Lindinalva Oliveira Santos, coordenadora do Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) Três Riachos, falou sobre relacionamentos abusivos. A coordenadora disse que essa é uma preocupação do órgão sobre o assunto porque ele deve ter atenção a família e os casos de violência a mulher tem crescido muito. Segundo ela, muitas pessoas estão em um relacionamento abusivo e não percebem. “É importante estarmos debatendo o assunto para que as pessoas estejam conscientes e consigam identificar quando está dentro de um relacionamento abusivo”.
Ela ressalta que, no início o relacionamento, tudo são flores. A mulher acaba se encantando com aquele rapaz que lhe traz uma atenção, carinho e aos poucos, sem ela perceber, ele acaba a escravizando, lhe tirando a liberdade e afastando esta mulher do convívio social. “Ela começa a desfazer dos encontros com as suas amizades por sugestão dele. Se afasta também do convívio familiar e ele vai envolvendo-a de tal forma que, quando percebe, ela já não tem liberdade. Já está em uma situação onde se preocupa com o fato de que qualquer coisa que fizer pode aborrecer ele”.
Lindinalva diz ainda que a pessoa perde a liberdade de se expressar, fica com medo de falar algo que desagrade aquele o “seu príncipe encantado” e não conseguem mais sair desse relacionamento. “São diversas as situações que vem fazer com que essa mulher não consiga sair desse relacionamento. Geralmente, ela não percebe que está em um relacionamento abusivo. Muitas vezes essa mulher ela se torna escrava do lar. Ele consegue fazer com que ela acredite que a culpa é dela quando faz algo que o desagrada. Coloca ainda defeito em tudo que a mulher faz. Ela fica então com medo de agir, de tomar decisões, de ter as suas próprias atitudes e ser reprimida. E tudo que essa mulher quer é agradar aquele rapaz. Por isso ela vai acreditando que aquilo é bom pra ela”, explica

Coordenadora do CRAS Três Riachos, em Cachoeira, Lindinalva Oliveira Santos - Foto: Boca de Forno News
E é aí que pode acontecer a primeira agressão, diz. Depois dessa primeira agressão há uma conversa e ele justifica que estava nervoso e credita o nervoso a erros da mulher. Ele promete que não vai mais acontecer e a agressão continua se repetindo. “Fora de casa, aparentemente está tudo bem, eles têm uma família feliz. Até quando ela vai para a casa da família do nada ele aparece para ir busca-la. Ele se torna possessivo com medo de ser traído, trocado e de que a mulher ganhe espaço e consiga se libertar dele”.
É assim que o homem se torna um perseguidor, alerta a coordenadora. Ele começa ir aos locais onde ela está. E, se ela trabalha, ele tira todo o dinheiro dela porque a violência ela não é só a violência física e psicológica, mas também financeira, patrimonial e moral. “Essa mulher fica menosprezada. Ele a humilha. Muitas vezes a família da moça pensa que o problema está nela quando na verdade está nele. Isso porque socialmente ele é uma pessoa maravilhosa, é um homem exemplar, não deixa faltar nada. Mas dentro de casa a mulher sofre muitas agressões de diversos tipos”, diz.
Assim, a mulher acredita que sem ele ela não é ninguém. Que sem ele, ela não vai conseguir se desenvolver. Isso tem mudado com o empoderamento feminino. A mulher ela tem buscado se desenvolver e já tem um plano B para situações como essa, ressalta Lindinalva. “Se aquele relacionamento acabar, geralmente ela tem o seu trabalho, sua profissão e assim consegue desenvolver sua vida. Mas ainda existem mulheres que estão apenas no convívio familiar e vivem para isso porque esse homem abusador faz com que a mulher saia do seu emprego para se dedicar à família. É aí é que está o perigo porque muitas vezes se esse relacionamento pode acabar por vários motivos”.
Ela diz ainda que relacionamento é algo muito complexo e há vários fatores que faz com que ele não tenha estabilidade, principalmente nos dias atuais. O CRAS ajuda a solucionar os conflitos. No órgão tem uma psicóloga e uma assistente social que ajuda as famílias na resolução dos seus problemas. Ou seja, no caso de famílias desestruturadas, onde está havendo conflitos e ela está ali perdida sem saber que atitude tomar para que volte a ter aquele equilíbrio, a ter a paz.
“Tem pessoas que vivem dentro de casa como se fossem inimigos. E o CRAS tem essa função, de estar auxiliando as famílias. Ele tem ainda uma função preventiva no caso de violência, por exemplo, o CRAS orienta. Quando se torna algo mais grave, algo concreto, a pessoa para o Cram, Centro de Referência de Atendimento à Mulher”, afirma.
Cram
O Cram foi recém inaugurado na cidade de Cachoeira, o que para Lindinalva é um grande avanço porque ajuda as mulheres que sofrem todos os tipos de violência, até mesmo a obstétrica. “Isso acontece muito. Dizem que na hora de fazer foi bom e na hora de ter estão dando escândalo. Isso acontece principalmente com as mulheres negras que são ainda mais hostilizadas. “Você é forte, você aguenta, eles dizem. Isso é algo que acaba fragilizando aquela mulher em um momento difícil. Ela já está ali sentindo dores e ainda ela é hostilizada por um profissional da área”.
Há ainda casos de mulheres que sofrem um abuso sexual, vão até uma delegacia dar uma queixa e os profissionais não estão preparados para dar assistência, dar atenção a elas, agindo as vezes de forma machista. “Eles criticam a roupa que a mulher está vestindo. Tem profissionais que chegam a insinuar que a mulher está naquela situação porque ela quis, porque ela deu lugar. E não dá atenção, trata aquela situação com descaso”.
O Cram, ainda conforme a coordenadora, vem a dar essa assistência a essa mulher, dar um suporte emocional que a mulher tem. “Muitas vezes a mulher sofre as violências, mas ela sente vergonha de ir até a delegacia. No Cram ela terá todo o suporte que necessita, como o jurídico. Tem assistente social, advogada e tem também a psicóloga. E todas as profissionais são mulheres para que ela se sinta mais à vontade, mais acolhida”, diz.
Trabalho do CRAS
No CRAS, a família tem serviços básicos. Um deles é o PAIF, Programa de Atenção Integral à Família. Nesse programa a família tem uma atenção com acompanhamento psicológico, com visita de uma assistente social e serviço de convivência e fortalecimento de vínculos com atividades com violão, de jiu-jítsu, artesanato acompanhada por uma orientadora social. “Sendo identificado alguma irregularidade com essa família, nós fazemos uma intervenção. Buscamos as pessoas a na solução dos seus conflitos quando percebemos que há conflitos naquela família”.
Em Cachoeira existem três CRAS, o Quilombola, em São Francisco do Iguape, o do Caperuçu e o Três Riachos, que é o da sede e onde Lindinalva atua. Além do da sede, ele atende ainda Lagoa Encantada, Formiga, Murutuba, Ponto Certo, Maria Preta, Fazenda Bastos, Terra Vermelha, Ladeira do Padre Dácio e Alecrim. “Essas comunidades tem a nossa atenção do CRAS e no caso de auxílio familiar porque o CRAS ele atende famílias de baixa renda. Famílias que precisam seus direitos garantidos”, finalizou.
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