Uma mãe denunciou ofensas racistas que o seu filho vem sofrendo em uma escola particular muito conhecida em Feira de Santana. A dentista Nayane Barreto falou, em suas redes sociais, que a escola está tentando abafar o caso e se cobrir judicialmente. “Não recebi uma mensagem e nem perguntaram como meu filho está. Não me prestaram nenhum tipo de apoio, nem solidariedade, nada”.
Há três semanas, Nayane chegou à escola para pegar o seu filho e ele não estava junto com os colegas. “Fui com a professora procura-lo pelo pátio. Quando o achamos, ele estava sozinho, chorando e com a cara de medo. Fiquei questionando a ele o que tinha acontecido porque sempre passa o pior em nossa cabeça. Ele disse que uma mãe tinha pegado ele pelo braço e tinha levado ele não sei para onde porque eu não entendi. Pedi a ele para me mostrar quem era a mãe para que ela me contasse o que tinha acontecido porque na minha cabeça ela iria me dizer que tipo, ele tinha caído e ela pegou pelo braço para levantar. Qualquer coisa, menos isso”, explicou.
Quando achou a mãe, Nayane a questionou sobre o que o seu filho tinha dito a ela. “Ela assumiu que tinha pego ele pelo braço, que ele tinha tomado o brinquedo da mão de sua filha. Mas meu filho negava que tinha sido ele que achou o brinquedo. Eu disse que conhecia meu filho e tinha certeza que não tinha sido ele que tinha feito isso. Ele disse que o coleguinha dela que achou o brinquedo. Disse a ela que ela foi na criança errada e mesmo que tivesse sido ele, ela não poderia ter feito o que fez. ‘Peguei no braço dele mesmo, dê seu jeito’. Foi o que ela disse na minha cara e na cara da professora. Não acreditei no que eu estava ouvindo”.
Nayane achou que estava delirando e vivendo um pesadelo. “Eu continuei questionando e ela continuou confirmando. Quando eu disse que o menino que tinha pego o brinquedo também era preto, ela me respondeu: ‘escurinho tudo se parece’. Peguei meu filho e fui atrás de alguém que me disse uma orientação para que eu relatasse e resolvesse aquela situação. O outro menino estava junto com meu filho. O menino que estava na frente deles era loirinho. Quando a filha dela aponta, ela foi no primeiro preto que ela achou, que foi o meu filho. Ela não pegou no braço do menino loirinho. E em momento algum ela achou que estava errada”.
A única atitude da escola foi fazer reuniões para se cobrir judicialmente, reclama Nayane. “Eles não tiveram nenhuma preocupação com a situação ou com o meu filho. A impressão que eu tive foi essa. Eu só fui ouvida antes da agressora e da racista porque eu insisti. Quando procurei a coordenadora no dia da confusão, ela mandou eu ir para casa e me acalmar. Não me deixaram relatar o que tinha acontecido. Fui para casa e solicitei que fosse ouvida no outro dia por quem quer que seja às 8h. Relatei o que tinha acontecido. Na outra, foi a agressora ouvida. Eles me relataram que tinha sido uma reunião “emocionante” e que ela se arrependeu do que tinha feito. Meu grande questionamento foi: será que ela se arrependeu porque foi pega, será que se o meu filho tivesse feito o mesmo aconteceria isso? Foi o questionamento que eu fiz para a coordenadora branca dos cabelos loiros”.
A agressora disse ainda que jamais ela teria sido racista porque “tem pai e mãe pretos”. “Prontamente disse que essa é a principal fala do racista que é pego. Ela não foi só racista. Ela agrediu meu filho pegando pelo braço, mesmo com ele chorando. Foi racista com uma criança! Em todas as atas das reuniões tive que solicitar que o meu filho havia sofrido racismo. Em nenhuma delas eles queriam relatar. Pedi a transferência do meu filho, mas ele está na alfabetização e precisa terminar o ano letivo e tem sido dias difíceis ele entender que a escola, onde ele se sentia protegido, não é mais um ambiente seguro para ele”.
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