Irmã Augustina - Foto: Boca de Forno News
A Irmã Augustina, responsável pelo Espaço Viva Mulher, falou sobre o projeto que ela criou. Ele nasceu em janeiro de 2012 e faz parte da Pastoral da Mulher Marginalizada. Quando chegou a Feira de Santana, ela é nigeriana, a cidade já tinha uma Pastoral da Mulher em Situação de Prostituição. “Esse nome, mulher marginalizada, poderia estigmatizar as mulheres que fazem parte dele e por isso mudei o nome para Espaço Viva Mulher. Começamos porque Dom Itamar queria trabalhar com as mulheres que ficavam na Praça da Matriz. Começamos a trabalhar no fundo do transbordo central”.
As mulheres que trabalham com a prostituição, ressalta a Irmã, não faz isso porque querem, mas porque passam por desencontros em sua vida, estão desvinculadas de suas famílias, o que as levam para trabalhar nas ruas. “Trabalhamos com mulheres em situação em vulnerabilidade social. Esse espaço é também resultado de um trabalho acadêmico que fiz sobre essas mulheres. Elas sempre dizem que estão nas ruas porque não tem condições de pagar um curso e ter outra profissão. Aqui, ninguém paga nada”.
Os cursos oferecidos no espaço são voltados para a área de beleza. “Para que elas se reconheçam como criatura de Deus e é bela. Temos curso de maquiagem, desenho de sobrancelha, manicure, design de unha, trança, penteado afro e megahair. Além do curso, trabalhamos com o desenvolvimento integrado da mulher, com psicólogos, ajuda jurídica, terapeutas. Tudo depende da necessidade de cada uma. Fazemos tudo que é necessário para que elas encontrem uma maneira de sobreviver de forma digna”.
As mulheres em situação de prostituição sempre procuram a casa. “No início não foi fácil termos convivência com elas. Hoje, elas vêm por livre vontade para tomar café, lavar roupa, tomar banho e para visitar ou buscar material do seu trabalho. Aqui ninguém a julga. Ela é acolhida como uma mulher”.
Algumas delas fazem os cursos para ter um segundo trabalho. “Algumas, por causa da natureza da sua vida, não conseguem dar continuidade do curso pelo semestre inteiro. Mas quando encontram saída, elas saem das ruas. Prostituição anda lado a lado com a droga e o álcool e elas ficam porque alguém por trás mandam elas ficarem. É o mercado. Alguém está comprando e por isso está rendendo”.
Espaço Viva Mulher - Foto: Boca de Forno News
A maioria das mulheres que passam pela casa já trabalham em sua área. “Algumas delas procuram empregos de carteira assinada e no tempo livre fazem o que aprenderam. Tínhamos o curso de culinária e já vi algumas delas fazendo coxinha para viver. É gratificante quando vem aqui dar esse testemunho do trabalho”.
A manutenção da casa depende de doações. “Temos quatro professores que dão aula e são pagos para isso. Os amigos das Imãs do Santo Rosário ajudam. Nossa casa não é pastoral de dízimo e batismo. Precisamos de uma estrutura bem organizada para acolher e acompanhar essas mulheres e para isso precisamos de ao menos cinco pessoas trabalhando aqui”.
Quando a casa fez dez anos, mais de 100 mulheres foram formadas. “Foi uma grande festa. Mudamos também do fundo do transbordo para onde estamos agora porque o lugar ficou pequeno. A catedral nos cedeu essa casa. Fico alegre de estar aqui e ver tudo o que está acontecendo aqui”.
Quem quiser ajudar pode fazer doações financeiras e até mesmo alimentos não perecível, materiais de higiene e amendoim, que torramos e vendemos. “Ajudamos algumas mulheres que chegam aqui sem ter o que comer. A casa funciona na Rua Dr. João Evangelista, nº 7, Centro, no Largo do Marajó, próximo a Praça da Igreja Catedral de Sant’Ana.
Marluce Reis - Foto: Boca de Forno News
Marluce Reis foi para o projeto após uma crise de depressão. Ela era dona de casa e hoje trabalha no local. “Vim aqui para fazer um curso, fiz terapia para a depressão e não sai mais da casa. Foi um acolhimento positivo de todas as formas, financeiramente, emocionalmente e espiritualmente. Aqui é um lugar que acolhe a pessoa de todos os jeitos”.
Gabrielle Brito - Foto: Boca de Forno News
Gabrielle Brito, que também faz parte do projeto, após sair do ensino médio e sem saber o que fazer. “Viram o meu potencial com maquiagem e vim para cá. Estou até hoje como voluntária. Fiz ainda um curso de trança e hoje tenho meu estúdio. Só gratidão ao espaço. Todos os dias eu aprendo com as irmãs, voluntárias e alunas. Aqui, portas não apenas físicas foram abertas para mim, mas as portas do conhecimento”.
Ela sobrevive do que aprendeu no espaço. “Toda a minha renda vem do meu estúdio, na Baraúnas. Faço trança e maquiagem”, finaliza.
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