O ator e humorista baiano Edivaldo Rodrigues da Mota Filho, mais conhecido como Pisit Mota, esteve em Feira de Santana nesta sexta-feira (18). Ele contou a sua história de vida e como nasceu o seu nome artístico. Pisit vem de uma família humilde. Seu pai é pescador e sua mãe dona de casa.
“Nasci em 1982 com 800g. Quem chegava em minha casa de dia para falar minha mãe sempre falava “psiu”, pedindo a pessoa que fizesse silêncio porque eu estava dormindo. Ela acreditava que se a criança dormisse bem, ganhava peso dormindo. Geralmente a noite eu ficava acordado. Então eu só dormia de dia. E foi o meu padrinho, que era o eletricista da casa, tentando salvar a criança que estava desenganada porque era pequena demais, começou a me chamar de Pisit”, explica.
Ele conta que sempre foi chamado assim na escola e em sua comunidade. E brinca. “Pedrada no vidro. Foi Pisit. Quando a gente é pequeno dá azar em tudo. Você pega a pedra, mira no vidro e acerta na lâmpada. Mira na lâmpada e acerta no para-brisa da polícia. Então ficou o Pisit”.
Quando foi morar em Salvador, Pisit diz que vendia cerveja para pagar o seu cursinho porque queria ir para a universidade e estudar. “Queria mudar a minha realidade através do estudo. E mudei. Quando eu fazia universidade passei uma seleção para trabalhar em “Capitães de Areia”, espetáculo de Jorge Amado, na Companhia Baiana de Patifaria. Passei em primeiro lugar para fazer Volta a Seca e ali nascia a minha identidade artística”.
Ele conta que ao escolher seu nome artístico pensou em vários. Seu nome é Edvaldo. Já existiam Ed Mota, Ed Bala. “Foi aí que pensei: vou colocar Pisit. O jornalista, para me pirraçar, questionou se era dois ‘s’ ou ‘ç’. Disse a ele para escrever do jeito que quisesse e ficou esse o nome”.
Para ele, seu nome é uma essência de vida, apesar das pessoas sempre confundirem o personagem e o seu pessoal. “Mas meu pessoal e personagem é para o bem, para dar energia, para alegria. E eu preservo muito isso. É um personagem que sofreu por todas as mazelas, toda a violência de quem tem uma cultura afro que tenta quebrar essa barreira feita para rico para entrar na universidade e conseguir um direito básico que está na Constituição que é o direito a educação”, disse.
Pisit está quase graduado em Direito, é graduado em Teatro pela Universidade Federal da Bahia, é especialista em lecionar em locais que atendam menores infratores. “Se você quiser conhecer o que é a sociedade brasileira, entre em um presidio de menores. Você vai ver a diferença do de adultos. É tudo igual. Até o remédio para dormir é o mesmo”.
Para Pisit, humor é alegria, mas é também levar a criticidade social. E não pode ofender os outros. “Tem limite. Não dá para julgar o tamanho da minha orelha, se sou careca. Existe outras formas de fazer humor. Os rótulos tem dias funções: ou vem para destruir ou para somar. E eu quero fazer da minha arte algo bom para a sociedade. Não precisa de baixaria. Para mim, estar em cena é dialogar com a cultura, com a realidade e com essa mazela social causada pelas articulações sociais, religiosas e políticas”.
Pandemia
Com a pandemia, Pisit reclama do descaso das autoridades políticas com os artistas. Mesmo com a Aldir Blanc há o descaso em vários lugares. Outra reclamação é com o presidente Jair Bolsonaro, que ele diz desrespeitar a parte cultural. “É muito claro que tendo a cultura como uma pasta dentro da Secretaria de Turismo significa que você não terá uma atenção especial. O ministro da Cultura não é ativo e não trabalha em prol da cultura. Ele é anticultura e contra os artistas. Observe que o comportamento dele é de conflito com qualquer artista. Terceiro é você perceber a necessidade de se ter um representante político em qualquer setor que se trabalha e os artistas não tem quem o represente”.
Ele ressaltou que as igrejas não pararam em toda a pandemia. “Qual é a diferença entre as igrejas e um teatro?”, questionou. Pisit diz que as coisas precisam evoluir com a arte e os artistas não podem ter apenas um ramo para as horas de necessidade. “Se eu não mudasse o estilo do meu trabalho na pandemia eu estaria sofrendo”. Pisit faz muita publicidade e isso o ajuda a se manter.
O humorista acha que esse período de pandemia tem que servir para que as pessoas percebam que precisa mudar. “Estamos em 2021 e com a velha arte cultura de 99, como o sistema público quer que faça. E os nossos artistas de referência estão morrendo. Eles são passageiros e não continuarão criando. Precisamos de novos artistas como eles. Gosto de humor, mas refletir e me posicionar, faço isso sempre. O mundo está girando e é preciso se repaginar”, diz.
Na opinião de Pisit, os novos artistas que surgem, vem com muita qualidade. “Não posso julgar o talento de alguém. Precisamos agregar com os artistas e ter um olhar diferente para eles. Temos que nos apoiar sempre. Em meu palco, qualquer artista que estiver na plateia e quiser subir, pode”, disse. Pisit diz que é passageiro, mas sua arte sempre será eterna.
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