Felizmente, o episódio do sequestro do presidente do diretório regional do PV na Bahia, Ivanilson Gomes, terminou com um desfecho positivo. O dirigente partidário estava na sede da legenda, na última sexta-feira (14), quando foi levado pelos suspeitos. Cerca de 36 horas depois, pode retornar para a família, evitando a escalada de mais uma crise na segurança pública baiana.
Desde a divulgação das primeiras informações, era evidente a preocupação com os eventuais desdobramentos, especialmente em um contexto que sugeria o envolvimento de um filiado ao PV e facções criminosas. Há tempos a política eleitoral é obrigada a conviver com o crime, mas no âmbito partidário, fora do período de eleições, não tínhamos registro de episódios similares. Independente de uma liderança verde estar ou não relacionada à orquestração do sequestro, o alerta para a presença cada vez mais próxima de facções deveria provocar uma comoção maior do meio político. E, até agora, as reações foram reduzidas.
O governador Jerônimo Rodrigues manteve a agenda de compromissos e só se manifestou sobre o episódio mais de 24h depois. Não se trata apenas da estratégia de não falar sobre sequestros em andamento para não atrapalhar as negociações. A mensagem passada por ele, após se reunir com representantes das forças de segurança, deveria ter sido divulgada poucas horas após o sequestro. Cabe ao governador acalmar ânimos e dizer que todo o esforço para um desfecho positivo estava sendo feito. Jerônimo demorou para dizer o óbvio, como se o episódio não demandasse um gabinete de crise de maneira mais célere.
Ivanilson não necessariamente foi sequestrado por ser presidente do PV na Bahia. Mas o fato dele ser dirigente de uma sigla federada ao PT e da base do governo gera um excesso de proximidade entre o sequestro e a cúpula do governo. A violência bateu à porta da classe política, como alguns leitores chegaram a comentar nas redes sociais, e o governador, ao demorar a tratar do assunto publicamente, deixou margem para os críticos que enfatizam a falta de prioridade ao grande calo da segurança pública.
Pelo menos não houve aproveitamento político da situação pelos oposicionistas. Nenhuma das grandes lideranças colocou a responsabilidade sobre o governo ou sobre as forças de segurança. Parte porque Ivanilson frequentara até bem recente as coxias da oposição e parte por entender a responsabilidade que envolve tirar proveito politicamente de um episódio tão delicado e complexo. O governo, nesse caso, não tem do que reclamar que os adversários agiram como "urubus" sobre um drama pessoal e familiar, que, nesse caso, se tornou político.
Tudo acabou bem. Esse deve ser o foco para Ivanilson e o entorno dele. Já para o Estado, o momento gera a reflexão sobre o enfrentamento à violência e as formas de lidar com crises como essa. O presidente do PV da Bahia renasceu. Quem sabe não é um marco para um outro momento da política de segurança por essas bandas?
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