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Bahia Feminicídio

Mulher é encontrada morta cinco dias após casamento com policial militar

A vítima foi assassinada com dois tiros, um na cabeça e outro na região do abdômen, cinco dias após o seu casamento com um policial militar lotado na 16ª CIPM.

17/12/2024 08h46
Por: Karoliny Dias Fonte: Tribuna da Bahia
Foto: Divulgação/Internet
Foto: Divulgação/Internet

Três casos de violência contra a mulher, registrados na Bahia, em cerca de 24 horas, refletem o quadro estarrecedor de crescimento dos índices de feminicídio em todo o país. No último domingo (15), a jovem Gleice da Silva Bonfim, de 26 anos, foi encontrada morta em um condomínio localizado na Rua Guilherme Marback, no Bonfim, em Salvador.

A vítima foi assassinada com dois tiros, um na cabeça e outro na região do abdômen, cinco dias após o seu casamento com um policial militar lotado na 16ª CIPM. Em nota, a Polícia Militar da Bahia (PM-BA) informou que duas armas de fogo foram recolhidas no local do crime: uma pistola de uso particular do policial e outra pertencente à corporação.

“A Polícia Civil está conduzindo as investigações para apurar as circunstâncias do ocorrido. A Polícia Militar da Bahia lamenta profundamente a morte registrada e presta solidariedade aos familiares e amigos da vítima neste momento de dor. A corporação reafirma seu compromisso com a transparência e colabora integralmente com os órgãos responsáveis para o completo esclarecimento do fato”, afirma a PM-BA.

De acordo com familiares de Gleice, cujo corpo foi sepultado na tarde desta segunda-feira (16), o casal mantinha um relacionamento a cerca de dois anos. O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP - Salvador), que investiga as circunstâncias da morte da jovem, informa que a hipótese de feminicídio não está descartada.

“Foram expedidas as guias para perícia e remoção do corpo, enquanto oitivas e diligências são realizadas. Enquanto isso, a polícia aguarda os laudos periciais para conclusão do inquérito”, completa a Polícia Civil, também em nota. E este não é o único caso suspeito de crime por ódio ao gênero, registrado nas últimas horas na Bahia.

A Delegacia Territorial de Ribeira do Pombal investiga as circunstâncias, autoria e motivação das mortes de Maiza Almeida dos Santos e Estela Reis Santos, na Rua do Galão, município de Fátima, na madrugada deste domingo (15). Segundo a Polícia Civil da Bahia, os corpos foram encontrados com ferimentos provocados por arma de fogo e os depoimentos de testemunhas e familiares vão auxiliar na apuração do duplo homicídio.

Nas redes sociais, a prefeitura da cidade baiana manifestou profundo pesar pela morte das duas mulheres, especificando que elas teriam sido vítimas de feminicídio. “Um crime de violência extrema que nos enche de dor e indignação. Neste momento de luto, nos solidarizamos com as famílias e amigos, e reforçamos nosso compromisso com a luta pela proteção das mulheres e pelo fim da violência de gênero. Que a memória dessas vítimas seja sempre lembrada com respeito e que possamos trabalhar juntos por um futuro mais seguro e justo para todas”, ressalta a gestão municipal de Fátima.

Dados alarmantes

Conforme dados do 18º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, publicado este ano, com base em informações fornecidas pelas secretarias de segurança pública estaduais, 1.467 casos de feminicídio foram registrados em 2023 no país, o que representa um aumento de 0,8% com relação ao ano anterior e foi o maior número já registrado desde a publicação da lei nº 13.104/2015, que tipifica o crime.

O documento classifica o feminicídio como um crime de ódio ao gênero, configurado quando uma mulher é morta em contexto de violência doméstica e/ou e por menosprezo ou discriminação à condição de mulher. Em outubro deste ano, a Lei 14.994, de 2024, entrou em vigor e, desde então, a pena para os condenados pelo crime de feminicídio passou de 20 a 40 anos de prisão.

Na Bahia, o cenário também é alarmante, quando o assunto é feminicídio. De acordo com levantamento da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), em parceria com a Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), de 2017 a 2023, o estado registrou 672 crimes deste tipo, o que corresponde a uma mulher foi vítima letal de violência de gênero a cada três dias; 108 dos feminicídios, contabilizados somente no ano passado.

Perigo dentro de casa

Segundo a SEI, aproximadamente 80% dos casos ocorreram dentro do domicílio da vítima e 92,6% dos autores dos crimes eram parceiros íntimos (companheiros ou ex-companheiros e namorados). Referente ao perfil das mulheres, a maioria tinha idade adulta (de 30 a 49 anos), eram negras (pretas e pardas) e não-solteiras.

O infográfico produzido pelas pastas estaduais também aponta que, de 2017 a 2023, quase metade dos casos de feminicídios foram por arma brancas (46,6%). E, nesta segunda-feira (16), um caso ocorrido em um shopping de Salvador, localizado no bairro do Itaigara, quase entra para a estatística de mortes deste tipo.

A Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam/Casa da Mulher Brasileira) investiga uma tentativa de feminicídio ocorrida na Rua Rubens Guelli. Conforme o registro da ocorrência policial, uma mulher de 39 anos foi atingida com golpes de arma branca pelo ex-companheiro, de quem estava separada há dois anos.

Em nota, a Polícia Civil da Bahia informou que a vítima foi socorrida e encaminhada para uma unidade hospitalar. O agressor foi agredido por populares logo após o ataque e levado ao hospital, onde permanece sob custódia policial.

Em todo o país, o Ligue 180 — Central de Atendimento à Mulher, é o principal canal para quem busca ajuda, informações e registro de denúncias de violência. Até julho deste ano, a central já havia recebido 84,3 mil denúncias, sendo 5.777 delas provenientes da Bahia, o que significa um aumento de 27,33% em relação ao mesmo período do ano passado.

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