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Saúde Palavra de médico

O médico Tarcízio Pimenta fala sobre o câncer de mama em pleno Outubro Rosa

Doença é uma das que mais mata mulheres no Brasil.

21/10/2024 07h24
Por: Karoliny Dias Fonte: Boca de Forno News
Foto: Reprodução / Internet
Foto: Reprodução / Internet

No Palavra de Médico deste domingo (20), do programa Boca de Forno News, da Rádio Sociedade News, o médico Tarcízio Pimenta falou sobre câncer de mama. Vale ressaltar que ainda estamos no Outubro Rosa. Conforme o médico, essas ações começaram nos Estados Unidos na década de 1990 e chegou ao Brasil entre 2000 e 2002.

“Infelizmente, em algumas situações, não se explica claramente ao paciente o que é o Outubro Rosa e esse chamamento. Ele é para a prevenção e o rastreamento do câncer de mama e não deve se restringir apenas ao mês de outubro, mas em todo o ano, durante todo o acompanhamento da saúde da mulher. É como o exame do preventivo ginecológico, o Papa Nicolau. Ele tem que ser feito anualmente para prevenir o câncer e, se diagnosticado, promover o tratamento mais rápido possível para que se obtenha a cura ou o estagnamento da doença”.

 Tarcízio alerta que nem todo caroço, nódulo, gânglio, aumento da mama, assimetria da mama é câncer. “Por isso é importante o atendimento primário na unidade de saúde onde o médico deve conversar e examinar as mamas do paciente para que ele possa ter uma possibilidade de diagnostico precoce. Ele incide mais na mulher, mas pode acontecer no homem. É raro, apenas 1%, mas eles podem apresentar câncer de mama”.

A idade é também um fator importantíssimo para o acompanhamento dessa doença. O envelhecimento e o avançar da idade predispõe o surgimento do câncer de mama. Mas o que é o câncer, uma neoplasia? O médico responde. “É como se você tivesse um cacho de uvas e uma delas começasse a ficar deteriorada. Ela ficou doente, alterada, vai mudar o seu aspecto, vai morrer ou não mais cedo, vai se reproduzir de forma diferente e aquelas uvas que estavam todas iguais passam a ficar todas diferentes. Uma forma maior, outra distorcida, outra de cor diferente. O câncer é uma alteração, uma mutação que acontece na célula e ela fica diferente no crescimento e comportamento”.

O câncer de mama pode ficar localizado apenas na mama. O tratamento é diferente dos demais. “Pode ser só retirar aquele caroço, pode fazer quimioterapia, fazer radioterapia ou ele pode sair do local onde está e ir para outros lugares do corpo como pulmão, ossos, fígado, outros tecidos, o que chamamos de metástase. Infelizmente, alguns colegas e pessoas que trabalham com os pacientes não explicam direito a ele o que tem que fazer, explicando e colocando bem para ele essa questão”, ressalta.

É preciso ainda diferenciar o que é prevenção e rastreamento. Prevenção, diz Tarcízio, são medidas que são tomadas e incrementadas para impedir que a doença apareça e rastrear é ir atrás do rastro dela. “O rastreamento é importante porque quanto antes diagnostica a doença, o tratamento se torna mais efetivo, rápido e pode se obter a cura. Os tumores com menos centímetros curam quase 100% dos casos. Quanto mais precoce o rastreamento e a identificação da doença, mas fácil e efetivo fica o tratamento”.

Uma alimentação saudável, pratica de atividades físicas, sair do sedentarismo, controlar ou evitar de álcool e fumo. “As mulheres que fumam têm 40% de chances a mais de ter um câncer de mama. Observar o uso de anticoncepcionais, a reposição hormonal como está sendo feita, que deve ser feitas em pacientes na pré ou pós-menopausa, para que se possa ter uma sobrevida e estabilidade melhor em sua vida”.

O médico disse que tem visto hoje nas estatísticas é que mulheres abaixo de 40 tem tido mais câncer de mama. “A pesquisa é do Instituto Nacional de Câncer, mostrando o quanto é importante mulheres abaixo de 40 anos já está fazendo também essa prevenção. A incidência maior é entre os 50 e 69 anos”.

É fundamental buscar alguns sinais e sintomas que podem chamar a atenção para o diagnóstico. “É bem simples perceber que aquela mulher pode estar desenvolvendo uma doença dessa natureza. Apareceu qualquer caroço, seja na mama, debaixo do braço, na axila, próximo do rosto, vá ao médico, alteração na pele com ela ficando avermelhada, a descamação do mamilo, o mamilo invertido, a mama com aspecto de casca de laranja. Você aperta a mama e sai do mamilo sangue ou alguma secreção de aspecto vermelho. Tudo isso chama a atenção e pode estar relacionado com o câncer de mama. Procure alguém que possa lhe orientar, lhe ajudar no diagnóstico da doença”.

A questão genética está também relacionada ao câncer de mama. “Não é tão frequente como as pessoas falam. Existe um percentual de 5% a 10% de que a genética pode estar presente, mas não quer dizer que toda a mãe que teve câncer de mama a filha também vai ter. Toda vez que se diagnostica câncer em um parente de primeiro e segundo grau a atenção tem que ser maior. Uma paciente que faria uma mamografia todo o ano, tem a necessidade de fazer a cada seis meses para fazer esse rastreamento com mais segurança e ter um cuidado maior para que o diagnóstico seja precoce e possa fazer o tratamento. infelizmente, o câncer ainda é uma das doenças que matam mais mulheres no Brasil”.

Ainda há muito preconceito. “As mulheres ainda tem muita vergonha de falar que tem a doença, ficam com medo da mutilação, que é a retirada da mama, porque ela é um dos símbolos do corpo humano mais importante para a mulher. Ela entende que a sua mama precisa ser conservada e bem visualizadas e começa a ter aqueles transtornos psicológicos, ansiedade, abandono do marido, da família. Tem pessoas que ainda acham que o câncer pega. Daí vem todos os problemas emocionais”.

Por isso, ressalta o médico, a mulher precisa de um tratamento multidisciplinar. “Não é apenas o oncologista. Ela precisa do clínico, psicólogo, enfermeira, fisioterapeuta, cirurgião, do apoio de toda essa equipe para que o tratamento e uma boa orientação”.

A mamografia é muito importante. “Ela tem que ser feita a partir dos 40 anos, anualmente ou bi anualmente. Cuidado com as mamografias que não tem a qualidade que deve ter. O exame tem que ter uma qualidade, uma boa técnica porque existe os chamados falsos positivos e falsos negativos, que é quando pacientes que não tem a doença e é diagnosticado com uma imagem suspeita e pode trazer transtornos psicológicos terríveis aos pacientes. E os falsos negativos, quando a mamografia não alcança a doença.  Isso acontece e temos que chamar a atenção”.

A ultrassonografia é também importante porque tem um poder de penetração maior e melhor. “É um método de rastreamento e ajuda junto com a mamografia. A ressonância magnética é também um exame importante. As vezes não o temos com muita facilidade, mas é feito, a depender da unidade e do local onde você esteja fazendo a sua prevenção”

Assim como o autoexame, olhando e tocando a sua mama em frente ao espelho ou tomando banho. “Peça ao marido, uma irmã, para apalpar sua mama de forma total. Ele não é um método de rastreamento, mas ajuda porque você pode encontrar um tumor, um nódulo”. O mais fundamental de todos eles é a biópsia. “É a biópsia da lesão é fundamental para se ter o diagnóstico, traçar o tratamento e se obter os melhores resultados”, finaliza.

Ouça o Palavra de Médico aqui.

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