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Política Eleições 2026

Robinson: “Neto está perdendo condições de ser um candidato competitivo”

Robinson Almeida avaliou que o colegiado tem alcançado um elevado nível de produtividade em 2025, com foco na apreciação de projetos de autoria dos parlamentares.

03/11/2025 07h43
Por: Karoliny Dias Fonte: Tribuna da Bahia
Foto: Divulgação / Tribuna da Bahia
Foto: Divulgação / Tribuna da Bahia

O deputado estadual Robinson Almeida, presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), avaliou, em entrevista exclusiva ao site, que o colegiado tem alcançado um elevado nível de produtividade em 2025, com foco na apreciação de projetos de autoria dos parlamentares.

À reportagem, o petista abordou temas centrais da política estadual e nacional, como a decisão judicial que, segundo ele, suspendeu novas construções na orla de Salvador sem estudo de sombreamento, o plano do governo para reduzir a letalidade policial e o cenário eleitoral que se desenha para 2026.

O parlamentar baiano também comentou pautas internacionais, como a tensão atual vivida entre os Estados Unidos e a Venezuela. Segundo ele, o presidente americano, Donald Trump, tem provocado guerras por interesses comerciais.

Robinson também falou sobre o fortalecimento da base aliada do governador Jerônimo Rodrigues (PT), teceu críticas à oposição liderada pelo ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União Brasil) e confirmou que será candidato à reeleição para a Assembleia Legislativa.

Confira a entrevista na íntegra:

Como o senhor avalia o trabalho da CCJ, a qual preside, este ano de maneira geral?

Olha, tem sido um trabalho muito produtivo, com reuniões atingindo o quórum frequentemente, e nós temos analisado e dado prioridade aos projetos de lei de origem dos deputados estaduais. Essa orientação é uma combinação com a presidente da Casa, deputada Ivana Bastos, para ter mais produtividade no trabalho legislativo. E ela, com essa orientação, tem ajudado nessa análise, no quórum, porque é um pré-requisito para a votação dessas matérias no plenário da Casa que tenham, ao mínimo, passado pela CCJ. Então, nenhum projeto pode ser votado na Casa, mesmo com o expediente de dispensa de formalidade. Ela colocou um critério de que, mesmo os líderes dispensando formalidade, tem que ter passado pela CCJ. Então, eu destaco essa alta produtividade na apreciação e aprovação de matérias oriundas de deputados estaduais.

O senhor comemorou a decisão do TJ que impede novas construções na orla sem o estudo de sombreamento. O que essa liminar representa para Salvador e os moradores?

Essa decisão é fruto de uma ação direta de inconstitucionalidade movida pelo PT, o PCdoB, o PSB e o PSOL, em articulação com a Associação de Moradores do Barro Vermelho, ali na localidade do Buracão. Essa decisão resgata princípios fundamentais da nossa Constituição, que é o direito ao lazer democrático que as praias representam. Então, a verticalização da nossa orla, impondo um sombreamento na areia da praia, é um atentado a essa regra constitucional. E a prefeitura fez um absurdo, colocando, numa legislação anterior aprovada da LOUOS, a possibilidade de construir sem apresentar o estudo de impacto ambiental e de sombreamento. Então, a decisão liminar é para obrigar que qualquer alvará de construção de prédios na orla de Salvador esteja respaldado em um estudo de sombreamento que atenda aos requisitos da legislação. E isso não estava ocorrendo, por isso a Justiça deu essa liminar, determinando a obrigatoriedade do estudo. Isso é uma vitória do povo de Salvador, representado por nós, parlamentares, para garantir e assegurar o direito ao lazer, a um ecossistema equilibrado do mar com a praia, garantir a contemplação do mar e manter o ativo turístico das belas paisagens de Salvador, que continuam ameaçadas por essa onda de atender ao capital imobiliário, que é a prática do prefeito Bruno Reis.

O que achou do plano do governo estadual para reduzir a letalidade policial e que medidas acredita que sejam mais decisivas para alcançar essa meta?

Nós tínhamos, há 11 anos, quando eu coordenava o programa Pacto pela Vida, que foi agora substituído pelo Bahia pela Paz, essa letalidade policial em torno de 300 ocorrências no ano. E, agora, 11 anos depois, está em torno de 1.500 ocorrências, sendo a maior do país. Então, é um número inaceitável. Eu quero elogiar a atitude do governador Jerônimo Rodrigues em apresentar um plano para reduzir esse indicador. Creio que é multifatorial a causa desse elevado número e, portanto, o plano tem uma atuação em várias frentes. A significativa é ter uma meta de 10% de redução no semestre, o que obriga um conjunto de providências para essa meta ser alcançada. A extensão do uso das câmeras corporais serve tanto para ter o registro do que ocorreu naquele evento — a situação está ali documentada por vídeo e áudio — quanto para proteção dos próprios policiais. O investimento na capacitação e qualificação dos profissionais de segurança é outro aspecto muito importante. Aqueles, inclusive, que estiverem envolvidos em vários eventos devem passar por acompanhamento psicológico, por um tipo de amparo, porque deve também causar algum tipo de repercussão e dano nesse ser humano que está envolvido nesses eventos. E essas medidas, creio, somadas a outras, especialmente de corregedoria e de acompanhamento da execução do plano pelo próprio Bahia pela Paz, vão dar as ferramentas para o seu êxito. Eu estou otimista de que a gente tenha reduções nesse indicador, que é hoje um dos grandes desafios da segurança pública no nosso estado.

O senhor tem criticado também a postura dos Estados Unidos em relação à Venezuela. Vê um risco à paz e à soberania na América do Sul?

Essa tem sido uma prática do império americano de provocar guerras com interesses econômicos como subterfúgio. Então, não há uma razão objetiva para ele atacar um país da América Latina, como a Venezuela, assim como não havia razão para o tarifaço no Brasil. No fundo, os Estados Unidos querem controlar o petróleo da grande bacia que existe na Venezuela e, para isso, querem depor um governo que tem o respaldo da população — por mais controvérsias que possa haver sobre o regime —, mas ele está lá sustentado em processos políticos próprios da Venezuela. É inaceitável que um país ataque outro para poder tomar seus recursos e fazer dessa tentativa de apropriação indébita uma desestabilização da democracia e da paz da América Latina. Trump foi eleito para governar os Estados Unidos e não para ser o imperador do mundo. Ele não pode viver em uma lógica de guerra permanente para auferir riquezas, retirando produtos e bens de outros países livres e independentes.

O senhor e outros membros do PT disseram recentemente que ACM Neto tem perdido apoio depois de desistir da candidatura ao governo do Estado. O que explica essa perda de força política, na sua avaliação?

Ando muito pela Bahia e há muitas regiões e territórios em que eu não vejo nenhum palanque para a oposição. O prefeito que apoia o governo, a chamada banda B, banda C, todos também estão apoiando o governo. Então, há uma desidratação muito visível da força da oposição no interior da Bahia. Eu creio que isso é reflexo do governo Jerônimo e também da forma de relacionamento civilizado e institucional que ele tem com todos. E isso, quando comparado com seu adversário, o ex-prefeito de Salvador, fica muito evidente: a diferença entre aquele que acolhe e o outro que afasta; entre o que é humilde e o que é arrogante; entre o que está ao lado do presidente Lula e o que apoia e conspira com a extrema-direita e com o ex-presidente Bolsonaro contra o Brasil e a Bahia. Eu creio que a perda de apoio dele é multifatorial, e ele realmente está perdendo as condições de ser um candidato competitivo da oposição.

E como é que o senhor enxerga hoje a unidade e os desafios da base governista de Jerônimo em relação a 2026? Acha que tende a chegar unida ou pode ocorrer alguma ruptura?

O que une a todos é um projeto vitorioso na Bahia, iniciado por Wagner, sequenciado por Rui e agora liderado por Jerônimo. É um projeto vitorioso que melhorou a qualidade de vida de baianos e baianas, que tem realizações importantes na área de infraestrutura, na área social e na democratização do Estado. Então, creio que esse projeto vitorioso mantém a base muito unida, e eu acho remotas as possibilidades de defecções. Conta ainda a favor a força do projeto nacional. Pesquisa recente, inclusive, coloca Lula como favorito para ganhar as eleições em primeiro turno em todos os cenários. Então, quando se junta a força de Lula nacional com a força do projeto estadual, há o poder de construir essa união e essa unidade muito grande. E não é à toa que o PSD, que, ao lado do PT, é um dos partidos mais importantes dessa coligação, aqui na Bahia apoia Lula independentemente da orientação nacional. Eu estou muito otimista de que nós vamos manter a base unida e vamos, com muita humildade, pedir ao povo baiano mais quatro anos para continuar transformando o nosso estado.

Quais são seus planos para 2026? Vai buscar a renovação do seu mandato de deputado estadual?

Sou candidato à reeleição, já tomei essa decisão. Tenho dois mandatos de deputado estadual, agora estou concluindo o segundo, e vou para o terceiro. Me sinto muito integrado dentro do PT da Bahia, na base do governo Jerônimo, fazendo a defesa de um projeto em que acredito, que sou construtor e de que participei desde o início, buscando também representar as regiões que me deram esse voto de confiança, especialmente aqui na região de Salvador, na Região Metropolitana de Salvador, Feira de Santana, Portal do Sertão e todo o Recôncavo. Agora também ampliei as relações na região de Irecê e na região Oeste, e é essa base social que apoiou a decisão de renovação do mandato. Irei também, com muita humildade, prestar contas do meu trabalho nesses quatro anos e pedir novamente um voto de confiança para continuar representando o povo da Bahia na Assembleia Legislativa.

Qual balanço o senhor faz do governo de Jerônimo Rodrigues?

Eu vejo já, nesse terceiro ano, um governo com muito êxito administrativo e de gestão, com algumas marcas já se consolidando, como o governador que fez mais escolas de tempo integral na história da Bahia, que revolucionou a infraestrutura desses equipamentos de educação e mudou a realidade e os indicadores nessa área. Jerônimo é o governador que também ampliou os serviços de saúde no interior do estado, com novos hospitais, e agora universaliza, para todas as regiões de saúde, a presença de um hospital estadual até o final do seu mandato. Em Salvador, ele é o responsável pela segunda onda na revolução da mobilidade urbana com o VLT, que se soma ao metrô e transforma Salvador na capital com maior mobilidade do Brasil, com 80 quilômetros de trilhos — 40 do VLT e 40 do metrô —, ligando toda a cidade. O VLT já tem um avanço significativo no seu primeiro trecho ali na orla Suburbana, na Calçada; vai se estender ao Comércio e avança também no segundo trecho, com a duplicação da Estrada do Derba, chegando até Piatã e integrando-se ao metrô. Creio que, quando estiver pronto esse novo modal, toda a população de Salvador, especialmente aquela região do Subúrbio, de Valéria e Águas Claras, vai ter um transporte de massa moderno, rápido, com Wi-Fi, digno para todos nós. E também é o governador que traz projetos estruturantes na área da indústria de grande alcance, como a implantação da fábrica da BYD aqui em Camaçari, substituindo o antigo parque da Ford, que abandonou o país. É uma empresa de referência mundial na fabricação de carros elétricos e de baterias elétricas, gerando 20 mil postos de trabalho na área da indústria automobilística. Da mesma forma, retomou a indústria naval com a reativação do estaleiro de Maragogipe para a construção de barcaças para a Petrobras — 5 mil novos empregos gerados naquela região do Recôncavo, que também estava abandonada desde o governo passado com o fechamento das suas instalações. Então, trouxe um emprego qualificado, industrial, na área da indústria naval, muito importante para a Bahia. E, além disso, é o governador da ponte Salvador-Itaparica, que teve todo o seu processo de contratação reorganizado pós-pandemia e já está em andamento com todo o planejamento. Em meados do ano que vem, nós teremos o início das obras físicas, fazendo uma mudança estrutural no desenvolvimento econômico do Recôncavo, do Baixo Sul, do Sul do estado e de Salvador. Então, creio que é um governador que está sendo testado e aprovado, com um grande desempenho em apenas três anos de gestão, e isso tudo será um ativo importante para a sua reeleição, que creio que deve ocorrer em primeiro turno no ano que vem.

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