Mais uma Páscoa se aproxima e com ela a tradição de presentear pessoas queridas com ovos de chocolate. No entanto, quem circular pelas lojas tem tomado um susto: os preços destes produtos que tanto seduzem o consumidor estão muito mais altos do que ano passado. Em alguns locais, o item, a depender do tamanho, pode chegar a mais de R$400 reais.
O encarecimento é a nível mundial, conforme explica entidades do setor de produção, e está relacionada a disparada da cotação internacional do cacau.
No Brasil há produtos deste tipo vendidos com adiantamento do FGTS ou em até dez vezes, esta última opção também encontrada em muitas lojas de Salvador.
Apesar do volume da produção de chocolate ter crescido 6% no período da Páscoa de 2023, e a projeção de vendas de ovos ser 5,4% maior, de acordo, respectivamente, com a Associação Brasileira de Chocolates, Amendoim e Bala (ABICAB) e Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS), a realidade tem sido outra no comércio soteropolitano. Nas ruas, lojas e shoppings, muita gente tem pesquisado preço e refletido sobre a possibilidade de presentear com caixas de chocolates ou barras do produto para economizar e aproveitar o feriadão.
“Estive nas Americanas, e um Sonho de Valsa de 225 gramas, que já custou RS 39 ano passado, agora está RS 50. O Oreo de 250 gramas está R$ chegando a 170 em algumas lojas. Na Cacau Show, alguns de 360 gramas estão a RS 80. O Ferrero Rocher, que olhei só para me sentir rica, está R$ 316,39. Não é nem que não tenha dinheiro, mas vou preferir economizar e viajar, pois vai ser um dos poucos feriadões do ano" contou a cineasta Fabiana Rebouças, que se considera uma “chocólatra”.
Conforme a Abras, os preços dos ovos de páscoa variam em média 15% na comparação com o ano anterior. A vendedora de uma loja de chocolates do Center Lapa, que preferiu nao se identificar, disse que tem notado bastante entrada de clientes, mas pouca saída de ovos e até mesmo de chocolates em geral. “Muita gente vê o preço e desiste. E como a gente gosta de uma conversa, muita gente reclama do valor e diz que prefere economizar para viajar no feriadão”.
Se os ovos de Páscoa vão sair mais das prateleiras do que as barras e caixas de chocolate, só após o período para ter essa ideia.
Mas o alto custo do produto há alguns anos, independentemente da condição financeira da população, tem provocado uma mudança de hábito do brasileiro em relação a essa tradição. “Há alguns anos tenho aumentado o número de clientes que acham caro os ovos industriais e preferem pagar o mesmo valor, ou um pouco menos, em ovos gourmets. Tão mais gostosos, mais recheados. Além disso saem muito os ‘ovos de pote’, que tem preço em conta de RS 50, RS 60 com gramatura muito maior, mais sensação de saciedade e mais sabores”, explica a doceira e vendedora chocolates Nice dos Santos, que, nas redes sociais, divulga vários produtos.
A alta cotação do cacau, que mostra que os aumentos súbitos em commodities individuais apertam os consumidores, alçou este ano o chocolate mais como um produto de luxo do que uma necessidade.
A ABRAS acredita que de toda forma haverá maior consumo na Páscoa de diversos produtos.
Otimismo
Um dos motivos para o otimismo vem do calendário e dos recursos que serão injetados no consumo até a data. Em 2023, a Páscoa foi comemorada no início do mês (9 de abril). Neste ano, ela será em 31 de março e terá uma forte influência do pagamento do Bolsa Família (de 15/03 a 28/03) e de outros recursos que serão injetados na economia no trimestre, como a antecipação do pagamento de R$ 31 bi dos precatórios do INSS. Nesse cenário, 34% dos supermercadistas projetam maior consumo na véspera da data (sábado) e outros 48% na semana que a antecede com a chegada do Domingo de Ramos.
Ovos
Quanto aos ovos de Páscoa, o volume das encomendas do setor está dividido em ovos com brinquedos, brindes (18,6%), de ovos de chocolate de 100gr. a 185 gr. (17,9%) e de ovos de chocolate de 252gr. a 365 gr. (15,4%) que lideraram o consumo no ano passado. “Outros se dividem em ovos de chocolate de 186gr. a 251 gr. (13,8%) e ovos de chocolate acima de 366 gr. (13,8%). Os preços variam, em média, 15% na comparação com o ano anterior”, afirma a nota.
Por causa do alto preço do chocolate na indústria, e da vontade de economizar para o feriadão, que se espera a saída de barras e caixas de bombons das prateleiras. “São mais baratos, tão gostosos quanto e tem o simbolismo do chocolate”, comenta Vania.
O presidente da Associação Brasileira de Chocolates, Amendoim e Bala (ABICAB) afirma que a indústria “oferece produtos de várias gramaturas, tamanhos, sabores e atende às diferentes faixas de consumidores. É, também uma indústria de grande capilaridade. Oferece produtos que chegam a todas as cidades do país, apesar das dimensões continentais do território nacional”, finaliza.
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