
Foi inaugurado o Centro de Referência de Atendimento à Mulher (CRAM) de Cachoeira, na manhã desta quinta-feira (10). O centro fica localizado na Rua Ana Nery, nº 7, Centro. A secretária estadual de Políticas para as Mulheres da Bahia (SPM-BA), Julieta Palmeira, representando o Governo do Estado, falou sobre a importância do equipamento para a cidade de Cachoeira.
O centro beneficiará todo o Recôncavo baiano e será o primeiro Centro Brasileiro de Referência de Atendimento à Mulher, especializado no atendimento de mulheres negras, tendo em vista que o Brasil é o 5º país com maior índice de feminicídio, e cerca de 70% dessas vítimas são mulheres negras.
A secretária ressaltou que é emblemático o fato de que esse centro de referência esteja funcionando e receba o nome de Elitânia de Souza da Hora. Elitânia era uma mulher negra, estudante e foi morta aos 25 anos por José Alexandre Passo Góes Silva, seu ex-namorado. Essa é uma homenagem a ela, que era ainda ativista dos direitos humanos e promissora liderança jovem da Comunidade Quilombola do Tabuleiro da Vitória.
A casa é ainda onde nasceu Ana Nery, mulher, que segunda a secretária, representa muito para a história da Bahia. “Ter um centro de acolhimento a mulher em situação de violência nessa casa representa exatamente a luta das mulheres pra ter uma vida plena, pela democracia e a resistência, que é uma característica das mulheres".
No Centro, a secretária destaca que a mulher, em situação de violência, vai encontrar acolhimento de uma equipe interdisciplinar com psicólogas, assistentes sociais e advogadas. Tem ainda uma brinquedoteca e todo o espaço disponível para essa mulher fazer oficinas e cursos de qualificação. “A parceria entre o Estado e a Prefeitura de Cachoeira é uma parceria que nós queremos muito que continue dando certo. Já é a segunda entrega que o Governo do Estado faz aqui”, disse.
Além do CRAM, foi entregue ainda um veículo no valor de R$ 79 mil, que servirá ao equipamento. “É muito importante que o Centro de Referência tenha um veículo para fazer o seu trabalho. Ele é exclusivamente destinado para o trabalho de acolhimento as mulheres em situação de violência. Cachoeira está de parabéns”, afirma.
A estatística da violência contra a mulher em Cachoeira é muito grande porque os registros policiais sequer são correspondentes a real violência, diz Julieta. “A violência é muito maior do que mostram os números. Os registros policiais são subnotificados. Embora tenha uma variação de 10% ou 20% a menos esse ano com o aliviar da pandemia, os índices continuam muito elevados aqui em Cachoeira e região. Não olhamos apenas Cachoeira, olhamos toda a região do Recôncavo e também em Salvador. Salvador teve uma variação também para menos, mas os índices continuam elevados. Por isso a gente não pode subestimar a questão da violência contra as mulheres”, explica.

Ela destaca ainda que há necessidade de políticas públicas para esse combate, como esse equipamento inaugurado que servirá para uma proteção mais efetiva às mulheres. Para as mulheres que sofrem com a violência, mas não tem a coragem de ir a uma delegacia para prestar uma queixa, buscar uma proteção, Julieta orienta que em qualquer circunstância o melhor caminho é a denúncia.
A mulher pode se dirigir até uma Delegacia, fazer uma denúncia pela Delegacia Digital ou ir até o CRAM. Pode ainda denunciar pelo WhatsApp do “Respeita as Mina” pelo o número (71) 3117-2815 enviando uma mensagem de texto dizendo que quer denunciar uma violência ou pedindo socorro. “Vamos acionar todo o sistema de segurança para poder ajudar. A melhor opção é a denúncia. Ou então, se você preferir, pode ligar também para 180”.
Recentemente, lembra a secretária, o estado assinou um convênio com o Instituto Avon para acolhimento as mulheres. “Acolher aquela mulher que dá queixa do marido e não pode voltar para casa. Elas ficarão no Hotel Accor, com diárias pagas, até conseguir um local para ficar”. Isso porque existe risco de ela voltar pra casa”.
Há também os centros e as casas de passagem que são geridos pelas prefeituras e que a mulher, ao denunciar, também deve contar com esses locais. “E medidas de autonomia econômica e social para as mulheres. Porque muitas mulheres não rompem o ciclo, esse espiral de violência porque ficam pensando como vão sobreviver e como vão sustentar seus filhos”.
Julieta ressalta que, como médica, aprendeu a não julgar. “A gente tem que ouvir, ver cada problema e ver como solucionar. E a você mulher que está me escutando a melhor saída é a denúncia. Denuncie em qualquer hipótese. Não subestimem. O tapinha dói, mas a progressão de um tapinha é em outras formas de violência, como a patrimonial, psicológica e moral que vão transformando e afetando sua vida, quando não lhe tira ela pelo feminicídio”, completa.
Palavra da prefeita
A prefeita da cidade de Cachoeira, Eliana Gonzaga (Republicanos), ressaltou que é preciso fortalecer esses vínculos, as redes de atenção e de apoio a todas as mulheres cachoeiranas, principalmente as que são vítimas das diversas violências. É para isso que esse equipamento vem ajudar.
“Nós não vamos aceitar nenhum tipo de violência. Se mexer com uma, vai mexer com todas. E essa rede de proteção as mulheres não vai ficar apenas no perímetro de Cachoeira, apenas em nossa jurisdição. Ela vai alcançar outros municípios. Toda e qualquer mulher vítima ou em situação de violência no Recôncavo pode nos procurar. Nós estaremos dando total apoio psicológico e jurídico”, disse.
Ainda em parceria com o Governo do Estado, será inaugurada na cidade uma Defensoria Pública com dois defensores para atenderem a população cachoeirana.

Emancipação política de Cachoeira
A prefeita falou ainda sobre os 185 anos de sua emancipação política. Com essa comemoração várias obras estão sendo inauguradas. Sobre a Estação Ferroviária que ajudará no turismo da cidade, Eliana afirmou que o objetivo é fortalecer o potencial história da cidade que tem grande participação na Independência do Brasil. “O DNIT entregou ao município de Cachoeira a concessão para estar à frente daquele potente instrumento turístico. Vamos aproveitar cada espaço. O Corpo de Bombeiros estará ali presente fazendo a segurança do nosso município”.
Há ainda um espaço será feito rotativamente exposições de artesanato onde as pessoas, integrada a Feira da Agricultura Familiar. “Nós traremos essa nossa riqueza que é o artesanato e os produtos agrícolas, como o nosso licor também de produção artesanal. Teremos também atividades culturais como a capoeira, maculelê, atrações musicais.
Mulheres Notáveis
A prefeita estará ainda em Salvador recebendo o prêmio “Mulheres Notáveis”, concedido pela Câmara de Vereadores da cidade. No dia 13 dará início ao lançamento do selo que comemorará os 200 anos de Cachoeira e entregando inúmeras obras. “Esse é o nosso maior patrimônio: o nosso povo, a nossa gente. A política passa, as pessoas ficam, portanto, precisamos cuidar de gente. E é isso que eu sempre fiz durante toda a minha caminhada e continuarei fazendo até quando nosso bom Deus nos permitir”, disse. São ao todo 18 obras em andamento.
Salário dos funcionários públicos
Eliana diz ainda que todos os meses prima pela antecipação dos salários dos funcionários públicos cachoeiranos, sejam eles trabalhadores, prestadores de serviço e até fornecedores. “Sabemos que o custo de vida é muito elevado e o salário, independente do valor que seja, não supre todas as necessidades e até fornecedores. Pagamos sempre entre os dias 16 e 18 e logo mais todos serão pagos. As pessoas brigam para competir nas licitações de Cachoeira por que sabem que pagamos em dia”.
Emenda parlamentar
O equipamento é ainda fruto de uma emenda parlamentar da deputada estadual Fabíola Mansur (PSB), em parceria com a prefeitura de Cachoeira e o governo da Bahia. São ao todos R$ 200 mil em um carro, uma brinquedoteca, computadores, televisão, geladeira, cadeira, móveis, ar condicionado, fogão, todos os equipamentos.
A deputada destacou que o seu compromisso com a pauta das mulheres não apenas de enfrentamento as diversas violências que elas sofrem, mas também de empoderamento feminino, de geração de emprego e renda, de autonomia das mulheres, que é parte integrante dessa prioridade, dessas bandeiras.
“Trazer para Cachoeira, uma cidade absolutamente feminina e negra, um Centro de Referência em Atendimento à Mulher, em parceria com a prefeita Eliana e com a Secretaria de Políticas para as Mulheres aqui, é muito especial. É um momento simbólico porque, além de ter a sua inauguração na gestão de uma prefeita mulher, por fruto de uma emenda parlamentar, de uma deputada mulher e também de uma secretária, que teve todo o compromisso de dar celeridade de trazer pra cá o 35º CRAM”.
Fabíola lembra que esse é um CRAM muito especial, com um serviço que vai de acolhimento, atendimento psicossocial e jurídico, monitoramento e vem com equipamentos, como brinquedoteca e um carro, fruto da sua emenda. “A prefeita Eliana escolheu muito bem o local de funcionamento desse CRAM. Uma casa tombada historicamente que leva o nome da nossa primeira enfermeira brasileira Ana Nery. Uma mulher heróica que lutou na guerra do Paraguai”.
O CRAM leva o “nome e a força” de Elitânia da Hora para que não se esqueça do enfrentamento às diversas violências, ressalta a deputada. “Desde aquelas que matam e assassinam nossas mulheres, as que vitimam psicológica, econômica, patrimonial, sexual e físicamemte, mas as violências invisíveis que são as diversas formas de machismos. Essas são aquelas que não geram inclusão, que nos tiram oportunidades, que nos tiram salários iguais, que fazem com que a gente não tenha uma cidadania plena. É preciso reafirmar esse enfrentamento ao machismo e o empoderamento feminino”, explica.
Equipamentos como esse que é o CRAM, na opinião de Fabíola, atenderá e capacitará mulheres, com toda a equipe formada por mulheres, desde a motorista até a sua coordenadora. “Essa rede de proteção vai salvar vidas, vai empoderar mulheres e vai dizer que a força feminina está aqui para exigir respeito, uma cultura de paz e de oportunidade pra todos. Estamos falando da luta por equidade de gênero e de raça que precisa começar em casa, continuar nas escolas e estar no mundo no mundo com mulheres e homens defendendo essa pauta”
A Prefeitura de Cachoeira fornecerá a equipe com psicólogo, advogada, assistente social, mas ela vai atender a rede de atenção a mulher do recôncavo. Por isso, conforme a deputada, as cidades de Maragogipe, Muritiba, Saubara, São Félix.
Ela salienta ainda a necessidade de se ter mulheres no poder porque para efetivar as políticas públicas voltadas para mulheres, tem que ter a sensibilidade do olhar feminino, aquele que diz que para incluir mulher você precisa ter creche, porque senão não pode deixar de cuidar do seu filho. Precisa cuidar ainda da educação das mulheres desde o ensino fundamental até as oportunidades na universidade, gerar trabalho e renda prioritariamente e política de cotas para as mulheres.
“Tudo isso é para incluir e diminuir essa diferença que existe. Nós somos 52% da população e, no entanto, não temos salários iguais, não estamos em espaços de poder, não temos muitas oportunidades que os homens têm. Esse é o machismo histórico enraizado a cultura do patriarcado que sempre diz que a gente era objeto e não sujeito. Sempre diz que a gente tinha que fazer trabalho doméstico enquanto os homens livres. Não! Lugar de mulher é onde ela quiser”, finalizou.
Operação da PF Fraude na Caixa: PF deflagra operação contra esquema de R$ 20 milhões na Bahia
Ajuda ao consumidor Preço da Hora Bahia agora ajuda consumidor a ser avisado quando cai o preço do produto desejado
Matrícula Renovação de matrícula da rede estadual inicia na segunda-feira (17)
Transformação Nordeste se consolida como referência nacional em transformação digital
Chuvas na Bahia Alerta é de chuva intensa em Salvador e mais de 140 cidades baianas na quarta-feira; veja previsão do tempo
Irregularidades Prefeituras baianas são alvo de investigação por irregularidades na divulgação de gastos públicos; veja a lista 
Mín. 19° Máx. 30°
Mín. 19° Máx. 29°
Tempo nubladoMín. 18° Máx. 31°
Tempo limpo



