do que se chega a eles. Há muitos homicídios que não foram classificados como feminicídio. É nossa obrigação sempre consolidar as redes na defesa das mulheres”, diz.
Mulher na política
Ao fato de só se ver homens em cargos de alto escalão, Julieta que é a mesma cultura da violência que restringe a mulher a um determinado papel social que, no geral, de cuidar dos filhos. Até mesmo quando ela ainda trabalha, é ela a principal responsável pelos afazeres domésticos. “Precisamos acabar com isso. Mulheres tem o dobro do tempo gasto com afazeres domésticos do que o homem, estatísticas do IBGE”.
Ela espera ainda uma atitude dos partidos políticos para ajudar a acabar com essa desigualdade e para isso a Secretaria tem entrado em contato com o Fórum de Mulheres dos partidos políticos do sentido de impulsionar candidaturas femininas que estejam comprometidas com essa mudança na equidade de gênero. “Mas na hora que se compõe a chapa, na hora que aperta o negócio, as primeiras a serem canceladas são as mulheres. Precisamos de mais mulheres no espaço de decisão não por briga entre homem e mulher, mas porque a sociedade tem que ser democrática e representativa. E como tal, a maioria precisa estar representada no Legislativo, Executivo e etc.”.
Julieta destaca que, quando se fala em mais espaço para a mulher na política, não é por falta de capacidade da mulher, mas revela a desigualdade de gênero. “Pedimos aos homens que ajudem, considerem as candidaturas das mulheres e, mais que isso, apoiem. Não deixem as mulheres com dificuldade de realizar suas campanhas em um ambiente que inóspito para ela”.
E, mesmo quando eleitas, a secretária lembra que as mulheres sofrem violência no parlamento, como aconteceu com deputada estadual Isa Penna (PSOL) que foi importunada sexualmente pelo deputado Fernando Cury (Cidadania) dentro Assembleia Legislativa de São Paulo. Em dezembro de 2020, uma câmera de segurança da Alesp flagrou o momento em que o deputado passou a mão no seio da colega no plenário, em um abraço por trás, durante a votação do orçamento do estado para 2021.
“É preciso eleger, respeitar e valorizar as mulheres nesse caminho da equidade de gênero. A mulher antes, para votar, tinha que consultar o marido. Hoje, os problemas se apresentam de outra maneira, mas com os resquícios dessa cultura. As políticas tem que ser colocadas de forma que não dependam de um governo ou outro. Elas precisam estar aí”.
Falta de apoio
O orçamento para as mulheres em 2022 foi reduzido pela metade e de 2020 para 2021, dessa metade, só foi executado 0,16% para o enfrentamento a violência de gênero. “Isso é inimaginável. Os homens que acreditam numa sociedade mais igualitária precisam ter consciência do que está acontecendo e que essas políticas precisam permanecer porque o desafio é grande. Temos tenacidade e não vamos de desistir de esperançar”, finalizou.
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