O 5G estreou no Brasil no começo desse mês, em Brasília, no Distrito Federal. E a previsão é de que mais capitais liberem a rede até setembro deste ano. Mas o que realmente muda? E quais são os benefícios a quinta geração de internet móvel traz para os brasileiros? Quem vai responder essas perguntas é o professor de Tecnologia da Informação do Instituto Federal da Bahia, Murilo Santos. Murilo é mestre em Gestão de Tecnologia.
Segundo ele, principais benefícios do 5G para a população brasileira, além dos benefícios individuais de comunicação, é que ela tem uma maior velocidade de conexão de banda larga entre os dispositivos. “Você vai ter dispositivos se comunicando entre si numa velocidade muito maior e mais pessoas também poderão estar conectados com a qualidade de sinal, sem perdas e degradação dele”.
Ele citou um exemplo. “O estádio de futebol. Você vai para o jogo de futebol assistir a uma partida e lá você tem dificuldade de utilizar o celular no 4G. Isso por causa da quantidade de conexões simultâneas. A 5G tem uma capacidade de conexão muito maior. Mais equipamentos estariam interconectados em casa, no escritório, possibilitando ter serviços mais inovadores”, explica.
A 5G melhora ainda a qualidade de estudos e trabalhos remotos, videoconferência, amplia o leque de atuação da telemedicina, melhora as questões de mobilidade urbana e também aprimora o desenvolvimento das cidades inteligentes. Ela ajuda ainda a atuação do carro autônomo com inserções de programação da linguagem de programação, de código e da inteligência artificial.
“Pela melhora da velocidade de comunicação e da confiabilidade desse tipo de redes, você teria também uma melhora na autonomia desse carro. O carro autônomo trafega sozinho entre os pontos, anda nas ruas sem a interação com o mundo. Ele teria uma velocidade de processamento em rede muito maior, podendo ter essa capacidade de se desenvolver mais. O 5G facilitaria a evolução dos carros autônomos”, diz.
Quem experimentou a mudança do 3G para o 4G sentiu muita diferença. O professor Murilo diz que muita coisa também mudará com a mudança do 4G para o 5G. Quando o 3G foi criado, nos anos 2000, ele surgiu com a ideia de permitir que o celular funcionasse conectado à internet. “Naquela época evoluiu-se ao ponto de em 2018, mais ou menos, se ter uma velocidade média de no máximo 8 ou 9 megabits por segundo de uso de internet com 3G”.
O 4G é uma rede mais ampliada e que permitiu que assistíssemos vídeos em tempo real nos celulares. “A rede 4G tem uma velocidade de 20 megabits por segundo. Pode dar um pouco mais do que isso, mas é uma velocidade média de utilização aqui da gente".
No caso da 5G, diz ainda o professor, a estrutura tecnológica é feita para ter um nível máximo de velocidade de até 100 vezes mais rápida que pode chegar até 10 gigabits por segundo. "Nos testes atuais, tem chegado até no máximo 20 vezes mais rápido do que a 4G, ou seja, vamos sim sentir uma diferença muito grande”.
Murilo ressalta que a 5G é uma rede que pode ser muito escalada e muito ampliada. “Podemos esperar grandes novidades a partir de agora”.
Implantação
As cidades precisarão se adequar para implantar o 5G. Murilo diz que elas precisarão de duas coisas para seu o cronograma de implantação da rede. Para se ter essa rede é necessário ter, além das antenas instaladas na proporção de uma antena para cada 100 mil habitantes, precisa ter dispositivos do núcleo, do coração da rede, modificados, dispositivos mais atuais com essas capacidades de velocidade que foi dita anteriormente instalados nesses servidores das empresas de telefonia celular, para que possam proporcionar aos seus clientes essa velocidade.
Outro detalhe importante que Murilo salienta é que o que assistimos no Brasil e em outros países é o uso dos 5G “impuro”. “O é isso? Ele usa uma faixa da frequência compartilhada do 4G, que tem menor qualidade. Por isso que as velocidades orbitam entre quatro, cinco, 20 vezes ao invés de 100. Tem países no mundo que tem utilizado a frequência pura no 5G, que é a que vai acontecer aqui no Brasil nos próximos anos, que é usar a faixa de frequência dedicada para o 5G que tem essa qualificação de maior rapidez”.
Hoje, quem tem um celular com funcionamento do quatro 4G vai precisar mudar esse aparelho. Isso porque ele precisa que o chip seja compatível, que o serviço esteja habilitado pela operadora de telefonia celular e que o aparelho celular também seja compatível com a quinta geração de telefonia. “Assistimos a mudança do 3G para o 4G e os aparelhos já permaneceram livres, mas para o 5G realmente terão que ser aparelhos atualizados”.
O professor acredita que se as operadoras seguirem a tendência mundial e a tendência que foi a modificação do 3G para o 4G, elas venderão mais serviços, mas não cobrarão pela utilização da rede em si. Isso porque eles vão poder ter mais clientes, vender mais serviços de streams e outros produtos tecnológicos para poder usar uma rede de maior velocidade. Para Murilo, é uma tendência mundial, do mercado e uma necessidade da população de ter uma internet de maior qualidade.
5G no Brasil
O Brasil está ainda atrás de outros mercados em relação ao 5G. E explica. “Por exemplo, um país do mundo que está melhor condicionado em termos de qualidade e funcionamento do 5G é a Coreia do Sul. Segundo a CNN, lá eles conseguem uma média de velocidade de 406 megabits por segundo. É muita coisa. Aqui no Brasil, no momento, estamos orbitando entre 80, 90 e 100 megabits por segundo. Esse foi um teste que eu fiz inclusive quando eu estive em Salvador e encontrei um sinal de 5G disponível”.
Com a velocidade da Coréia do Sul, Murilo disse que dá para baixar um filme de 2GB em pouco menos de cinco minutos. “Isso acarreta num atraso da economia do país. Estava previsto para que o Brasil tivesse o 5G em todas as capitais até julho desse ano. Só que houve um atraso e só para se ter uma ideia desse atraso, Salvador que é uma das capitais que estariam nesse cronograma, está para setembro de 2022 e Feira de Santana, que é uma cidade importante, está para dezembro de 2023. O atraso é muito grande do avançar da implantação dessa rede em relação aos outros países”, finalizou.
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