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Bahia Clima quente

Bahia está entre estados que sofrerá mais com ondas de calor e seca até 2050

Alguns municípios da Bahia se destacam com risco alto, da mesma forma que em Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, norte de Minas Gerais, Tocantins e Pará.

22/11/2024 08h42
Por: Karoliny Dias Fonte: Tribuna da Bahia
Foto: Romildo de Jesus
Foto: Romildo de Jesus

Se a população brasileira e os poderes públicos não cuidarem do clima, o país poderá sofrer efeitos bastante nocivos. Fenômenos como seca, tempestades e ondas de calor se tornarão mais frequentes com as mudanças climáticas e irão agravar bastante a situação até 2050 em diversos estados brasileiros, principalmente naqueles que sofrem com a precariedade de serviços de tratamento de água e esgoto. A Bahia está entre eles.

A constatação é resultado do estudo inédito “As Mudanças Climáticas no Setor de Saneamento: Como tempestades, secas e ondas de calor impactam o consumo de água?”. Desenvolvido pelo Instituto Trata Brasil, em parceria com a Way Carbon, o estudo revela uma situação que exige atenção e adaptação especialmente em regiões que já enfrentam vulnerabilidades sociais, ambientais e de infraestrutura de saneamento.

O estudo analisou três riscos que estão ligados à oferta de água e tratamento de esgoto para a população, de acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCCC): tempestades, ondas de calor e secas. No estado baiano, o estudo destaca aumento das ondas de calor nas regiões do sertão e o agreste. De acordo com o Trata Brasil, além da Bahia, maiores valores projetados são identificados, no Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Bahia. Regiões de Tocantins, Goiás e Minas Gerais também apresentam valores elevados. O efeito é reduzido na região da Zona da Mata, próxima ao litoral, devido à influência da umidade oceânica.

As regiões que estão mais expostas as ondas de calor vão variar conforme a densidade demográfica, pois locais com alta densidade populacional têm maior quantidade de pessoas dependentes de serviços de saneamento e, portanto, mais expostos à interrupções ou falhas do sistema devido à eventos climáticos. Ondas de calor podem tambpem impactar o volume dos corpos d’água, aumentar a contaminação e a demanda por energia, o que pode prejudicar a população. Também aumentam a demanda por água, pressionando os sistemas que, muitas vezes operam no limite de sua capacidade.

Segundo Luana Pretto, presidente-executiva do Instituto Trata Brasil, governantes e operadores devem estar alertas. “Em 2024 vivemos os impactos das mudanças climáticas na pele. O objetivo deste estudo foi entender quais as principais ameaças e riscos climáticos para o acesso a água tratada e coleta e tratamento dos esgotos e, também, em quais estados a população está mais exposta a estes riscos. É imprescindível que haja investimento em adaptação a cenários climáticos extremos promovendo a resiliência das comunidades mais afetadas.”

Tempestades – As tempestades também serão mais fortes em diversos estados, entre eles a Bahia. O estudo levou em consideração para tal conclusão o sistema de abastecimento de água e os locais que apresentaram maiores índices de risco com tempestades. Aqueles que possuem abastecimento por manancial exclusivamente superficial, expostos ao efeito de acúmulo de sedimentos, após um evento de precipitação constante, o manancial superficial estará com maior concentração de sedimentos, representando uma perda na qualidade de água bruta. Os maiores riscos foram vistos no Espírito Santo, Rio de Janeiro e Goiás. Além desses estados, a região sul e sudeste de Minas Gerais, sudoeste da Bahia e a região litorânea de Santa Catarina também apresentam valores de risco elevados.

Secas apresentam risco crescente para infraestrutura de saneamento

A pesquisa do Instituto Trata Brasil revela que as secas são riscos crescentes em determinadas regiões. Alguns municípios da Bahia se destacam com risco alto, da mesma forma que em Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, norte de Minas Gerais, Tocantins e Pará.

Segundo Luana Preto, presidente-executiva do Instituto Trata Brasil, se prolongadas as secas podem afetar os volumes de captação e comprometer a qualidade da água que chega às estações, elevando os custos operacionais. As regiões com menor quantidade de Estação de Tratamento de Água (ETAs) ou com sistemas de tratamento já sobrecarregados podem enfrentar riscos ainda maiores, pela falta de alternativas de redistribuição de carga ou fornecimento de água.

As secas também apresentam um risco crescente para as infraestruturas de saneamento, além de afetarem a qualidade de vida da população. Nestes eventos, o fluxo dos rios e corpos d’água pode diminuir, prejudicando a capacidade de diluição e aumentando a concentração de poluentes nas águas superficiais.

O risco de contaminação e degradação ambiental é ainda maior em áreas onde o balanço hídrico qualitativo já é desfavorável e onde a infraestrutura de tratamento é limitada, com quantidade insuficiente de ETEs.

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