O programa Boca de Forno da Sociedade News conversou com o médico veterinário Erivaldo Nogueira sobre a doença que acomete os gatos: a esporotricose. A esporotricose é uma micose profunda causada por fungos da família Sporothrix, encontrados na terra e em materiais em decomposição, como madeira, galhos e folhas, e pode afetar tanto animais quanto humanos. A doença se manifesta quando os fungos entram em contato com partes mais profundas da pele através de um corte.
Erivaldo diz que ela é uma doença conhecida por todos os médicos de humanos e animais. “Mas de dois anos para cá ela tem se manifestado de forma epidêmica. Contaminou muitos gatos e pessoas também. Os consultórios passaram a se encher de pacientes humanos na área de doenças infectocontagiosas com 40 e até 50 pessoas por dia. É muito perigoso”.
Com os animais não foi diferente, os consultórios dos veterinários passaram a ter uma frequência grande de bichos com a doença. “Normalmente se tinha dez cães para quatro gatos e passou a ter dez gatos para quatro cães. Essa doença é causada por um fungo, é uma micose subcutânea, mas que se propaga muito rapidamente pelo sistema linfático e se não combater leva a morte, causando uma pneumonia fúngica”, explica.
Os gatos adquirem a doença por serem um animal que, em sua convivência, principalmente quando o macho está em busca de fêmeas, o namoro é agressivo. “É um arranhando o outro e com isso as unhas estão impregnadas com esse fungo ao eles enterrarem suas fezes. Ao se arranharem, eles passam a contaminação entre um e outro. E daí é que as pessoas se contaminam. As que manipularão os jardins, por exemplo. É uma doença muito comum em jardineiros. E também com os gatos brincando com as pessoas. Estando contaminado, ou numa agressão ou numa brincadeira que ele arranhe, você pode desenvolver essa doença”.
O sacrifício de animais é um erro brutal, diz o médico veterinário. “Desde que se saiba cuidar do animal, essa é uma doença curável. Mas precisa de tempo para isso, normalmente três ou quatro, chegando até seis meses de tratamento”. Nos humanos, ressalta Erivaldo, tem ainda que fazer a dosagem das enzimas hepáticas para a medicação. “Fazer a dosagem do fígado e dos rins porque tomará remédio por muito tempo. E os gatos é preciso que os donos procurem um médico veterinário para que faça os exames adequados para ver se pode e como deve tomar o remédio”.
Existem medicamentos que podem ser comprados e existem outros que só podem ser feitos com monitoramento. “São medicamentos que são tóxicos e ninguém pode estar tomando remédio à toa, nem o humano e nem o animal. E ter o cuidado para não se contaminar”.
Os sintomas em animais mais comum são as feridas nas narinas, nas orelhas, ao redor dos olhos, nas patas. “Pode aparecer em qualquer parte do corpo já que é uma micose subcutânea, debaixo da pele. Ela se propaga por ali. Mas as propagações mais comuns nos felinos são nessas regiões. É muito comum pensar que seja câncer e já vai sacrificar o animal e na realidade é essa doença que é tratável. Antes de pensar em fazer eutanásia procurar um colega que seja da área de clínica médica de cães e gatos para ser diagnosticado, ministrado o tratamento e pelo tempo adequado”.
Não se pode começar o tratamento e parar no meio caminho. “Se isso não acontecer, a infecção que está na pele vai migrar para os pulmões, causando uma pneumonia fúngica tanto em gente como em animais, levando a óbito. É preciso continuar o tratamento pelo tempo adequado”.
Não é uma questão para as pessoas ficarem apavorados, sacrificando seus animais, diz o médico veterinário. “É para se ter paciência e calma porque tem tratamento e ele é bem eficaz. A cada 100 que você trata de forma correta se obtém 100% de êxito. Mas as pessoas que abandonam o tratamento, complica. Você pode levar a um problema no futuro com o fungo adquirindo resistência a medicação e são poucos no mercado para se atender a esse tipo de doença. Acaba gerando ainda um problema para toda a humanidade se criando bactérias, fungos e vírus altamente resistentes”, finalizou.
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