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AVC é a causa da morte de seis brasileiros por hora

Na Bahia, de janeiro a agosto de 2024, já foram 7.598 internações na rede hospitalar do Sistema Único de Saúde (SUS), por acidente vascular cerebral, o que representa uma redução de 20% em relação ao mesmo período do ano anterior.

18/10/2024 08h40
Por: Karoliny Dias Fonte: Tribuna da Bahia
Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

Dados do Portal de Transparência do Registro Civil, mantido pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (ARPEN Brasil), apontam que 39.345 brasileiros morreram por Acidente Vascular Cerebral (AVC), de janeiro a 20 de agosto deste ano, o que equivale a seis mortes por hora no país. Neste contexto, a faixa etária dos pacientes é um aspecto alarmante: 18% dos casos de AVC registrados no Brasil afetam jovens adultos segundo o Datasus, cujo levantamento realizado entre os anos 2000 e 2010 revela que quadro clínico foi responsável pela morte de 62 mil pessoas com até 45 anos.

Neste 29 de outubro, o Dia Mundial do AVC será marcado pela campanha universal “#MaiorqueoAVC”, da World Stroke Organization, endossada pela Rede Brasil AVC. De acordo com a entidade, a conscientização e a prevenção são duas frentes essenciais no combate ao AVC, doença que teve crescimento de 70% no número de registros no mundo, entre 1990 e 2021, conforme estudo publicado na revista científica The Lancet Neurology.

“O acidente vascular cerebral, popularmente conhecido como AVC, é uma das principais causas de morte e incapacidade no mundo. Embora seja uma condição amplamente prevenível e tratável, a gente sabe que a nível global o número de casos de AVC vem aumentando ao longo dos anos e essa elevação pode ser atribuída tanto ao crescimento da população, quanto ao aumento do envelhecimento da população, mas também, à exposição de fatores de riscos comportamentais e ambientais”, explica Thaís Leite Secchi, neurologista vascular do Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre, membro da Rede Brasil AVC.

De acordo com a especialista, então os fatores comportamentais que aumentam os riscos da doença, estão o sedentarismo, o tabagismo e a alimentação inadequada. “A prevenção é essencial, porque os estudos mostram que 90% dos casos de AVC podem ser evitados com a adoção de hábitos saudáveis. Isso inclui, então, controlar a pressão arterial, praticar regularmente atividade física e também ter uma alimentação equilibrada. Essa promoção de estilos de vidas saudáveis vai reduzir a carga sobre o sistema de saúde e vai prevenir uma das principais causas de morte em capacidade no Brasil, que é o AVC”, detalha Secchi.

Na Bahia, de janeiro a agosto de 2024, já foram 7.598 internações na rede hospitalar do Sistema Único de Saúde (SUS), por acidente vascular cerebral, o que representa uma redução de 20% em relação ao mesmo período do ano anterior. Do total de internamentos em 2023, 12,5% se referem a pacientes de até 49 anos, ano em que foram notificadas 3.916 por AVC no estado, 215 deles nesta faixa etária.

Como analisa a neurologista Thaís Leite Secchi, embora o AVC seja mais comum nos idosos, o aumento de condições como a obesidade e a pressão alta entre os adultos jovens, é preocupante. “Cada vez mais a gente está vendo casos de AVC em adultos jovens e eles

precisam estar atentos aos sinais e sintomas de AVC e adotar medidas preventivas desde cedo”, alerta.

Segundo a especialista, as orientações são: fazer check-ups regulares e evitar comportamentos que são considerados de risco, como tabagismo ou consumo excessivo de álcool. Além disso, fatores ambientais não podem ser descartados quando o mundo tenta explicar o aumento do número de casos de AVC nos últimos anos.

A pesquisa publicada na The Lancet Neurology ainda traz que 84% dos casos da doença, registrados em 2021, estão associados a 23 fatores de risco modificáveis, incluindo calor e poluição do ar. Essa é a primeira vez que estes as condições climáticas são apontadas, especialmente, a poluição do ar por partículas, citado como um dos principais fatores de risco para AVC hemorrágico, contribuindo para 14% das mortes e incapacidades associadas a esse subtipo da doença, um nível comparável ao risco relacionado ao tabagismo.

“Os fatores ambientais também aumentam o risco para todas as faixas etárias, inclusive para os jovens. O impacto do calor extremo e da poluição do ar afetam diretamente a saúde cardiovascular da população, elevando o risco de AVC, tanto isquêmico como hemorrágico. Em relação à poluição, a inalação dessas partículas finas e dos gases tóxicos está associada à inflamação e dano nos vasos sanguíneos, que pode levar ao comprometimento do fluxo sanguíneo e ao AVC isquêmico”, destaca Secchi.

Em tempos de crise climática, não apenas no Brasil, mas vivenciada pelo planeta como um todo, o enfrentamento ao AVC torna-se desafiador. Ainda para a especialista, o calor extremo está associado à desidratação e ao estresse no sistema cardiovascular, fatores que aumentam a pressão no SUS, pelo maior número de casos de AVC, sobrecarregando o sistema e exigindo políticas públicas urgentes, com foco na mitigação dos efeitos das mudanças climáticas sobre a saúde global da população.

E o paciente com quadro de AVC pode apresentar sequelas, como dificuldade de fala, problemas cognitivos, distúrbios emocionais e déficits motores, seja paralisia ou fraqueza de um lado do corpo, o que compromete a sua mobilidade e a realização de atividades diárias. “Cerca de 50% dos sobreviventes do AVC têm algum grau de incapacidade permanente. A assistência dos pacientes AVC é complexa, envolve uma abordagem multidisciplinar. A reabilitação exige um sistema de saúde bem estruturado”, completa a neurologista.

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