Secretário de Agricultura fala sobre perda de 50% da safra da agricultura familiar em Feira de Santana

O secretário de Agricultura e Recursos Hídricos Pedro Américo (UB) falou sobre a reclamação dos agricultores rurais em relação as sementes distribuídas pelo órgão. Conceição Borges, do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Feira de Santana, falou sobre a zona rural de Feira de Santana, reclamou que a categoria perdeu mais de 50% da safra de feijão e milho. Segundo ela, essa perda se deve por causa da semente, adubação e o sol.

Conceição disse que os agricultores deixaram de plantar as “sementes crioulas”, que é da região, e plantaram sementes do Rio Grande do Sul, que não tem nada a ver do solo. Pedro disse que o governo municipal tem a tradição de fazer a compra de sementes de um único fornecedor. “É um processo histórico da cidade. Nos dois últimos anos da pandemia a gente não teve a distribuição de sementes e tivemos uma dificuldade. Já havia um processo de compra das sementes, o ex-secretário Pablo Roberto decidiu não interromper esse processo e foi feita a compra de 90 toneladas de sementes nesse ano de 2022 para fazer a entrega aos agricultores e agricultoras”.

Ele disse ainda que uma logística foi montada e nesse período ele já tinha assumido a Secretaria. “Nós conseguimos montar uma logística, entregar a semente no prazo do plantio, que era uma coisa que a gente tinha dificuldade nos anos anteriores e pedimos inclusive, já sabendo porque Feira de Santana tem tipos de solos diferentes. São quatro ou cinco tipos de solos: um mais próximo do recôncavo, um mais próximo da região do Sisal, que é mais semiárido, os locais que são mais úmidos e locais que são mais secos. Descobrimos isso lendo os relatórios da Secretaria”, explica.

Após isso, Pedro disse que houve um diálogo com as associações para que elas pudessem inclusive dar esse retorno do quanto plantou, do quanto colheu, o que foi produzido e montou uma estratégia para o próximo ano. “Montamos uma estratégia para o próximo ano. É um desafio que nós lançamos. Inclusive as próprias associações, que é o banco de sementes. A única solução que nós teremos aqui prática em Feira de Santana e o prefeito Colbert já autorizou porque já mostrei a ele o processo, ele já assinou, já está em tramitação”.

O que será feito é que as associações ou os produtores rurais de Feira de Santana que montarem o seu banco de sementes que foram colhidas na comunidade que dá retorno e tem uma boa produtividade, o governo municipal vai comprar a semente desses agricultores. “Ao invés de a Secretaria comprar de uma empresa do sul, vai comprar a semente dos produtores de Feira, sementes que já estão adaptadas com nossa região, com o clima e está adaptada com um tipo de solo que tem nela”.

O secretário diz ainda que o prefeito também já autorizou também o lançamento de um edital para fazer a recuperação do solo em Feira de Santana, que é também uma cobrança muito grande dos agricultores e agricultoras familiares da cidade. “Tenho certeza que, com uma semente boa, própria da cidade e adaptada, com o solo recuperado, com assistência técnica adequada e com os maquinários que nós estamos conversando com o prefeito para ele comprar e ter a capacidade de arar mais terra capacidade, de restaurar mais aguadas, acredito que no próximo ano nós teremos um grande trabalho na zona rural”, disse.

Foi montado ainda um projeto chamado “Qualifica Rural”, para poder qualificar o campo também da cidade. “Tenho a expectativa de que no próximo ano nós teremos grandes vitórias e muito a comemorar junto com os agricultores e agricultores de Feira de Santana”.

Pedro destacou que existe um ecossistema de inovação que envolve diversas entidades e faculdades em Feira de Santana muito ligadas a inovação e a tecnologia. Ele disse que teve um diálogo com eles sobre a agricultura em Feira de Santana. “E aí eu digo que tanto o pequeno produtor, assim como também aqueles que produzem um pouco mais, que tem uma maior capacidade de renda, precisa integrar o desenvolvimento rural de forma efetiva e esse ecossistema está nos ajudando”

A ideia, destaca o secretário, é comprar equipamentos que são necessários no processo de qualificação rural e trazer esse ecossistema de inovação que vai trazer também experiências de outros lugares. “Estávamos falando das sementes, que é um problema que precisamos enfrentar. Uma dessas tecnologias é um sistema de rastreamento da origem da semente. Por exemplo, falamos muito de agricultura orgânica, mas para você garantir que a agricultura é orgânica, que inclusive faz com que o valor agregado do produto seja vendido mais caro para outros estados ou exterior, o que aumenta a renda do trabalhador, para isso precisamos rastrear a origem dessa semente, onde foi plantada e se houve uso de agrotóxicos”.

São esses os elementos que vão ajudar a melhorar a produtividade e também fazer com que aumente a renda do trabalhador e da trabalhadora rural, ressalta. “Não adianta acharmos que a Prefeitura sempre vai ser obrigada a poder colocar o trator, distribuir semente, a colocar o carro pipa. Nós precisamos construir elementos reais de desenvolvimento sustentável para que possamos para dar esse suporte inicial, alinhado com o projeto de desenvolvimento que tem o eixo de financiamento, de acesso ao crédito, da qualificação e de fato, claro, do papel da prefeitura onde puder”.

Em parcerias com bancos, diz ainda o secretário, a Prefeitura oferta crédito a juros de aproximadamente um 1%, que é um juro muito abaixo do mercado e onde a própria comunidade se reúne, forma o banco. “Na comunidade tem o presidente do banco, tem o tesoureiro, o secretário e tem o crédito para fazer com que as pessoas possam pega-lo e investir em ações produtivas para gerar algum tipo de renda”, finalizou.